quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Semana de 16 a 23 de dezembro de 2016

Participando de uma Dinâmica de Grupo, a cada membro foi dada uma folha para que se falasse dela. Todos falaram. Eu também falei. Saiu essa sextilha:

                          Folha
Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho

Quero dar sombra e servir de alimento também para os animais
Como Folha, sozinha não funciono
?Como posso de mim dar mais?
Separada da árvore, sou filha sem dono
Sou irracional, mas faço trabalho de gênio
?Qual homem consegue produzir oxigênio?


sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Semana de 9 a 16 de dezembro de 2016 

Súplica nordestina
(sobre o Rio São Francisco)

Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho

                 I
Nordeste seco, estorricado
Paisagem tétrica, mundo desolado
O outrora caudaloso e piscoso São Francisco
Pode num futuro mapa ser apenas um risco
                 II
Sertanejos como também os agrestinos
Têm dúvidas sobre seus destinos
A água que representa a vida
Seca nos açudes deixando todos à deriva
                 III
O rio sofre com poluição
Incrível, mesmo tendo a população muita informação
Homem branco faz do rio seu esgoto
Diferente do índio que o tratava com gosto
                 IV
O Nordeste está em processo de desertificação
Principalmente ação antrópica – é a razão
É preocupação desde a época da Coroa
Nada melhora, tudo só destoa
                  V
Em meados do século passado uma voz ecológica clamava
De um profissional de mente iluminada
Quem estuda Ecologia dele se lembra com carinho
Do professor João Vasconcelos Sobrinho
                  V I
Engenheiro Agrônomo ambientalista
Neste país, dos melhores faz parte de uma lista
Autor de mais de 20 trabalhos sobre Ecologia
Numa época que essa ciência dela pouco se ouvia
                   VII
Desmitificando a sofrida realidade nordestina
A ciência com todo seu aparato nos ensina
Dizer que o principal problema é falta de água – é enrolação
Entre tantos outros, há o latifúndio com atraso e dominação
                   VIII
Corroboro o que digo apoiado na Climatologia
Fortes são os argumentos de grande valia
Medidas em milímetros, chovem 300 em Israel
150 no Texas o que não é nenhum novel
                     IX
No Nordeste chovem razoáveis seiscentos
O Nordeste é viável – é assunto que não invento
Por que então o Nordeste é mais pobre que Texas e Israel?
Em termos comparativos, essa região é quase um céu
                     X
Ainda existe uma “indústria da seca”
Desde os tempos de antanho – que ninguém esqueça
Precisa ser criada uma política desenvolvimentista
Reeducando e politizando o nordestino para que ele resista
                      XI
Muitas empresas por falta d’água estão fechando
E o poder público nem pra isso está ligando
Passa o tempo e não saímos desse abecedário
Há probabilidade de o Velho Chico ser rio temporário
                       XII
Muito desmatamento faz o leito muito assoreado
Pasmem. Ninguém é responsabilizado
Rio – “estrada que anda” deslizando com facilidade
Virou passado, resta pouco de navegabilidade
                        XIII
Ausência de vegetação ciliar em longos trechos
Destruíram do rio seu protetor adereço
Ver tamanha destruição talvez ele não mais resista
O Velho Chico grita, chora. Ninguém ouve – dói na vista
                        XIV
Para Euclides da Cunha o sertanejo é antes de tudo um forte
Precisamos de infraestrutura, Educação - um Norte
Transposição - é preciso cautela – o rio pode se esgotar
Ele seca porque rio não é mar.             

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

 Semana de 2 a 9 de dezembro de 2016

O seu tempo
Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho

Eu quero ser tempo que abraça sua vida:
Tempo de lhe acordar
Tempo de comer e beber
Tempo de correr e de parar
Tempo de lhe refazer
Tempo de trabalhar
Tempo das aulas durante a semana
Tempo de ir à rua e voltar
Tempo de acompanhar seu sono em sua convidativa cama
Tempo das refeições com sua família
Tempo de assistir a seu banho
Tempo de estar nessa vigília
Tempo de desfrutar desse prazer tamanho
Tempo para o estudo
Tempo de lhe fazer amada
Tempo para tudo
Tempo para nada
Tempo de ver uma flor desabrochar
Tempo na volta e na ida
Tempo de esperar o Cometa Halley passar
Tempo para toda a vida
E agora, por que não?
Vou estar atento
Tomei uma decisão
Vou roubar o seu tempo do Tempo.
                     
              

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Semana de 25 de novembro a 2 de dezembro de 2016 

Secura

Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho

Secura é falta
Secura é negação
Secura nos assalta
Secura é faltar ao outro atenção
Secura é falta d’água
Secura é o transbordamento da mágoa
Secura é se negar para reconciliação
Secura nas palavras
Mais que armas
É pior que seca no sertão.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Semana de 18  a 25 de novembro de 2016

18 de novembro – Dia Mundial em Memória das

Vítimas do Trânsito
Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho

                            I
Na Suécia o que se pretende
É zero por ano em acidente
No gigante Brasil Varonil
Só em mortes, mais de 45 mil
                     II
Notícias até de acidentes fatais
Parece que nem ligamos mais
Acidentes com avião que é mais raro
Das mídias recebem maior vulto e amparo
                    III
Vale salientar: no trânsito os números são subnotificados
Porque números reais não são contabilizados
Engordam as estatísticas somente as mortes nas estradas
Fora disso, em outro ambiente, a situação é descontrolada
                   IV
Carro em muita gente dá a sensação de empoderamento
Mas é tudo verdadeira vaidade para abraçar o vento
A realidade de trânsito mais parece loteria
O sair de carro pode representar nosso último dia
                    V
Infelizmente carro é indicador social
Há quem faça sacrifício para tê-lo como conquista ideal
Há os que para economizar, não põem filhos na escola
Para comprar carro e ver se o marketing pessoal decola
                   VI
No seio social acidente é uma negativa corrente
Analisados pelo lado econômico e humano é perigo para toda gente
Pois até em acidentes toda a sociedade também se liga
Porque viúva de acidentado recorre à Previdência para seguir a vida
                   VII
Todos dizem ser contra as guerras
As do trânsito são contínuas – nunca se encerram
? Para que tanta pressa para atuar na lida
Se banalizamos o mais importante que é a vida?



sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Semana de 11 a 18 de novembro de 2016


              Ela e o rio

Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho

                          I
Aquele bosque que fomos escondia um rio
Daquele momento e do que agora me lembro, me extasio
Deitamo-nos em total abandono à sua margem
Era o paraíso aquela singular paisagem
                          II
Ambiente convidativo – até o Sol se aproximou
O ar, rio, tudo se aqueceu – tudo se iluminou
Ela levantou-se, tirou a roupa, invadiu o rio sem medidas
O rio também a invadiu, tocando-lhe até as partes mais escondidas
                          III
Ela tomava banho no rio
O rio tomava banho nela
E eu em meio a esse desvario
Vendo tudo isso da trizidela
                          IV
O rio a tocava feliz como um menino a um presente
Também a envolvia em gestos como um amante experiente
Seu corpo no rio era carícia para ele
Nunca alguém vira um enlace como aquele
                          V
Ela e o rio se entregando em cada braçada, em cada mergulho
Eu via tudo. Difícil acreditar. Tantos movimentos ferindo meu orgulho
O rio de água, era também um caudaloso rio de prazer
Todo o rio em luxúria em seu corpo a fazia estremecer
                          VI
Seus desejos transbordantes aumentavam em descompasso
Os do rio, no frenesi do vai e vem, iguais aos dela também
Depois vencida, abandonou-se caindo em seus braços
E o rio parou também cansado – não foi mais além.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Pingos de Filosofia agradece ao grande Crítico Literário professor Acácio pelo fato de estar estudando nas suas aulas na universidade, as poesias de Paulo Ferreira da Rocha Filho.          


Semana de 4 a 11 de novembro de 2016


A vida e o tempo
Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho

                            I
Do espaço, o homem já tinha consciência
Do tempo, esse desconhecido, medí-lo era quase exigência
Era preciso conhecer do mundo o ciclo vital
De cada vegetal, animal e até eventos no espaço sideral
                            II
Há pessoas que jogam o tempo fora
Fazem-no em todo lugar e qualquer hora
Tempo, minha gente, é ouro
Tempo é precioso tesouro
                           III
Tem pessoas que do nada criam oportunidades
Mesmo independente de lugar, época e idade
O tempo passa igual para quem trabalha ou estuda
Da mesma maneira daquele que a voz da vida não escuta
                           IV
Se o hoje foi por nós ontem construído
É necessário que o levemos a sério e disso imbuído
Se quisermos, temos tempo para tudo a cada momento
Não desperdiçá-lo é sabedoria com investimento                          
                            V
Saber administrá-lo é também administrar a própria vida
Pode-se acumular riqueza ou até perdê-la se mal decidida
Dele somos prisioneiros aqui e em qualquer lugar
É difícil ignorá-lo porque somos lembrados a cada instar
                            VI
O tempo é nosso companheiro invisível e inseparável
Está em todos os espaços, poderoso e imutável
Tempo perdido, acabou, não se recupera
Ficou para trás e nada mais dele se espera
                            VII
Ele faz uma flor crescer, desabrochar e murchar
Como também a vida surgir e se ultimar
Infeliz quem do vazio olha para trás
E vê impotente que o tempo não volta jamais.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Semana de 28 de outubro a 4 de novembro de 2016

A cerebral profª de Antropologia Nara Oliveira autora do livro Foz do Iguaçu Intercultural, em aula, nos passou este texto e achamos pertinente publicá-lo em Pingos de Filosofia

10 Estratégias em manipulação da mídia para manter o povo alienado
Noam Chomsky

1 – A Estratégia da Distração

O elemento primordial do controle social á estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais na área da Ciência, da Economia, da Psicologia, da Neurobiologia e da Cibernética. Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, sem nenhum tempo para pensar.


2 – Criar problemas, depois oferecer soluções

Este método Também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.


3 – A estratégia da Gradação

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.


4 – A estratégia do Deferido

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária;” obtendo a aceitação pública, no momento para uma aplicação futura. È mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegar o momento.


5 – Dirigir-se ao público como crianças de baixa idade

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então em razão da sugestão, ela tenderá com certa probabilidade a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade.


6 – Utilizar o aspecto emocional muito mais que a reflexão

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim, ao sentido crítico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos.


7 – Manter o público na ignorância e na mediocridade

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores.


8 – Estimular o público a ser complacente na mediocridade

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.


9 – Reforçar a revolta pela autoculpabilidade

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos efeitos é a inibição de sua ação.


10 – Conhecer melhor os indivíduos do que eles mesmos se conhecem

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da Ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à Biologia, à Neurobiologia e a Psicologia Aplicada, o sistema tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo se conhece. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Semana de 21 a 28 de outubro de 2016 

Desigualdade Social
Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho

                           I
É um contrassenso ou piada de mal gosto
Combater a desigualdade social não é o proposto
Ainda mais tendo o capitalismo como estrutura
Denota que a maioria ainda vive na escravatura
                           II
Da tecnologia que dispomos até salão de automóveis bonitos
É tudo uma miragem que encortina outro mundo tão aflito
A concentração de renda no mundo chega ao absurdo
Fazem-nos estupefatos, perdidos, excluídos e mudos
                          III
Mais da metade da população da Terra passa muita fome
Não falamos de animais, mas mulher, criança e homem
?Onde foi parar a ciência social Economia com o compromisso
De estudar a produção, consumo e distribuição de bens e serviços?
                          IV
No contexto geral é dado oficial: de hora em hora
A pobreza no mundo não arrefece, somente piora
É o que consta no Relatório da Conferência das Nações Unidas
O todo não pode estar bem se parte dele está perdida
                           V
O número de pessoas que vive com menos de um dólar por dia
Mais que duplicou nos últimos 30 anos, retratando grande agonia
Atingindo uma legião de 307 milhões de famintos
Difícil ficarmos indiferentes a números tão distintos
                           VI
A África insere 34 dos 49 países mais pobres do mundo
É de deixar cada um de nós preocupado, meditabundo
Na Ásia é menos pior, quase dois dólares por dia é máximo limite
2/3 da população insistem em viver, tentando vencer o invencível – acredite
                         VII
No Congo país africano é uma verdadeira desgraça
Atinge mais de 90% da população. A Pobreza fica, não passa
?Como o mundo pode dar certo se a Economia é protagonizada pelo capital?
Salvem-se quem puder, sucesso não é para todos é loteria social
                           VIII
Sortudos vivem bem. São poucos, é muito fácil até
Nem precisam usar a cabeça – apenas somente pé
Sabendo dominar uma bola, ora bolas, tudo melhora
Depois o que vier pela frente, tudo se desenrola
                             IX
A sorte também procura cantor no atacado e no varejo
Está na vista, está na cara, pois assim os vejo
E também para os que trabalham em televisão – desejável recinto
Um rosto e corpo bonitos, até talento conduzem ao Olimpo
                              X
É preciso socializar recursos gerando mais emprego
Senão viveremos sempre com insegurança e medo
Com a consciência que esses recursos são finitos
Para sermos um povo feliz num planeta também ambientalmente bonito.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Semana de 14 a 21 de outubro de 2016

O mundo de Renata é o de Renata sem mundo
             (Defendendo a Reforma Agrária) 
       (Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho)
                      I
Renata é uma moça muito esperta
Quando discute, o faz na medida certa
Comentando sobre Reforma Agrária, importante tema
Para uns axioma; para outros, teorema
                      II
?Para que se apossar de muitos bens
Se faz falta a quem não os têm?
O Planeta não pertence a poucos, mas a todos
Latifúndio é injustiça, é roubo
                     III
Nossa existência no Planeta é passageira
É vida efêmera – ligeira
E para que nenhuma contradição não retome
Disse Gandhi: “a terra produz o suficiente para cada homem"
                      IV
Renata, como Gandhi pensa no social
Quer que oportunidade para todos seja igual
Posse de terras e outros bens – é transitória
Concentração de riqueza torna a população inglória
                      V
Nadando contra o bem e, em prol do mal
O Brasil ainda se espelha numa estrutura medieval
Quando escravidão e terra simbolizavam poder
Travaram nosso desenvolvimento, ficamos só no querer
                      VI
Muitos países cresceram com inclusão no campo
Motor do pujante Paraguai, portanto
Quando anos atrás, aqui na América, o primeiro em ferrovia
Crescia social e economicamente o mais que podia
                     VII
É mister fazer distribuição de terra e orientar agricultor
Desde o de menor escolaridade até o Doutor
Tem-se desenvolvimento com geração de emprego e renda
Não há quem não aceite, não há quem não entenda
                     VIII
Homem na roça não vai inchar cidades
Evita Êxodo Rural - problema de grande calamidade
Reforma Agrária também é dívida social
Precisa sair do papel e se estabelecer no real
                     IX
Nesse solo árido pela violência e pela ganância
Geração e mais geração podiam ter a terra em alternância
Renata, vacinada desses valores e ressabiada pela vida a fora, endossa
Ela sabe que a terra nem é minha nem é sua – é nossa 
                     X  
País que quer ser forte, rico e moderno
Dá a todos sem distinção, tratamento fraterno
A vida não está fácil, sabemos – é dura
Queremos o acesso à terra – vivos e não na forma de sepultura. 

(Estamos falando da estudante de Jornalismo Renata Thomazi).                           

    

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Semana de 7 a 14 de outubro de 2016

Cozinheiros mirins, televisão e acidentes
Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho

                           I
Brincadeira de criança sempre foi no quintal
Acharam pouco, alteraram o seu modal
Ocupa-se agora também o espaço da cozinha
Em tempos da vovó, essa liberdade ninguém tinha
                          II
A televisão já mostra novos cozinheiros mirins
Como o lúdico desperta curiosidade, todos ficam a fim
Sob a óptica da razão, cozinha não combina com criança
Não respeitando essa questão, iremos ter muita lambança
                         III
A cozinha do Lar Doce Lar agora é um inferno
O filhinho amado poderá ficar no hospital como interno
Cozinha tem fogo, instrumentos perfurocortantes, eletricidade
Combinados ou não pode ser uma atrocidade
                          IV
O Brasil detém uma das mais altas taxas de acidentes do mundo
E com esse novo público “trabalhador”, agora vai fundo
Vamos ter Acidentes de Trabalho Mirim
Até parece que a televisão é quem quer assim
                          V
Água, óleo, alimentos no fogo fervendo
É coisa que não engulo, nem entendo
Queimaduras, e até incêndios na própria roupa
Acontecendo, vai deixar a família feito louca
                          VI
E pode também acontecer mortes
Para os que ficarem fora da roleta da sorte
Quem isso divulga, não pensa em prevenção
O que importa é a audiência em nome do cifrão
                         VII
Acidentes provocam sobrecarga na Economia
Com aporte de mais despesa na ordem do dia
Porque acidentes sempre têm custo
Quem disso tem consciência, tem grande susto
                          VIII
E como a televisão não carrega cultura, e sim, a transforma
Faz o contrário para a população: desinforma
Veicula a realidade deformada, bonitinha, bem engraçadinha
Mesmo sem se importar com a vida de uma criancinha
                            IX
Onde fica o raciocínio filosófico com estranhamento
Que devemos olhar o novo e o velho usando açulamento
Essa novidade leviana prejuízos nos traz
?Por que nosso país só anda para trás?
                             X
Para alguns adultos, tudo não passa de mera brincadeira
Quem ousar dizer que está errado “está falando baboseira”
Mas envolver pessoas em riscos de vida é coisa séria
Jogar tudo no caldeirão da mediocridade é mais uma miséria.


sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Semana de 30 de setembro a sete de outubro de 2016

Cinco sentidos e a Deusa havaiana

Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho
                           I
Amor acontece com ou sem muito sentido
Decifro o mundo usando meus cinco sentidos
Amando também usamos olfato, tato, visão,
Paladar e audição. Todos em guarda, em prontidão
                          II
Olfato para o perfume de seu corpo sentir
Tato para tocá-la e até fazê-la dormir
Paladar para saciar meus desejos
Nutrindo-me com seus calorosos beijos
                         III
Audição permite-me ouvir seus risos, gracejos, gemidos
Visão abre as portas do mundo e contemplar essa mulher que tanto preciso
Ai que bom, quem agora me dera
Não estar vivendo essa melancólica quimera
                         IV
A mulher que quero está encarcerada sem punição
Mas somente nas grades do meu coração
Essa mulher maravilhosa, incrível
Tão táctil, tão real e tão impossível
                          V
Tão perto e tão distante
Difícil esquecê-la um só instante
Está tudo fora da razão e tudo me inibe
Adeus, Deusa havaiana que o mundo me proíbe.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Semana de 23 a 30 de setembro de 2016

Errata: Na presente poesia publicamos na estrofe IX 20 euros. Já consertamos: 20 mil euros.


Tributo à Tiziana Cantone
            -Acossada-
Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho
                  I
De que é capaz o humano
É muito difícil acreditar
Atos heróicos e desumanos
Ainda vão se registrar
                II
Tiziana, moça de 31 anos
Vítima de um tribunal de exceção
Comportamento insano
De algozes que matam sem razão
                 III
Permitiu ser filmada numa relação sexual
Sem pensar em riscos, agiu por ser natural
Como um ato primitivo e coisa sem importância
Resultado: divulgado para toda distância
                 IV
Passou a sofrer bullying de toda maneira
De piadas até inscrição em camisa de estampa inteira
É indiscutível – nossa matriz moral tem berço na Idade Média
Trazer agora esses tempos é anacronismo, uma “mérdia”
                  V
Fez de tudo, se defendeu como pôde
E olhe que o ocorrido foi em tempos de hoje
A perseguição começou em 2015 – ano passado
Porque ela fizera “um exemplo mal dado”
                 VI
Essa condenação ocorreu-lhe na condição de mulher
Porque ao homem é permitido fazer tudo o que quer
Precisa ser feita com urgência uma emasculação mental
Nesses inquisidores de hoje com mente medieval
                  VII
Tiziana foi caçada como bicho – fugiu de todo mundo
Tentou mudar o nome, assumiu um caráter infecundo
E ainda por tanto medo, saiu do emprego
Sem chance de vida normal, cedeu, pediu arrego
                  VIII
Desprotegida, saiu de casa, foi morar com parente
Como esquecer os problemas se eles estavam em sua frente?
Seu colega com quem fez sexo, nada sofreu
Sobre ela, o peso do mundo. Até sua alma ardeu
                    IX
Tentou tirar o vídeo das redes sociais
Chamar a isso de social, fazendo-se coisas tão brutais?
O vídeo teve grande audiência – viralizou
Tirá-lo do ar, difícil, a quantia de 20 mil euros lhe faltou
                     X
A barbárie do passado, nós a condenamos
Mas a todo tempo estamos ressuscitando
Batizar sem sentido às coisas pode ser perigosa
Controle social – dominação rigorosa

                XI
Tiziana foi colocada abaixo da condição animal
Ninguém maltrata um bicho e divulga de forma proposital
O inquisidor vai querer dá uma de ético, correto
Ninguém quer aparecer publicamente como politicamente incorreto.
                  XII
Como entender uma sociedade que abomina o próprio corpo?
Aceitar essa construção sem sentido é pensamento torto
Tiraram a moral da cabeça e colocaram no meio das pernas
Para classificar as pessoas. Aí a coisa pega
                   XIII
Tiziana em total desesperança, como criança foi chorar suas dores
Persona non grata para muitos – condenada pelos seus inquisidores
E por não agüentar essa overdose, de uma corda apossou-se
Atou-a ao pescoço – e vencida, suicidou-se
                    XIV
Igualdade dos direitos da mulher ainda está tardia
Que o diga e se entenda a Marcha das Vadias
Não se trata de mostrar o corpo, o foco não é a nudez
É acima de tudo um Movimento Político para dar a mulher a sua vez
                        XV
Tiziana é mais uma vítima fatal de um sistema machista opressor
Foi vilipendiada por cada desmoralizador
Suicídio, para Durkheim tem causas sociais
E o mundo seria bem melhor se Tizianas não matássemos jamais.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Semana de 16 a 23 de setembro de 2016

Colmeia de abelhas X  Colmeia humana

Paulo Ferreira da Rocha Filho

                              I
Uma colmeia  é composta de 60 mil a 80 mil abelhas
Número alto para pouco espaço, muitas se emparelham
As abelhas podem ser faxineiras, nutrizes, construtoras, guardiãs e campeiras
Apenas uma rainha – sociedade muito organizada apesar de toda essa zoeira
                            II
A colmeia humana perfaz cerca de 7,5 bilhões de pessoas
Uma maioria vivendo na penúria e uma minoria numa boa
Composta de alguns capitalistas e milhões de operários
Poucos transportados por jatinhos, outros carregando a cruz ao calvário
                          III
Na colmeia das abelhas não existe desemprego - toda ela trabalha
Este todo é a soma do que cada uma amealha
Na coleta de pólen – do mel, é matéria prima
Poliniza as flores e a produção de alimentos desoprima
                         IV
Na colmeia humana, trabalhar, sim, é quase privilégio
É violência branca até para cdf vindo do melhor colégio
A colmeia humana para se instalar, acreditem, precisa desmatar
Dessa forma, fazendo o contrário, “despoliniza” e passa as flores arrancar
                         V
Na colmeia de abelhas, elas trabalham em harmonia
Em qualquer tempo, não tem hora, de noite e de dia
Todas imbuídas de suas primitivas responsabilidades
Colaboram para construir e manter sua colmeia cidade
                        VI
Na colmeia humana quem pode mais atropela os demais
Os mais ricos usufruem mais dos recursos naturais
Sociedade hedonista, egocêntrica, individualista – o viver está no prazer
Sustentado nesse argumento tão arraigado, nem sabemos o que dizer
                       VII
60 dias é o ciclo das abelhas
Pouco tempo, mas elas não agem com o que vir na telha
Dispensam professor – nascem sabendo e produzem alimentos a granel
E com esses minudentes, não fazem mal, fazem mel
                        VIII
Na colmeia humana pode-se viver até 120 anos
É muito tempo trazendo prejuízos, tantos danos
Claro que existem exceções – nem todo mundo é igual
E não podendo fazer mel, muitos homens fazem mal
                         IX
Na colmeia das abelhas há emprego pleno – não existe miséria
Questão social não se discute, é coisa resolvida, coisa séria
Miséria é indicativo de sociedade mal construída
Emprego é elemento essencial, ele representa a vida
                        X
Na colmeia humana não existe emprego para todo o mundo
O Capital se sobrepõe ao Social – isso é um assunto profundo
É essência constitutiva da sociedade moderna capitalista
Menos preocupada com a vida e mais na cobrança moralista
                       XI
A colmeia das abelhas se estrutura em sociedade comunista
A colmeia humana se estrutura numa sociedade capitalista
A colmeia das abelhas é um grande laboratório
A colmeia humana é um laboratório conspiratório
                       XII
Dizemos que animais não têm inteligência – é só instinto
Mas vivem sem dilapidar a natureza em sentido distinto
O homem, senhor do mundo, destrói, embora tenha inteligência
Mas ser abelha tem mais sentido: vivem sem miséria e em prol da existência.