sexta-feira, 31 de março de 2017

Semana de 31 de março a 7 de abril de 2017

Nossa amizade é um jardim

Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho

                       I
Nossa amizade é um jardim
Com rosas, orquídeas e jasmim
Data de quase 20 anos
Que hoje me orgulho, me ufano
                    II
Nossa amizade é um jardim
Com avencas, helicônias e chapéus de mandarim
Com encontros, desencontros e reencontros
E fantasias mil que a ninguém conto
                     III
Nossa amizade é um jardim
Com estapélia, tecomária e flor de setim
Você mais madura, mais dona de si, mais mulher
Que encanta os sonhos de quem lhe ativer
                       IV
Nossa amizade é um jardim
Com begônias, hortências e até um insistente capim
Com a flor mais bonita e mais importante
Que é você que eu contemplo a cada instante.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Semana de 24 a 31 de março de 2017

Concurso Nacional Novos Poetas

Ano passado participei do Concurso Nacional Novos Poetas e foi classificada a poesia “Folha de Papel” e, dentro de um universo de 2.703 obras ficou contemplada nas 250 classificadas. Neste ano, na edição de Concurso Nacional Novos Poetas 2017 a poesia classificada foi “D. Eucleta” que ficou também classificada nas 250 num universo de 3.203 inscritas.     
          Tudo começou quando minha grande amiga Marizete Fabiana dos Santos enviou-me um link com o edital do concurso edição 2016. Deu tudo certo.
          Nesta segunda vez, pedi a Marizete que fizesse uma narrativa sobre como tudo começou. Marizete na sua condição de gigante de sabedoria e modesta, economizou palavras e não citou o fato por ela protagonizado em toda sua extensão. Não disse que foi ela a mentora descobridora de talentos. Igual a ela só Elis Regina que foi a primeira pessoa a gravar Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, entre tantos. Porém Elis tinha uma ponta de desencanto por não ter sido a primeira a gravar Chico Buarque, gravado em primeira mão por Nara Leão.
         Eu até a trato por “minha madrinha cultural”. Mais eu pedi que ela colocasse o nome em seu escrito-depoimento e ela não o fez. Eu cito-a nominalmente sem quebra de ética até porque lhe falei e,  é bom que as pessoas saibam de uma coisa:
          O poeta Paulo Ferreira não existiria sem Marizete. São palavras dela:

“Paulo Ferreira, querido amigo. O que dizer desse homem? Pessoa fascinante, singular, de coração enorme e mente criativa que consegue ver poesia em tudo que o cerca... A vida dele é isso. São poemas deixados ao vento que ele capta aos sabores e dissabores da caminhada... Sinto-me honrada de fazer uma minúscula parte dessa história”.


D. Eucleta
Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho

                       I
Seguramente, a vida de D. Eucleta
Se não foi triste, também não foi uma festa
Ainda jovem morreu-lhe o marido
Sabemos da agrura de perder um ente querido
                       II
Sozinha, dois filhos para criar e educar
Mais que nunca, precisava continuar a trabalhar
Seus rebentos – Maria do Socorro e José Neto
Canalizou esforços para garantir aos dois, futuro certo
                       III
Investir-se ao mesmo tempo de mãe e pai
Não é fácil, tem de ser muito capaz
Ainda mais manter filho em Curso de Agronomia
Apesar de Faculdade Federal, mais despesa viria
                       IV
Cinco anos na Faculdade – José Neto impedido de trabalhar
O curso em horário integral e disperso – difícil encarar
E para continuar tecendo este mesmo assunto
Fui testemunha desse evento – estudamos juntos
                       V
Condições parecidas – dinheiro pequeno; grande era a esperança
Acreditávamos em coisas que os olhos não viam, mas que só a mente alcança
A parte prática do curso era em Viçosa – lá no interior
Passagem de ônibus cara – carona pegávamos – não tínhamos pai doutor
                       VI
Foi duro para D. Eucleta enfrentar os leões na arena da vida
Mulher guerreira, de coragem, não se dobrou – sempre aguerrida
Amanuense da Gráfica Oficial do Estado de Alagoas – um exemplo
Passados alguns anos – mergulhado no passado – eu a contemplo
                       VII
Agora os papeis na família estão trocados
Se antes ela cuidava deles, hoje dela estão ocupados
Socorro - filha amorosa, José Neto – filho amoroso
Essência e marca indelével da família Fragozo
                        VIII
D. Eucleta hoje também vive ao sabor da aposentadoria
Seu mundo ficou menor – mais caseira em seu dia a dia
O relógio de sua vida não marca mais os segundos – somente horas
A pressa, companheira de outrora, foi embora. O tempo se revela em cada aurora
                          IX
D. Eucleta prometeu-me preparar um camarão bem servido
Vou dar uma de glutão, muito, mas muito metido
Se promessa cria expectativa porque palavra é trato
Não hesitarei – pantagruelicamente comerei até limpar o prato
                         X
Para desfrutar dessa ambrosia terei de ir a Maceió
Estou com água na boca – é tudo um pensamento só
De pensar, quase me contento
Tudo é uma questão de tempo
                       XI
A existência no planeta de D. Eucleta por si só justificaria
Somem-se a isso seus filhos – estrelas luzidias
D. Eucleta – mulher de muita garra – briosa
D. Eucleta – mulher insubstituível, divina, maravilhosa.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Semana de 3 a 10 de março de  2017

“Brasil é vergonha mundial”
Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho
                          I
A ministra das Relações Exteriores da Venezuela
Num desabafo falou de nossa secular esparrela
Num contexto exclusivamente moral:
“O Brasil é vergonha Mundial”
                         II
Brasil é terra de escândalos
Dominado por bandidos e vândalos
A corrupção pipoca em todos os cantos
Para os honestos – dor, sofrimento e pranto
                           III
A desigualdade social é abissal
Num caldeirão de fervura sem igual
O prognóstico é muito obscuro
 Jogaram para o passado o país do futuro
                          IV
Políticos dizem que o país vai mudar
E a pergunta que não quer calar
Mudar como, mudar para onde?
O Brasil vai a pé, de avião ou bonde?
                              V
Tenho planos de ir para um plano exterior
E como num parto sem dor
Viajar para um desconhecido planeta
Que a súcia não se meta
                              VI
E nesse longínquo lugar qualquer
Sem os neuróticos “ismos” para maldisser
E numa fria decisão que não ferirá meus brios
Chegando lá, queimarei meus navios.

Observação: “Queimarei meus navios” quer dizer ida sem volta.


segunda-feira, 6 de março de 2017

Semana de 24 de fevereiro a 3 de março de 2017


A maior das invenções

Poeta 
Paulo Ferreira da Rocha Filho

                        I
A questão até pode ser discutível
Numa conversa arrazoada, inteligível
Busca-se enfim uma opinião
Para “eleger” a maior invenção
                        II
Da escrita ao arado
Faz o homem seu traçado
Em sua trajetória inventiva
Muitas vezes acertando por tentativa
                       III
O avião nas viagens abrevia o tempo
É tanta invenção, tanto invento
A maioria é importante e valiosa
Outras nem tantos, não pagam uma prosa
                       IV
Para que inventar a bomba atômica
Que mata pessoas e deixa a humanidade atônita?
E as mortíferas armas de fogo
Gerando tanta violência –  segurança é logro
                       V
Energia artificial – Quanta luz
Quanto progresso ela traduz
O motor a combustão apesar de imundo
Ainda movimenta este moderno mundo
                         VI
E as invenções vão suprindo as necessidades
De indivíduos em todas as idades
Na vida se inventa, reinventa
Num turnover que o mundo ostenta
                        VII
Mas a invenção mais marcante
Vence as demais de forma acachapante
Faz o homem voltar ao natural:
São os óculos de grau
                        VIII
O invento das lentes óticas
Foi uma coisa muito boa, ótima
O surgimento dos óculos de grau
Evitou que milhões tivessem deficiência visual
                          IX
Quem não enxerga bem, com eles veem com nitidez
E assim todo mundo vê bem o mundo, têm vez
Óculos também permitiram outras invenções
Em nosso país e em outros rincões
                           X
Grandes gênios e inventores usaram-nos em seus ofícios
Para criarem e desenvolverem seus artifícios
As utilidades mil, é certo, nunca irão findar
Sem eles, quase impossível a linha na agulha enfiar.

Observação: o atento e estudioso leitor deste blog José Aparecido Fontoura leu o original escrito com sete estrofes. Depois, sugeriu que a poesia carecia de um sentido mais conclusivo. Ficou então com 10 estrofes.
          Pingos de Filosofia atendeu e agradece ao leitor.