sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Semana de 30 de outubro a 6 de novembro de 2015

 Banda Calypso: Chimbinha e Joelma – dissolvido o negócio,  dissolvido o amor?
Paulo Ferreira
 Ela não veio? - Ah, a gente terminou. - É? E aquele amor todo?
 Acabou. - E amor acaba? - Não sei, esse acabou.
 Talvez não tenha acabado.
 Talvez não fosse amor”
– Bruno Fontes

U
nidos por um casamento de 18 anos, Chimbinha, guitarrista da Banda Calypso, depois de um romance extraconjugal foi descoberto quando a esposa Joelma viu mensagens no celular do marido-músico que também acumula a função de músico-marido. Joelma não aceitou a divisão.
          União e separação são o que mais se vê desde que o mundo é mundo. Pesquisas revelam que 75% dos homens e 50% das mulheres casadas têm casos extraconjugais. Existe aqui um componente natural. Biológica e psicologicamente falando, no reino animal, a humana é umas das muitas espécies poligâmicas. Na Pré-História isso era fato corriqueiro. Como advento da religião é que a monogamia passou a ser regra para quase toda sociedade, muito embora existam sociedades poligâmicas. Os percentuais denotam uma insofismável inclinação da natureza humana. A libertária e provocadora atriz brasileira Leila Diniz dizia nos anos 1970: “uma mulher pode amar um homem e ir para a cama com outro”.
          A Sociologia – é o estudo de como os indivíduos se comportam em grupos e como seu comportamento é moldado por esses grupos. Como são formados, considerando sua dinâmica e como ela se sustenta e, são ao mesmo tempo produzidas e reproduzidas. Os índices de 75% e 50% em qualquer eleição representam números de valores estatísticos significativos para qualquer eleição: o primeiro garante a vitória do candidato; o segundo o leva ao segundo turno. Recorrendo a Sociologia, não era tempo de o assunto adquirir nova roupagem? Quando um tipo de comportamento é alterado por muitas pessoas, começa a surgir e interagir aquilo que Émile Durkheim – Pai da Sociologia nominava de “Fatos Sociais”. É dele também a grafia “anomia” para caracterizar fatos relacionados quando regras no seio social são quebradas. E quando regras são quebradas por uma maioria ou tendem a se reconstruir, alicerçam-se novos conceitos adequados aos costumes, à época e às realidades consideradas. Ainda mais quando no caso existe quórum.
          Depois da vida, a Linguagem é nosso maior patrimônio. Para os linguistas, a língua é viva – por isso é possível que ela vá se ajustando a uma determinada comunidade num determinado espaço e tempo. Que o diga a semântica. Fazer isso na língua é fácil porque a “Flor do Lácio” cantada e decantada por Olavo Bilac se ajusta à sociedade, porém com o prejuízo por ser nivelada de modo mais rudimentar. Quando os costumes estão direta ou indiretamente ligados a sexo são difíceis de serem quebrados porque a resistente argamassa que uniu suas bases foi construída na Idade Média. A “fé sobre a razão”. Até que surgiu o Iluminismo embasado na “razão sobre a fé”, desconstruindo algumas “verdades” defendidas pela Igreja.
          Entra aqui um questionamento: E o amor que tanto falamos, dizemos que sentimos e que queremos dar, foi aonde? Uma pesquisa na Itália revelou que o amor tem duração de seis meses. O que supera esse tempo vem ser tolerância, educação e companheirismo. O amor carnal homem-mulher; homem-homem e mulher-mulher têm consistência existencialista. É o tipo de amor que é determinado e limitado pela cultura. Nós amamos culturalmente. Amamos o ter e não o ser. Amamos o que nos convém. Amamos o que nos provém. Esse amor carnal que ao primeiro baque, à primeira crise se desmorona – se sustenta exigindo uma condição vantajosa imposta de maneira clara ou velada. Amor mesmo é o de Deus, de pai e de mãe. Para o pior bandido, Deus o ama. Pois Deus odeia o pecado e ama o pecador. Pai e mãe amam os filhos incondicionalmente. A mãe de um homem de bem é uma mãe orgulhosa – ama o filho; a mãe de um bandido é uma mãe desgostosa – também ama o filho. Ele pode não servir para a sociedade – ela sabe – mas o ama assim mesmo. Ele é parte dela – é a Biologia quem diz,  não a cultura. Amor é isso, mas precisa ser ampliado a todos sendo parentes ou não. Já que tem curso para quase tudo, precisamos fazer curso de Amor, visto que não o temos dentro de nós, vamos buscá-lo fora.
          Em tempo: A eternidade de casamento de  Chimbinha e Joelma jurada em altar somente sobreviveu 18 anos. Rei morto, rei posto, digo, rainha morta rainha posta. Chimbinha apresentou a sucessora de Joelma na Banda Calypso – Thábata – uma loura curvilínea.   

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Semana de 23 a 30 de outubro de 2013


Atletas que ganham mais com a imagem  que com salário

Paulo Ferreira

“A valorização do “Ter” presente na conduta de determinados indivíduos os impedem muitas vezes de enxergar o valor contido na simplicidade do “Ser”, no ‘sentir’ daquilo que o dinheiro não pode comprar. A partir do momento que a humanidade realmente despertar para algo além da superficialidade, sem precisar manter dualidade entre os seus semelhantes e o resto da natureza, haverá uma maior possibilidade de viver em harmonia com e tudo e com todos” - poetisa Sâmara Santana Câmara.

Foi publicada neste mês de outubro de 2015, uma lista de pessoas que o uso da imagem rende mais que o próprio trabalho. Nesta lista constam 15 “sortudos” como:
1) Tiger Woals (golfe) patrocínio US$ 55 milhões. Salário/premiação US$ 6,2 milhões; 2) Le Bron (basquete) patrocínio US$ 53 milhões. Salário/premiação US$ 19,3 milhões;
3) Roger Federer (tênis) patrocínio US$ 52 milhões. Salário/premiação US$ 4,2 milhões;
4) Phil Mickelson (golfe) patrocínio US$ 48 milhões. Salário/premiação US$ 5,2 milhões;
5) Kobe Bryant (basquete) patrocínio US$ 31 milhões. Salário/premiação US$ 30,5 milhões;
6) Rafael Nadal (tênis) patrocínio US$ 30 milhões. Salário/premiação US$ 14,5 milhões;
7) Mahendra Dhoni (críquete) patrocínio US$ 26 milhões. Salário/premiação US$ 4 milhões;
8) Usain Bolt (atletismo) patrocínio US$ 23 milhões. Salário/premiação US$ 200 mil;
9) Maria Sharapova (tênis) patrocínio US$ 22 milhões. Salário/premiação US$ 2,4 milhões;
10) Novak Djokovic (tênis) patrocínio US$ 21 milhões. Salário/premiação US$ 12,1 milhões;
11) Rory Mcllroy (golf) patrocínio US$ 20 milhões. Salário/premiação US$ 4,3 milhões;
12) Derrick Rose (basquete) patrocínio US$ 19 milhões. Salário/premiação US$ 17,6 milhões;
13) Na Li (tênis) patrocínio US$ 18 milhões. Salário/premiação US$ 5,6 milhões;
14) Drew Bress (futebol americano) patrocínio US$ 11 milhões. Salário/premiação US$ 10 milhões;
15) Adam /Scott (golfe) patrocínio US$ 9 milhões. Salário/premiação US$ 8,7 milhões.
          Invocamos Max Weber em suas angústias quando ele falava no processo de desumanização nas relações sociais. E a situação ainda se acentua quando nas relações do trabalho, uma imagem vale mais que a aptidão de um trabalhador, de vários ou muitos.   A lógica aqui não funciona. O dinheiro de ganho fácil e rápido traduz mais ainda uma sociedade de concentração de renda para poucos e, de exclusão social. O abismo social que separa ricos e pobres cada vez aumenta. Se Jesus Cristo renegou o mundo de sua  época (“Meu Reino não é deste mundo” – João 18:36) hoje, seria bem pior.
          O valor acima estipulado por cada atleta os coloca na condição de mercadoria. É isto. Somos mercadorias-humanas. Uns valem muito, outros nem tanto, outros valem nada.
          A sociedade atual, alheia aos problemas do dia-dia, com os olhos sociais “vendados” pelas novelas, futebol e coisas que o valham não reage, nada faz. Também não pode. A consciência também lhe foi assaltada.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015


Semana de 16 a 23 de outubro de 2015


Gravura - www.rafaelapecanha.com
                          

Crise, crise, crise. Que crise?

Paulo Ferreira


“Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor bênção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progresso. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem  ficar “superado”. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais os problemas do que  as soluções. A verdadeira crise é a crise da incompetência... Sem crise não há desafios; sem desafios, a vida é um rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um” – Albert Einstein.


N
ão existe ausência de crises – elas até se repetem na História de maneiras diferentes, mas a essência é a mesma. Crises já demoliram economias poderosas quando em 476, sucumbiu o império romano.
          Em 1929 a quebra da Bolsa de Nova York arrastou para a falência mais de 9 mil bancos e 85 mil empresas. O desemprego atingiu 13 milhões de norte-americanos - ruíram as finanças do mundo ocidental.
          No ano de 1973, outra rebordosa na economia mundial. Desta vez, com a crise do petróleo, quando o barril foi majorado em 400% num curto período. O Brasil foi duramente atingido: epitáfio do “Milagre Econômico Brasileiro”. Nos três casos, foram golpes duros.
          Marx em 1867 em sua obra O Capital mostra que “o capitalismo é propenso a crises econômicas”. Todo e qualquer economista sabe que crise em nosso sistema econômico é, por tudo que vemos e vivemos, previsível e cíclica. A crise do capitalismo no seio social é constante e observada de uma forma velada. O sistema não produz emprego pleno para a população porque está friamente subordinado a leis do mercado movidas por mecanismos instáveis de especulação. Nessa arena romana o leão (capital) sempre devora o cristão (social). Crise é palavra de ordem. Muitos governantes usam-na para justificar os próprios desmandos crônicos na economia. Separando o joio do trigo, povo não produz crises. Crises são de competência restrita aos governos. Países entram em crise, mas não foi porque o povo deixou de trabalhar, de produzir. E se estamos constantemente trabalhando, quem gerou essa crise senão o governo? E as promessas e plataformas de governo recitadas à exaustão em épocas de campanhas políticas, se dissolveram no ar? Um professor na Faculdade, falou-me que “crise é setorial”. Faz sentido - por isto não atinge todo mundo. Que crise está passando o atleta Cristiano Ronaldo que comprou recentemente um apartamento em Nova York por R$ 65 milhões? Ou Neymar que comprou um jatinho por 35 milhões de reais e a Receita Federal com sua lupa alfandegária bloqueou R$ 189 milhões do jogador? É difícil acreditar e aceitar que num planeta finito, pessoas ganhem salários infinitos produzindo tão pouco. Num mundo que valoriza e prioriza o capital em detrimento da vida, diante desses dois exemplos, perguntamos: com esta crise, a sobrevivência dessas duas pessoas está ameaçada? Elas podem até estar passando por “dificuldades”. Mas esta “dificuldade” apenas as compromete porque eles apenas podem estar ganhando menos dinheiro. Não estão com a sobrevivência ameaçada - condições de milhões. Também temos casos contrários - alguns ganham muito com crises. Trazendo o problema para o nível individual, a pessoa tem uma ferida que nunca a incomoda – a ferida se abre e a pessoa não pode mais andar – é a crise -  É assim que funciona. O país já não pode  andar – a ferida abriu. Parte da população, outrora satisfeita e outra insatisfeita com o (des)governo, inconformadas, passam a reclamar. Vivemos esse episódio em junho de 2013 com o estopim da bomba social aceso pelos preços abusivos e impopulares das passagens de ônibus, gasolina e pela corrupção. A população que até então vinha tolerando a situação, nesse momento, junta todos os problemas que tem e, vai extravasá-los nas ruas. Tivemos os Black bloc – mascarados usando roupas pretas se insurgindo contra um Estado eticamente falido.
          E quando as instituições mantenedoras da ordem e da condução do país não funcionam, vem o caos. E numa democracia onde ninguém se respeita e todos fazem o que quer, ela se transforma num regime da própria opressão.
          Crise somente se soluciona quando atinge a todos sem distinção. Até mesmo porque a riqueza e opulência afastam as pessoas ricas das pobres. Na fome todos se irmanam.

         





sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Semana de 9 a 16 de outubro de 2015

Foto:nortedotocantins.com.br

Zeladora come chocolate do delegado. Qual a diferença entre um pequeno e um grande furto?

Paulo Ferreira

“Não podemos ter o que não nos pertence. Se tentar: é roubo ou adultério” – Alexsandro Henrique.


E
m Roraima, dia 30 de setembro de 2015, uma zeladora de uma empresa terceirizada, vendo-se sozinha na sala do delegado da Polícia Federal achou que “não seria nada demais” comer um chocolate que estava dentro de uma caixa sobre a mesa da autoridade.   O delegado Agostinho Cascardo depois de ver vídeo de câmara de segurança, autuou-a em flagrante. A zeladora, ao dirigir-se a empresa onde trabalha soube que um servidor da PF havia telefonado sobre o ocorrido e, sugerido que ela deveria ser dispensada por justa causa. "Estava limpando a sala dele e tinha uma caixinha cheia de bombons sobre a mesa. Peguei um e pensei comigo mesma: depois falo para ele, porque não vai 'fazer questão' de um bombom. Comi o chocolate na sala. Terminei a limpeza e saí. Não sei porque comi. Não tenho o costume de pegar coisas dos outros, nunca mexi em nada. Não é porque uma pessoa é de uma família pobre que ela vai sair pegando as coisas dos outros ", confessa.
          O Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB-RR Jorge Fraxe saiu em defesa da zeladora. O mesmo admitiu que a ação foi desproporcional e pode ser classificada como abuso de poder. Em sua opinião, o delegado errou porque usou a estrutura da Polícia Federal para resolver “um problema pessoal”. Fraxe também acrescentou que o ato da zeladora não pode ser classificado como crime e nem enquadrado como furto qualificado, porque não afetou a esfera de direito de ninguém, não feriu o patrimônio do policial e não teve nenhuma tipificação de crime. “Nenhum juiz classifica isso dessa maneira. É um desvio de conduta mínimo”, reforça. Do outro lado, a assessoria da PF admite furto. Qual sociedade furto não é errado?
          Vemos que no cenário acima descrito existe um embate entre razão e emoção – coisas diferentes. O delegado viu-se no legítimo direito de exercer sua função. Ainda mais, se tratando de ser ele mesmo a vítima do caso. Não existe a possibilidade de separar, entre furtar um chocolate e uma barra de ouro – o ato é o mesmo. A diferença está somente no objeto subtraído. Logo, o julgamento deve incidir sobre o ato – o modus operandi – Razão. Emoções, à parte. A zeladora se coloca no lugar de coitadinha, até achando que o delegado “não iria fazer questão do chocolate”. O presidente da OAB-RR comportou-se incrédulo mesmo com registro do ocorrido  gravado.
          Que sociedade é esta que somos e queremos ser? Furto ou roubo somente é tipificado como crime se for envolvendo uma soma vultuosa? O que fazer com uma criança que vez por outra chega a casa com alguma coisa que não lhe pertence? Não devemos zelosamente perguntar-lhe onde o encontrou e pedir que volte e deixe onde estava? Se tivermos um comportamento permissivo isso poderá crescer como uma bola de neve. Erich Fromm trata de “defeito de caráter socialmente modelado” esse tipo de comportamento que encontra no desculpismo sua base para aumentar e se perpetuar. Voltando a Roraima, o chocolate estava sobre a mesa. Tinha dono. Em toda e qualquer sociedade em todos os tempos, furtar e roubar são práticas estritamente proibidas.  A zeladora errou e não quer assumir o erro. Quem a defende também. Por sua vez, o delegado está correto. Um caso único poderia salvar a zeladora de igual gesto. Se no lugar do chocolate estivesse um revolver e, sabendo ela que o delegado queria dar cabo a própria vida ou a de outrem, aí sim, ela poderia levar a arma, visto que estava em jogo uma vida – ela seria absolvida por Sócrates filósofo grego que defendia este tema. A vida é nosso bem maior. Furto, roubo, corrupção são umas desgraças sociais profundas e duradouras. Honestidade é coisa boa.  É até um princípio ético porque nenhuma nação se sustenta durante muito tempo com desonestidade. Até parece coisa da velha cultura de levar vantagem em tudo – Lei de Gérson. Uma sociedade que todo mundo quer levar vantagem sobre todo mundo, todos saem perdendo. Ela se esfacela. É o caso do Brasil em meio a tanta corrupção. Nosso país hoje é um laboratório de bandidos. Como dizia Reinaldo Ribeiro, o poeta do amor: “O Brasil é a única nação do mundo que associa roubo com inteligência”. Funciona mais ou menos assim: a coisa só é errada se me prejudicar; com os outros não tem problemas, pode... Mas tudo depois se redistribui na sociedade porque problema de um é problema de todos.
         Com exceção das tragédias naturais, todas as outras no mundo humano se dão pela ausência da Ética e no afastamento de Deus.
         E nosso problema maior não é evitar de cairmos no abismo. É sairmos dele.
         
          


sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Semana de 2 a 9 de outubro de 2015


Água em Marte – Esperança de quê?
Paulo Ferreira

Por que o Planeta Terra parece mais o trabalho de um estagiário relaxado que o produto de uma consciência superior, toda poderosa e sábia?” – George Carlin.

“Á
gua é vida”, “Não existe vida sem água”. Estas e outras frases lapidares transitam do popular à ciência e vice-versa.
          Segundo a reportagem do dia 28/09/2015, a missão da NASA está centrada na água. A notícia dada em caráter alvissareiro carece de uma análise prudente e sólidos argumentos científicos.
          Na Terra, a água é molecularmente estruturada com dois átomos de Hidrogênio e um de Oxigênio (H2O) - é o alimento líquido responsável por toda cadeia da vida das espécies. Caso tenha um único átomo alterado, suas propriedades físicas e organolépticas se modificam. Por exemplo, o composto H20é também água, mas água oxigenada (Peróxido de Hidrogênio). Bastou aumentar somente um átomo de oxigênio para mudar sua propriedade que deixa de ser potável. A água encontrada em Marte é salgada – não é potável. Seria essa água parecida com a nossa, com as mesmas concentrações de sais e traços de outros elementos químicos nas mesmas concentrações e proporções? Deve ser também levado em consideração o pH (medida de acidez e alcalinidade). Seria possível dessalinizá-la? A preocupação da NASA com a água é boa para quem? Interessa-nos? Vamos fazer importação interplanetária? E ao mesmo tempo se procura vida em Marte. Mas o conceito de vida que temos também seria o mesmo por lá?  Vida é tudo que se mexe e respira? Ou é “a batida do coração” (1) ? Biologicamente encontramos vidas nos cinco reinos da natureza: animal, vegetal, fungo, moneras e protistas.
          O gênio da Física Teórica e Doutor em Cosmologia Stephen Hawking em entrevista ao jornal espanhol El País falou que “a raça humana terá que sair da Terra para sobreviver”. E nós, aonde vamos? Na lua – nosso ponto espacial mais próximo é um lugar inóspito para a espécie humana: atmosfera e força gravitacional diferentes das nossas. Somente esses fatores limitam todas e quaisquer divagações como habitar nosso satélite. E Marte, cuja viagem dura cerca de seis meses? E se a nave entrar em pane durante o trajeto onde será consertada? Que tipo de combustível será usado para uma viagem de um ano (seis meses de ida e mais seis de volta)? Esse tipo de projeto é pelo menos duvidoso considerando que nenhum sistema mecânico complexo se mantém em equilíbrio dinâmico de forma constante. Se até o momento não alcançamos tal autonomia de vôo (2) para aviões, como então para uma nave espacial?
          Temos mesmos de sermos exploradores espaciais? Não seria mais prático mudarmos a estrutura político-econômica do mundo e também a nós mesmos, do que nos aventurar como andróides suicidas pelo “deserto” do espaço sideral em busca de uma proposição cientificamente insustentável? Fomos biologicamente projetados para o planeta Terra. Se Deus é perfeito, criou o mais perfeito dos mundos. E seguramente não existem outros dos quais possamos ser inquilinos.  Quem está certo? A criatura ou o Criador?
          Fiquemos aqui mesmos – fujamos dos cantos de sereia espacial.

(1)                   O que é o que é – música de Gonzaguinha;
(2)  Tempo que o avião sobrevoa sem precisar     reabastecer.