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Polonesa nua |
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Brasileiras de top less |
Nudez vista sob determinados pontos de
vista
Paulo
Ferreira
“Tantas são as sociedades que discutem,
satanizam, combatem, proíbem, punem, mas consomem amplamente a nudez” – Carmita H.N. Abdo.
a
Polônia, uma moça entrou numa lanchonete para pegar uma bebida e um lanche.
Ficou na fila para pagar as compras e saiu do jeito que entrou: NUA. Não foi
importunada com olhares, impropérios ou qualquer outra forma de desrespeito e
seguiu adiante seu caminho.
No Brasil, semana passada, um grupo
de mulheres resolveram protestar contra o machismo tirando praticando o top
less – seios descobertos. Essa prática é bastante conhecida nas praias da
Europa. No Brasil, a prática de tomar banho sem roupa ocorre nas praias
exclusivas de naturismo. O termo nudismo deve ser evitado porque se trata de
uma filosofia de vida. Não é simplesmente tirar a roupa.
O que é nudez e porque ela provoca
tanta celeuma? Nascemos nus. Não nos vestimos, vestem-nos. A Bíblia cita Adão e
Eva bastante à vontade no paraíso vivendo num mundo só deles. Depois do pecado
por comer o fruto da árvore proibida é que o primeiro casal viu-se nu e,
procuraram se esconder de Deus. Era a ligação do sentimento de vergonha ao
comer o que era proibido - o nu.
Andar nu em 5000 a.C. era coisa comum,
principalmente para os gregos. As primeiras olimpíadas eram praticadas com
atletas sem roupa. A palavra Ginásio significa local de nudez. Até as batalhas
eram também sem roupa. Os mestres da
pintura, Goya e Gauguin enriqueceram suas Artes com o corpo feminino. O discóbolo
de Miron, Sátiro dormindo, Vênus de Milo são trabalhos de esculturas onde o nu
era artística e culturalmente aceito - tudo tão lindo, tudo natural. Nas
cidades antigas, os banhos eram coletivos em praças públicas. No Cairo na era
Otomana, havia muitos banhos turcos. Certa vez, houve um incêndio de grandes
proporções, e somente se salvaram as pessoas que correram nuas. Quem procurou se
vestir morreu. À época do Império Romano, a nudez nos banhos públicos era
costumeiramente normal. O que poderia ter modificado estruturalmente esse
conceito para que hoje o corpo tivesse essa conotação do proibido? Até o século VIII, o batismo cristão também
era uma cerimônia onde o batizado, nu era realizado, para purificar a alma.
Segundo a Drª. Carmita H.N. Abdo, o fim dessa prática pela igreja católica
contribuiu para que a nudez carregasse até hoje o peso do preconceito. A Era
Vitoriana no Século XIX foi um período da História onde mais o nu foi
moralmente atacado.
A nudez já serviu para absolver uma
ré – Na Grécia antiga, Frineia, uma das mais famosas cortesãs, de tão
prestigiada, foi até retratada pelo mais importante pintor da cultura helênica
– Apeles. Conta-se que Frineia, foi levada a um tribunal por causa de uma
calúnia. Vendo que seu advogado havia esgotado todo seu repertório de defesa e,
por isso, sua condenação iminente estava mais que certa,
tirou
a roupa diante dos juízes e estes, associando que a beleza era um atributo
divino, resolveram absolvê-la.
No Brasil, tivemos a bailarina, naturista
e primeira feminista Luz del Fuego que fundou o Clube Naturalista Brasileiro –
na praia Ilha do Sol.
Também
freqüentou Abricó, hoje reduto de naturismo.
Na medicina a Helioterapia –
tratamento de enfermidades através da luz do sol já foi amplamente usado – com
pouca ou nenhuma roupa.
A nudez em determinados conceitos: no
ocidente, é a ausência de roupas ou uma outra qualquer indumentária. O nu no
ocidente representa diretamente a exposição dos órgãos sexuais. Para os
ortodoxos, são braços, colo e pernas. Muçulmanos consideram a cabeça feminina
descoberta uma nudez. Para certos nativos, a nudez representa a ausência de
alguns adornos no pescoço e orelhas.
Para outros, o corpo nu pode muito bem
ser comparado como um espelho que reflete a própria imagem no outro. O outro tem parte de mim; eu,
por minha vez, sou parte do outro – somos da mesma espécie. Mas o nu pode
causar aceitação, indiferença e rejeição. Não é obrigado a ninguém ver o que
acha que não deve ver; como também não se deve ser obrigado a se mostrar se assim
não o desejar.
De qualquer forma, somos a única
espécie que cria linguagem e daí conceitos e preconceitos. A nudez é
democrática porque torna todos iguais. A roupa além da proteção do frio, também
serve para nos identificar – estratificação social. Somente nós nos vestimos. Animais
e natureza estão aí nus diante de nós. A forma de ver animais e natureza
depende de cada um. Não sabemos como o leitor interpretou os nus que ilustram
este artigo.
“A
pessoa só enxerga o que está preparada para ver” – Ralph Waldo Emerson (poeta
e ensaísta norteamericano).
Nota: Não é nossa pretensão fazermos apologia da nudez. O artigo é
meramente informativo.