Semana de 12 a
19 de agosto de 2016
Olimpíada
– Jogos da exclusão
Paulo Ferreira da Rocha Filho
I
Duzentos países, 11.494 atletas
Muita especulação – vitórias
são incertas
Para se chegar ao nível
olímpico
É disciplina espartana ou o
limbo
II
Povos estão juntos, mas não se
irmanam
São poucas medalhas e muitos
demandam
Esses jogos representam também
exclusão social
Onde cada um deseja destaque –
ser o tal
III
Homens-máquinas, homens e seus
metais
Homens que querem muito, muito
mais
Homens de ouro, homens de
prata, homens de bronze
Homens que poucos reluzem – a maioria some
IV
Exigem-se dos superatletas
força, velocidade,
Concentração, técnica,
harmonia, agilidade
Milímetros ou até diferença de
fração de segundo
Celebrizam ganhadores aos olhos
do mundo
V
Ao todo são trinta e nove
modalidades esportivas
Não é guerra, mas as batalhas
são renhidas
Muitos treinam até a vida
inteira – é fato
Aos que ficam fora do pódio – o
anonimato
VI
Corrida do ouro e do ideal
capitalista de felicidade
Desejo cultuado até na mais
tenra idade
Olimpíadas ocorrem, sabemos a
cada quatro anos
Podem definir vidas nas certezas
e nos desenganos
VII
O que a humanidade ganha com
tudo isso?
Uma sociedade com poucos
notáveis como num atletismo?
Pensando bem, é muito para tão
pouco alento
Diz-se em Eclesiastes – muito
esforço para abraçar o vento
VIII
Continuamos reproduzindo
concentração de renda
Quem ler esta poesia que assim
a entenda
Não fazemos oposição – não
queremos contra a correnteza nadar
Em outras palavras, dizemos que o mundo
precisa melhorar.