Semana de
29 de janeiro a 5 de fevereiro de 2016
30 de janeiro – dia da Não
Violência
Paulo Ferreira
“Eu sou contra a violência porque parece fazer
bem, mas o mal que faz é permanente” – Mahatma Gandhi.
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bem e o mal sempre estiveram em eterno
pugilato. O bem se arma da força do argumento e o mal do argumento da força.
Que se evoque lá da escuridão das noites do tempo o primeiro homicídio, quando
Caim matou seu irmão Abel. Depois, quando o homem passou de gregário para
nômade usava a diferença numérica para vencer seus opositores com armas como
paus, pedras, tacapes e outras “invenções bélicas”. Domesticando o cavalo, o
homem ganhou mais força para dominar outros homens – “o homem é o lobo do
homem”. Aprendeu a fundir metais confeccionando lanças, escudos e, nunca mais
parou. Até chegar ao que vimos hoje.
Seria de se esperar, que na proporção
do avanço da espécie Homo sapiens, esta
se fizesse acompanhar também de
desenvolvimento espiritual. Não é o que
vemos. Fazemos guerras todos os dias. A começar com os mais próximos e, por
extensão, com vizinhos, comunidades – são as guerras a varejo. E também outras guerras de maior magnitude,
entre elas as duas maiores guerras mundiais de 1914-1918 e a IIª 1939-1945 - As
Guerras no atacado.
Guerra e paz habitam o humano
variando a proporção – quase um maniqueísmo. A mulher, outrora sob a égide do
patriarcado tão criticado por Harriet Martineau,
Judith Butller, Christine Delphy, Simone de Beauvoir entre outras, desfraldando a bandeira do “feminismo”,
defenderam a “igualdade entre os sexos”.
Se somos uma civilização em que os homens não são iguais entre si
representado na hegemonia androcêntrica,
a que tipo de espaço “masculino” a
mulher quer conquistar? O dos homens da paz ou o das guerras? Se hoje ainda criticamos as arenas romanas
onde se matavam cristãos e, gladiadores lutavam até à morte, hoje, séculos
depois, reproduzimos essas anomalias de outra maneira. Lá, naquela época, uns
poucos frequentavam o grande circo.
Agora temos lutas livres de MMA. Homens que treinam anos afinco com o
intuito de “vencer na vida”, literalmente quebrando a cara dos outros.
Também encontram outros que lhes quebram a cara. As mídias popularizam esse tipo de coisa,
porque "coisa" o define muito bem. E achando pouco, as mulheres imitam-os também
na sua forma mais desumana – usando a mesma violência. O que antes ficava
restrito a uma plateia limitada, com a força das mídias passa para todos que a
querem assistir. Não vê quem não quer. O ator Antônio Fagundes, estarrecido, falou
em entrevista no programa Roda Viva – da TV Cultura: “Se 30 mil pessoas pagam R$ 750,00 para ver um cara bater no outro (nas
lutas de MMA), o teatro é barato demais”. E dessa forma, a violência vai se
disseminando, se encorpando, inchando e ficando maior que a própria sociedade. Até
chamam essas práticas de esporte. Porém a filosofia do esporte é o entretenimento pelo
seu lado lúdico e, ao mesmo tempo promover saúde. Ficam de fora então a Fórmula 1 porque
quem corre não é o piloto e sim, o carro. O carro, nesse caso é o “atleta”. Box, MMA e outros tipos de lutas também considerando
esta abordagem, também não são esportes.
E já que “alcançamos o futuro” e a
condição atual só nos fez encontrar a condição de humanóides, Ghandi – A grande Alma vem ser o gênio da
raça. Nele podemos dizer que encontramos nossa condição humana. Podemos citar
Jesus Cristo, mas aí um oponente incauto poderia argumentar seus atributos
divinos. Gandhi era carne e osso como
nós. Grande líder pacifista ímpar na História. Nascido em 1869 em Porbandar em berço de família da casta dos vaísia (comerciantes). Mais tarde, vai para Londres
estudar Direito e, em 1891 volta à Índia, esta, sob o domínio britânico.
Muda-se para a África do Sul (também sob o domínio britânico) onde se torna um
advogado bem sucedido. Em 1914 retorna Índia e, começa a difundir sua ideias de
não violência. Liderou campanhas de Desobediência Civil (no caso, boicote aos
produtos britânicos, e a recusa ao pagamento de impostos). Atingiu seu objetivo
- em 1947 é proclamada a Independência da Índia. Tenta acabar com a luta entre seus
patrícios hindus e muçulmanos. Por questões de geopolítica aceita dividir o
país cedendo o território que hoje é o Paquistão. Um hindu nacionalista insatisfeito
com sua atuação, o mata em 30 de janeiro de 1948.
Ghandi venceu uma poderosa Inglaterra
Imperialista sem dar um tiro sequer. Mas também uma grande lição de Ghandi é
que ele antes de superar o inimigo, fez o mais difícil: superou primeiro a si mesmo.