terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Semana de 19 a 26 de janeiro de 2018

Carnaval pra quê?
Pra gringo ver?

Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho
(Quatro vezes aprovado em Concurso Nacional Novos Poetas do Brasil).

                                 I
A Terceira Lei de Newton é certa na proposição
"Para cada ação corresponde uma reação..."
Na Física se encaixa muito bem
No Social, cai. Fica muito aquém
                                 II
Brasileiro desempregado, passando fome
Desassistido das necessidades básicas – mal come
O país na Economia sofre grande vendaval
E o povo comemorando Carnaval
                                III
Manifestações devem espelhar nosso interior
De melancolia, alegria ou mesmo dor
Saúde, Transporte, Educação, tudo mal
E o povo ainda comemora Carnaval?


domingo, 21 de janeiro de 2018

Semana de 12 a 19 de janeiro de 2018

Celular não é brinquedo de criança

Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho
(Quatro vezes aprovado em Concurso Nacional Novos Poetas do Brasil).

                  I
Sem ser saudosista
Nem tampouco pessimista
Brinquedo era carrinho, boneca, bola de gude
Tudo era lúdico, nada que ameaçasse a saúde
                 II
Crianças confeccionavam os próprios artefatos
Bonecas de pano, bolas de meia – eram fatos
Tudo ficava por conta da imaginação
Incutia-se desenvoltura, proatividade, cognição
                 III
O tempo foi passando
A tecnologia avançando
O mundo progredindo
A compreensão regredindo
               IV
Logo, a indústria desse campo se apropriou
Clivou a cultura – muita coisa mudou
Surgiram brinquedos elétricos/eletrônicos
O que deixou muita gente e pais atônitos
               V
Progrediu e culminou no celular 
Irresponsabilidade a uma criança entregar
Celular não é uma coisinha banal
Pode explodir – o resultado pode ser fatal
                VI
Não foi com isso que no passado imaginaram
A permissividade floresceu, banalizaram
Antes, brincadeira; hoje, perigosa mudança
Celular é perigoso, não é brinquedo de criança.



segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Semana de 5 a 12 de janeiro de 2018

O
 texto abaixo também nos foi passado numa aula de Redação do Prof° Acácio Scos. Também inspirado no acontecimento, fizemos a “tradução” em versos logo a seguir.

Homem morre em escritório e ninguém nota por 5 dias


Homem morre no escritório e ninguém nota por 5 dias.
06/09/2011
          Os gerentes de uma Editora novaiorquina estão tentando descobrir, porque ninguém notou que um dos seus empregados estava morto, sentado à sua mesa há cinco dias. George Turklebaum, 51 anos, que trabalhava como Verificador de Texto numa firma de Nova Iorque há 30 anos, sofreu um ataque cardíaco no andar onde trabalhava (open space, sem divisórias) com outros 23 funcionários.
Ele morreu tranquilamente na segunda-feira, mas ninguém notou até ao sábado seguinte pela manhã, quando um funcionário da limpeza o questionou, porque ainda estava a trabalhar no fim de semana. O seu chefe, Elliot Wachiaski, disse:
‘O George era sempre o primeiro a chegar todos os dias e o último a sair no final do expediente, ninguém achou estranho que ele estivesse na mesma posição o tempo todo e não dissesse nada. Ele estava sempre envolvido no seu trabalho e fazia-o muito sozinho.’
A autópsia revelou que ele estava morto há cinco dias, depois de um ataque cardíaco.
(jornaloexpresso.com).


Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho
(Quatro vezes aprovado em Concurso Nacional Novos Poetas do Brasil).

Homem morre em escritório e ninguém nota por 5 dias
(inspirado em texto homônimo do blog jornaloexpresso.com)

                                 I
Homem bom, exercendo sua contumaz labuta
Sustentando sua família em zelosa conduta
Muito responsável – funcionário exemplar
Difícil acreditar em seu último suspirar
                                 II
Porque era o primeiro a chegar e o último a sair
Vestia a camisa da empresa – nunca pensou em fugir
Trabalhava de coração – morreu do coração
Seu emprego, segunda casa – fraterna ligação
                                      III
Sério, circunspecto, muito compenetrado
Atuava o dia inteiro – muito isolado
Lacônico – homem de poucas palavras
Impossível acreditar que a vida o abandonara
                                      IV
Morreu trabalhando, morreu honestamente
Viveu para si e para a família decentemente
Cinco dias imóvel – somente um inerte corpo
Era verdade – Geoarge estava morto
                                      V
A editora foi cenário de independência e morte
Trilha correta da vida – seu rumo, seu norte
Morreu mas deixou uma lição
De viver com muita dedicação.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Semana de 29 de dezembro de 2017 a 5 de janeiro de 2018

H
á um texto tristemente bonito da Cecília Meireles – “Brinquedos incendiados”. Nos foi dado numa aula de Redação do Prof° Acácio Scos. Sem querer fazer nenhum tipo de cotejo, adicionamos nossa versão de “Brinquedos incendiados” em versos baseados na linda prosa dessa grande autora.

Brinquedos incendiados

            Uma noite houve um incêndio num bazar. E no fogo total desapareceram consumidos os seus brinquedos. Nós, crianças, conhecíamos aqueles brinquedos um por um, de tanto mirá-los nos mostruários – uns, pendentes de longos barbantes; outros, apenas entrevistos em suas caixas. Ah! Maravilhosas bonecas louras, de chapéus de seda! Pianos cujos sons cheiravam a metal e verniz! Carneirinhos lanudos, de guizo ao pescoço! Piões zumbidores! – e uns bondes com algumas letras escritas ao contrário, coisa que muito nos seduzia – filhotes que éramos, então, de M. Jordain, fazendo a nossa poesia concreta antes do tempo
            Às vezes, num aniversário, ou pelo Natal, conseguíamos receber de presente alguns bonequinhos de celuloide, modestos cavalinhos de lata, bolas de gude, barquinhos sem possibilidade de navegação... – pois aquelas admiráveis bonecas de seda e filó, aqueles batalhões completos de soldados de chumbo, aquelas casas de madeira com portas e janelas, isso não chegávamos a imaginar sequer para onde iria. Amávamos os brinquedos sem esperança nem inveja, sabendo que jamais chegariam às nossas mãos, possuindo-os apenas em sonho, como se para isso, apenas, tivessem sido feitos.
            Assim, o bando que passava, de casa para a escola e da escola para casa, parava longo tempo a contemplar aqueles brinquedos e lia aqueles nítidos preços, com seus cifrões e zeros, sem muita noção do valor – porque nós, crianças, de bolsos vazios, como namorados antigos, éramos só renúncia e amor. Bastava-nos levar na memória aquelas imagens e deixar cravadas nelas, como setas, os nossos olhos.
            Ora, uma noite, correu a notícia de que o bazar incendiara. E foi uma espécie de festa fantástica. O fogo ia muito alto, o céu ficava todo rubro, voavam chispas e labaredas pelo bairro todo. As crianças queriam ver o incêndio de perto, não se contentavam com portas e janelas, fugiam para a rua, onde brilhavam bombeiros entre jorros d’água. A elas não interessavam nada peças de pano, cetins, cretones, cobertores, que os adultos lamentavam. Sofriam pelos cavalinhos e bonecas, os trens e palhaços, fechados, sufocados em suas grandes caixas. Brinquedos que jamais teriam possuído, sonhos apenas da infância, amor platônico.
            O incêndio, porém, levou tudo. O bazar ficou sendo um fumoso galpão de cinzas.
            Felizmente, ninguém tinha morrido – diziam em redor. Como não tinha morrido ninguém? , pensavam as crianças. Tinha morrido o mundo e, dentro dele, os olhos amorosos das crianças, ali deixados.
            E começávamos a pressentir que viriam outros incêndios. Em outras idades. De outros brinquedos. Até que um dia também desaparecêssemos sem socorro, nós brinquedos que somos, talvez de anjos distantes!

(Cecília Meireles)
Transcrito do Blog Veredas das Línguas.



Brinquedos incendiados
(inspirado em texto homônimo de Cecília Meireles)

Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho
(Quatro vezes aprovado em Concurso Nacional Novos Poetas do Brasil).

                                  I
O fogo destrói a matéria e dilacera nossa alma
O que vemos, o que temos, pouco se salva
O incêndio no bazar naquela noite de amargura destacava bem a rua
Bem mais que a luz da própria Lua
                                 II
As labaredas consumiam bonecos e carneirinhos lanudos
Tão rápido como se fossem finos canudos
Decompondo até a inquebrantabilidade da poesia concreta
Quadro visível mostrando a realidade funesta
                                 III
Brinquedos que não podíamos comprar – nossa fantasia
Crepitando diante de meus olhos. Muita tristeza, quem diria...
Era como se as chamas ardessem em mim triste figura desolada
O que sobrou foi uma paisagem de destruição, tétrica – calcinada.


sábado, 6 de janeiro de 2018

Semana de 22 a 29 de dezembro de 2017

Alameda poética

Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho
(Quatro vezes aprovado em Concurso Nacional Novos Poetas do Brasil).

                           I
O Concurso Nacional Novos Poetas é fato
Em número de classificação tenho quatro
Comecei com “FOLHA DE PAPEL”, depois “D. EUCLETA”
Segui intimorato a rota certa
Continuei com “NOSSA AMIZADE É UM JARDIM”
Fui me estimulando e, quando dei por mim
Tinha feito “POESIAS, POETAS E CRÍTICOS LITERÁRIOS
Aa quatro alinhadas formam um vistoso ambulacrário
E atendendo aos estudiosos leitores todo dia
Elas podem ser acessadas em Pingos de Filosofia.
Semana de 15 a 22 de dezembro de 2017

Moralidade hipócrita eufemística

Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho
(Três vezes aprovado em Concurso Nacional Novos Poetas do Brasil).

                               I
Ai, ai meu Deus
O Que foi que aconteceu
A nova moralidade brasileira
Está “politizada” – uma asneira
                              II
O que vale agora é o eufemismo
Tratar com “polidez” – e eu com isso?
Bandido juvenil  - é menor em situação de risco
Chamá-lo de ladrão é passado – não me arrisco
                             III
E como está tudo educado
Vamos dar um tratamento letrado
Bandido adulto e político ladrão
Não vão andar de camburão, só de avião
                             IV
Também ninguém vai dizer que foi assaltado
No máximo, que pegaram seus pertences emprestados
Ladrão passa ser cobrador de imposto de plantão
Apenas um cavalheiro que precisou nos passar a mão
                                V
Se um honesto reagir e matá-lo num assalto
Foi Acidente do Trabalho – isto eu ressalto
Roubar é trabalho e pode ser insalubre, perigoso
Porque o honesto nesta conjuntura é ameaça, é danoso
                              VI
Nós honestos e pobres somos uns maricas
Bandidos e políticos ladrões são classe rica
Cresceu a bolha de levar vantagem em tudo
Para vencer na vida às favas os estudos
                              VII
Ladrão vai ser amparado por leis trabalhistas
Ter aposentadoria – que a Previdência os assista
E vai piorar. Não foi porque você quis, eu quis
Mas foi este o futuro que alcançou este país.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Semana de 8 a 15 de dezembro de 2017

Homenagem ao boi desconhecido

Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho
(Três vezes aprovado em Concurso Nacional Novos Poetas do Brasil).

                          I
Nem sei se faz algum sentido
Mas se presta homenagem ao soldado desconhecido
Nas guerras, soldado não vai para brincar
Não tem outra solução: ele vai para matar
                         II
E sem deixar para depois
Comparemos soldado e boi
Colocando na ordem devida
Soldado mata; boi mantém a vida
                       III
Hoje em dia
Tem muito avanço da tecnologia
Mas na alimentação
Avançamos não, meu irmão
                         IV
Ainda insistimos em comer carne
Mudança que se um dia ocorrer, vai ser tarde
Pobre gado bovino
Morrer como alimento é seu destino
                       V
Certa vez, fiscalizando um matadouro
Um boi como tendo mal agouro
Olhou para mim pressentindo a falta de sorte
Como se tivesse certeza de sua iminente morte
                        VI
Tamanha pena, tamanho estresse
À sua espera o impiedoso magarefe
Frio assassino do gado bovino
Age roboticamente: não fica nem um pouco mufino
                       VII
Há os que matam; os que comem consentem
Isso há milênios – não foi diferente
Humano foi projetado para consumir alimento vegetal
A começar pela arquitetura bucal
                       VIII
Carnívoros são animais de intestino curto
Humanos têm intestino longo – eu quase surto
Com tanta matança para servir de alimentação
É muito crime sem julgamento – é só absolvição
                       IX
Se hoje até corruptos recebem homenagem
Homenagear o boi é coisa séria – não é bobagem
E assim posto, acabando essa bandalha
Homenageemos o boi desconhecido. Ele também merece uma medalha.