Semana de 24
a 31 de março de 2017
Concurso Nacional Novos Poetas
Ano
passado participei do Concurso Nacional Novos Poetas e foi classificada a
poesia “Folha de Papel” e, dentro de um universo de 2.703 obras ficou contemplada nas 250 classificadas. Neste ano, na edição de Concurso Nacional Novos Poetas
2017 a
poesia classificada foi “D. Eucleta” que ficou também classificada nas 250 num universo de 3.203 inscritas.
Tudo começou quando minha grande
amiga Marizete Fabiana dos Santos enviou-me um link com o edital do concurso
edição 2016. Deu tudo certo.
Nesta segunda vez, pedi a Marizete
que fizesse uma narrativa sobre como tudo começou. Marizete na sua condição de
gigante de sabedoria e modesta, economizou palavras e não citou o fato por ela
protagonizado em toda sua extensão. Não disse que foi ela a mentora
descobridora de talentos. Igual a ela só Elis Regina que foi a primeira pessoa
a gravar Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, entre tantos. Porém
Elis tinha uma ponta de desencanto por não ter sido a primeira a gravar Chico
Buarque, gravado em primeira mão por Nara Leão.
Eu até a trato por “minha madrinha
cultural”. Mais eu pedi que ela colocasse o nome em seu escrito-depoimento e
ela não o fez. Eu cito-a nominalmente sem quebra de ética até porque lhe falei
e, é bom que as pessoas saibam de uma
coisa:
O poeta Paulo Ferreira não existiria
sem Marizete. São palavras dela:
“Paulo Ferreira, querido amigo. O que
dizer desse homem? Pessoa fascinante, singular, de coração enorme e mente criativa
que consegue ver poesia em tudo que o cerca... A vida dele é isso. São poemas
deixados ao vento que ele capta aos sabores e dissabores da caminhada... Sinto-me
honrada de fazer uma minúscula parte dessa história”.
D. Eucleta
Poeta
Paulo
Ferreira da Rocha Filho
I
Seguramente,
a vida de D. Eucleta
Se
não foi triste, também não foi uma festa
Ainda
jovem morreu-lhe o marido
Sabemos
da agrura de perder um ente querido
II
Sozinha,
dois filhos para criar e educar
Mais
que nunca, precisava continuar a trabalhar
Seus
rebentos – Maria do Socorro e José Neto
Canalizou
esforços para garantir aos dois, futuro certo
III
Investir-se
ao mesmo tempo de mãe e pai
Não
é fácil, tem de ser muito capaz
Ainda
mais manter filho em Curso de Agronomia
Apesar
de Faculdade Federal, mais despesa viria
IV
Cinco
anos na Faculdade – José Neto impedido de trabalhar
O
curso em horário integral e disperso – difícil encarar
E
para continuar tecendo este mesmo assunto
Fui
testemunha desse evento – estudamos juntos
V
Condições
parecidas – dinheiro pequeno; grande era a esperança
Acreditávamos
em coisas que os olhos não viam, mas que só a mente alcança
A
parte prática do curso era em Viçosa – lá no interior
Passagem
de ônibus cara – carona pegávamos – não tínhamos pai doutor
VI
Foi
duro para D. Eucleta enfrentar os leões na arena da vida
Mulher
guerreira, de coragem, não se dobrou – sempre aguerrida
Amanuense
da Gráfica Oficial do Estado de Alagoas – um exemplo
Passados
alguns anos – mergulhado no passado – eu a contemplo
VII
Agora
os papeis na família estão trocados
Se
antes ela cuidava deles, hoje dela estão ocupados
Socorro
- filha amorosa, José Neto – filho amoroso
Essência
e marca indelével da família Fragozo
VIII
D.
Eucleta hoje também vive ao sabor da aposentadoria
Seu
mundo ficou menor – mais caseira em seu dia a dia
O
relógio de sua vida não marca mais os segundos – somente horas
A
pressa, companheira de outrora, foi embora. O tempo se revela em cada aurora
IX
D.
Eucleta prometeu-me preparar um camarão bem servido
Vou
dar uma de glutão, muito, mas muito metido
Se
promessa cria expectativa porque palavra é trato
Não
hesitarei – pantagruelicamente comerei até limpar o prato
X
Para
desfrutar dessa ambrosia terei de ir a Maceió
Estou
com água na boca – é tudo um pensamento só
De
pensar, quase me contento
Tudo
é uma questão de tempo
XI
A
existência no planeta de D. Eucleta por si só justificaria
Somem-se
a isso seus filhos – estrelas luzidias
D.
Eucleta – mulher de muita garra – briosa
D.
Eucleta – mulher insubstituível, divina, maravilhosa.