sexta-feira, 27 de março de 2015

Semana de 27 de março a 3 de abril de 2015

Fábulas de Esopo:
O gato e o galo

          Um gato queria ter uma boa razão para devorar um galo que caiu em suas garras.
          - À noite – acusou-o -, teus gritos não deixam os homens dormir.
          O galo se defendeu:
           - É um serviço que lhes presto, chamando-os a seus deveres.
          O gato não se abalou e acusou o galo de ultrajar a natureza por não respeitar nem a mãe nem as irmãs.
          O galo respondeu:
          - Isso reveste mais uma vez para o bem de meus patrões: eles têm ovos em abundância.
          - Os pretextos especiais de nada servem quando o celerado, desavergonhadamente, está decidido a fazer o mal.


Ecologia:
Os perigos da higiene feminina

          Desodorantes vaginais e os produtos de higiene da mulher em geral contêm amoníaco, detergentes, perfumes e fenol – elementos tóxicos facilmente absorvidos pelo organismo feminino. Em vez de usá-los, convém à mulher lavar-se com maior freqüência e, se o odor natural incomodar, procurar um médico. Às vezes, um tratamento com gotas de óleo de lavanda ajuda muito. É fácil, simples e barato.
(Como defender a Ecologia Tudo o que você pode fazer para salvar o Meio Ambiente - Editora Nova Cultural).

1) Debaixo do tamarindo
- Augusto dos Anjos –
     
       2)  Arte reprimida nos tempos da ditadura e   os protagonistas do Golpe Militar
       - Paulo Ferreira –


1)       Debaixo do tamarindo

No tempo de meu pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!

Hoje, esta árvore de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!

Quando pararem todos os relógios
De minha vida, e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,

Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com apropria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!



                           


2)    Arte reprimida nos tempos da ditadura e os protagonistas do Golpe Militar

“Impossível reprimir os instintos naturais da Arte quando ela se encontra dentro de você” – Maryen R. Escobar

Paulo Ferreira


E
m 27 de março de 1982, o filme “Pra frente Brasil” dirigido por Roberto Farias -  uma narrativa sobre um homem preso por engano e torturado por militares no transcurso da Copa de 1970, leva o prêmio de melhor filme no Festival de Gramado. Dias depois, em 1º de abril, o presidente da Embrafilme, Celso Amorim, é demitido em conseqüência dos militares não gostarem da obra. A película havia sido financiada pela entidade, dessa maneira causando um mal estar, mostrando o caos social.

Ciclo Golpista Militar no Brasil

1º - Castelo Branco – (1964 – 1967)
      Responsável por três Atos Institucionais – exerceu um grande controle dos sindicatos. Criou o bipartidarismo (Arena e MDB) e estabeleceu eleições indiretas;
2º - Costa e Silva  - (1967 – 1969)
      - Decretou o AI-5 em 13 dezembro de 1968, fechado o Congresso, acabando com o habeas corpus e sedimentando a ditadura;
3º - Junta Militar     -  (1969)
       (os três ministros militares)
       Com a morte de Costa e Silva, o vice Pedro Aleixo (civil) não tomou posse, mas a junta composta pelos três ministros militares assumiu provisoriamente;
4° - Médice -  (1969 – 1974)
     Com ele veio a repressão e a tortura. Apogeu do “Milagre Econômico”, com crescimento e inflação baixa;
5º - Ernesto Geisel  -  (1974 – 1979)
      Pai da abertura “lenta, gradual e segura”, que contrariou os militares linha dura. Acabou com o
AI-5;
6º - João Figueiredo- (1979 – 1985)
       Segundo Delfim Neto, Geisel em relação à energia, não quis prospecção e muito menos que grupos estrangeiros se envolvessem com o petróleo brasileiro. O país começou o declínio econômico aí. Na administração João Figueiredo a ferida ficou mais aberta.

Obs:
a)    Historicamente falando, o Golpe Militar se deu em 1º de abril de 1964. Como esse dia ficou folcloricamente consagrado como o “dia da mentira”, Geisel mudou a data para “31 de março de 1964”

b)   Nenhum dos presidentes militares morreu rico.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Fábulas de Esopo:
Guerra e Violência

          Cada um dos deuses se casou com a mulher que o destino lhes havia reservado. Quando foi vez do deus Guerra, só havia sobrado a Violência: ele se apaixonou loucamente por ela e a desposou. Desde então, ela a acompanha por toda parte.
          A violência impera numa cidade ou entre as nações trazendo guerra e discórdia.


Semana de 20 a 27 de março de 2015
Ecologia

De onde vem o câncer

          Segundo a Organização Mundial de Saúde, 80% dos tipos de câncer existentes são devidos a fatores ambientais e poderiam ser evitados. Entre esses fatores estão muitas substâncias químicas produzidas pelas indústrias, para os mais diversos fins; o hábito de fumar e as dietas desbalanceadas. É sabido, por exemplo, que uma alimentação com poucas fibras favorece o câncer no intestino.
- Como defender a Ecologia – O Boticário
Editora Nova Cultural.

1) O Deus-Verme
- Augusto dos Anjos –
     
  2)  Desculpas, desculpas, desculpas – é só o que   ouvimos
       - Paulo Ferreira –


  1) O Deus-Verme
       - Augusto dos Anjos –

Fator universal do transformismo,
Filho da teológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme – é o seu nome obscuro de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com abactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.

Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...

Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica

Cabe aos seus filhos a maior porção!            



2) Desculpas, desculpas, desculpas – é só o que ouvimos

Paulo Ferreira

“Pessoas que são boas em arranjar desculpas raramente são boas em qualquer outra coisa” - Benjamin Franklin.

A
s manifestações do recente 15 de março de 2015 em todas as capitais, com o povo organizado pedindo um  governo de justiça, ao que parece não foi entendida. A presidente Dilma, cautelosa, não quis falar em cadeia nacional para não repetir o fiasco de sua fala anterior que motivou em estrepitoso panelaço em muitas capitais. Fez de arautos os ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça e Miguel Rosseto, da Secretaria Geral da Presidência da República. Ambos falaram em Democracia, Estado Democrático, e congêneres. Tudo num discurso vazio, verborrágico e divorciado da realidade. Não se falou em preço de passagens de ônibus, custo de vida, arrocho salarial, estradas em péssimo estado de conservação, pedágios, Sistema de Saúde cada vez pior, falta de geração de emprego, nada que refletisse o interesse geral e imediato da população.
          Falou-se de outra coisa: vai ser apresentado um conjunto de Medidas Anticorrupção. É preciso tudo isso? Quanto vai custar esse projeto? E a burocracia, tempo, papéis não se levam em conta? Tudo isso pode ser substituído por um só tema: ÉTICA – ou seja, basta que cada agente do governo haja dessa forma. Ser ético, ser honesto. Ética para todos, principalmente a população. É difícil?
          O filósofo político Rawls em sua obra “Uma Teoria da Justiça”, problematizou a seguinte condição quando se quer aplicar justiça, mesmo que sobrevenha a dúvida e, até não se saiba conceituá-la: um grupo de pessoas na “posição original”, sem saber seu lugar na sociedade, definiria as regras. E nessa condição essas pessoas sob um céu da ignorância decidiriam o que é mais justo para todos. E ninguém sem querer sair prejudicado, optaria naturalmente pelas regras mais imparciais possíveis. Temos aí a aplicação de dois princípios basilares da construção de uma sociedade ética: Liberdade e Igualdade. Por nossa sugestão, pode-se também formar um triângulo eqüilátero (três lados iguais) com um terceiro princípio – Fraternidade.

          Enquanto as palavras vagam no espaço, o tempo segue seu ritmo. Mais brasileiros nascendo com conseqüente aumento da demanda de mais recursos naturais e financeiros, e o país estagnado – E tudo só piora. Até quando vamos agüentar? A corda que nos amarra é de sisal ou de elástico?

sexta-feira, 13 de março de 2015

Fábulas de Esopo:

A camela

          Uma camela atravessava um rio de águas turbulentas. Tendo defecado, as fezes levadas pelo redemoinho foram parar no seu focinho. Ela então exclamou:
          - Como é que o que estava atrás veio parar na minha frente?
          Em certas ocasiões, os sensatos são ultrapassados pelos piores imbecis.

Semana de 13 a 20 de março de 2015
Ecologia

Charutos, cachimbos e Cia.
          Os aficionados do cachimbo e do charuto correm menos riscos porque não têm o hábito de tragar e, assim, ingerem menos alcatrão. Mas ocorre um fenômeno curioso quando alguém para de fumar cigarros e passa para o cachimbo: acostumada a tragar, essa pessoa ingere uma enorme quantidade de alcatrão e agrava o problema. Os cigarros de ervas não chegam a ser uma opção natural para o ex-fumante porque, embora não contenham nicotina, produzem alcatrão e monóxido de carbono. Só há uma saída: parar de fumar.
- Como defender a Ecologia – O Boticário
Editora Nova Cultural.

1) Versos a um cão
- Augusto dos Anjos –
     
  2)  15 de março – Impeachment para Dilma    Rousseff - onde estão os caras-pintadas?
       - Paulo Ferreira –


1) Versos a um cão
- Augusto dos Anjos –

Que força pôde, adstrita a embriões informes,
Tua garganta estúpida arrancar
Do segredo da célula ovular
Para latir nas solidões enormes?!

Esta obnóxia inconsciência, em  que tu dormes,
Suficientíssima é, para provar
A incógnita alma, avoenga e elementar,
Dos teus antepassados vermiformes.

Cão! – Alma de inferior rapsodo errante!
Resigna-a, ampara-a, arrima-a , afaga-a, acode-a
A escala dos latidos ancestrais...

E irá assim, pelos séculos, adiante,
Latindo a esquisitíssima prosódia
Da angústia hereditária dos seus pais!






15 de março – Impeachment para Dilma Rousseff - onde estão os caras-pintadas?

Paulo Ferreira

“Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos; é justamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis” - Sêneca


T
ivemos um presidente que sofreu Impeachment e perdeu o cargo em 1992. Muita gente foi às ruas para defender a melhoria do país. A “briosa” classe política deu seu exemplo de “austeridade” no julgamento do Collor.      
          O Brasil está muito bem. Mas o Brasil dos discursos dos que detém o poder.  O teor das palavras da presidente no último domingo (8/3/2015) em cadeia nacional atesta os fatos. Falou que não há clima para impeachment. Se o que ela afirma for verdade, então só nos resta mesmo abandonar o barco, senão vejamos: o impeachment de Collor foi motivado por uma rusga familiar. Seu irmão Pedro fez graves denúncias à revista Veja. Jogaram fermento nas denúncias e, resultou num vórtice político-social. Na seqüência, veio a perda do mandato.  Foi muito barulho por pouco. Não houve sequer um fato concreto que motivasse o afastamento do presidente. Collor perdeu o mandato num instituto juridicamente questionável – denuncismo. Não houve sequer um fato consistente, uma prova factível pelo que ele fora acusado. Somente um automóvel Fiat Elba que recebeu de presente do Paulo César Farias, o PC. Este foi o crime cometido pelo ex-presidente. Vale reprisar para os esquecidos e os mais jovens que atiram pedras em Collor, que o tribunal que o julgou, os “juízes” (políticos) com raríssimas exceções, não tinha o devido lastro moral nem para julgar uma raposa que assalta galinheiros. Dentre os deputados federais e senadores que se investiram do mais “honrado patriotismo”, muitos vieram a ser mais tarde revelados como grandes corruptos, entre eles o grupo denominado “anões do orçamento”. Os grupos que se locupletavam politicamente com dinheiro público, se viram em dificuldades para continuar suas benesses. Resolveram dar o troco – Insuflar a população ao impeachment. Isto porque Collor não roubou nem deixou roubar. Custou-lhe caro a ousadia. Ser honesto incomoda. Leve-se em conta também que o então presidente da Câmara dos Deputados – Ibsen Pinheiro, por não gostar de Collor deu cada vez mais celeridade ao processo de Impeachment. O que os políticos queriam àquela época era transformar um engodo político num espetáculo midiático. E conseguiram. Agiram inteligentemente por trás dos bastidores.
        A população e os caras-pintadas foram às ruas como massa de manobra sob a égide de um grande processo de controle social e mental.
          Passados esses 23 anos, hoje a conjuntura é outra. Se naquela época faltavam provas, hoje provas é o que não faltam. Quase toda semana surge um novo escândalo. Este último da Petrobras já ocorre há um bom tempo. Escândalo no Brasil tem alto status. Não se trata de mil reais, dois mil, 10 mil. E quando o assunto é Petrobras, se fala em cifras maiores, na casa dos bilhões.  É o que está ocorrendo agora: ainda sem a devida apuração conclusiva, pelo menos passaram pelo propinoduto cerca de R$ 23,7 bilhões ente 2011 a 2014 para pessoas físicas (4.322 supostamente corruptas) e pessoas jurídicas (4.298 empresas).  Há uma miopia generalizada. O dinheiro desviado migra para as contas bancárias, muitas vezes em paraísos fiscais e ninguém desconfia, nem sabe, nem se vê. Para que serve a contabilidade, ela não existe nessas empresas? Roubar no Brasil é fácil. Se for ladrão poderoso, engravatado e com um certo verniz social, vai bem. Muitas vezes passa despercebido. Descoberto, é crime quase impune. Monta-se um circo com fotografias do “acusado” (não pode algemá-lo para não constrangê-lo). Depois ele na continuação do espetáculo, vai preso. Mas o que menos interessa para nós é essa prisão. Prisão é mais um ônus para a população e, faz parte de um sistema falido. Por que não copiamos os índios que não sustentam um modelo prisional? Essa conta de todo prejuízo da estatal tem endereço certo: mais impostos para todos nós contribuintes. Para se aplicar justiça, pelo menos se deveria fazer um arresto dos bens ilegalmente adquiridos, inclusive investigando-se também a origem da fortuna de todos os familiares que enriqueceram de forma duvidosa e, fazer como se faz no Japão – exclusão da sociedade. Este último fato é explicado por Maslow – psicólogo norteamericano (ver Pirâmide de Maslow) que argumentava que depois das necessidades básicas e da segurança, ser aceito pelo grupo é o que o ser humano mais deseja. 
          Mais do que nunca, precisamos acabar com essa orgia com o dinheiro público. Se nada fizermos agora, quando iremos fazê-lo? Vamos esperar mais o quê?
          Em 15 de março vamos às ruas mostrar o que podemos fazer. Se o povo tivesse a consciência do poder que tem, que país teríamos, que povo seríamos?!
          Parodiando Collor e revivendo Platão: “Minha gente”, vamos sair da caverna. Lá fora, além das sombras que vemos projetadas na parede, existe uma outra realidade, um outro mundo que podemos fazê-lo ainda melhor.

Nota: Sei que alguns leitores irão “estranhar a absolvição” de Collor neste blog. Mas partimos do principio do jornalista Armando Nogueira que ao fazermos jornalismo, devemos “elogiar sem bajular e criticar sem ofender”. Collor foi acusado em 102 processos e absolvido em todos eles. Se a justiça errou, também erramos.   



sexta-feira, 6 de março de 2015

Leitora escreve
“Meus parabéns. 27 de fevereiro – dia do Livro Didático foi seu artigo que mais gostei – excelente. É sempre bom enfatizar a importância que tem o livro, ressaltar o prazer da leitura. Livro, conhecimento, autoconhecimento, qualidade de vida. Suas palavras: “Não existe Educação sem livros”, muito bem, muito bem.
- Gieuvânia
Foz do Iguaçu – Paraná. 

Fábulas de Esopo
A mosca
          Uma mosca caiu numa panela de carne. Afogada no molho e já quase morrendo, ela disse para si mesma: “Se já comi, já bebi e já tomei um banho, que me importa morrer?”
          Suportamos a morte com mais facilidade quando a ela não associamos pensamentos tristes.

Semana: 6 a 13 de março de 2015

E C O L O G I A:
Ganhe a guerra do cigarro

O cigarro que você fuma tem não apenas tabaco, mas 2 mil outros agentes químicos, muitos deles cancerígenos. Na lista de males que ele causa estão câncer no pulmão, enfizema pulmonar, bronquite crônica, câncer da laringe, da boca, do esôfago, embolia, derrames, enfartes. As mulheres enfrentam problemas adicionais: o cigarro antecipa a menopausa, prejudica a gravidez, atrapalha o desenvolvimento do feto. As estatísticas oficiais, as verbas públicas consumidas em assistência à saúde – tão necessárias, em países pobres, a outros tipos de doenças – dão conta da dimensão do problema: é um dos mais caros vícios da história da humanidade. A solução é enfrentá-lo com convicção.       
 – Como defender a Ecologia. O Boticário – Editora Nova Cultural. 


Í N D I C E:

1)   Soneto
     -Augusto dos Anjos-

   2)    A Revolução    Francesa e a greve dos caminhoneiros
     - Paulo Ferreira –



  1)    Soneto
      -Augusto dos Anjos-

                    Ao meu primeiro filho
                            Nascido morto com
                            7 meses incompletos
                                          2 fevereiro 1911.

Agregado infeliz de sangue e cal,
Fruto rubro de carne agonizante,
Filho da grande força fecundante
De minha brônzea trama neuronial.

Que poder embriológico fatal
Destruiu, com a sinergia de um gigante,
Em tua morfogênese de infante
A minha morfogênese ancestral?!

Porção de minha plásmica substância,
Em que lugar irás passar a infância,
Tragicamente anônimo, a feder?!

Ah! Possas tu dormir, feto esquecido,
Panteisticamente dissolvido
Na noumenalidade do NÃO SER!






Tomada da Bastilha - Pintura de Jean-Pierre Houel
A Revolução Francesa e a greve dos caminhoneiros
––
Paulo Ferreira

“No fundo, uma revolta é a linguagem dos que não foram ouvidos” – Martin Luther King (1929-1968).

A Revolução Francesa foi um marco histórico-econômico-social na extinção do feudalismo sustentado pela monarquia absolutista que parasitava a população. Os revoltosos acabaram com os privilégios da nobreza e do clero. A Revolução serviu até como marco de  uma nova era: Idade Contemporânea. A França vivia uma profunda crise financeira depois da Guerra do Sete Anos e a participação na Guerra da Independência dos Estados Unidos. A nobreza e clero não pagavam impostos. Um tratado econômico com a Inglaterra previa a venda de vinho francês em troca da entrada de tecido inglês na França. Isso desagradou a burguesia causando grande revolta. Afinal, não se podia competir com o baixo custo do produto inglês. O poder da dinastia dos Bourbons  não tinha compromisso com os problemas daquele país. O comando era centralizado. A monarquia bem que tentou respaldar-se demagogicamente usando o artifício de promessas políticas para manter a situação, tipo reformas ministeriais que resultaram infrutíferas, tendo a nobreza apresentado resistência para não ceder partes de seus privilégios para a construção do social. Em 1786 mais dificuldades econômicas na indústria e uma seca que reduziu a produção de alimentos, somado a um endividamento crescente. Depois o aumento no preço do pão que resultou na Tomada da Bastilha (prisão que representava o poder monárquico) em 14 de julho de 1789.
          Guardadas as devidas proporções, podemos com pouco esforço comparar a França daquela época  com o Brasil hoje: privilégios para a nobreza (políticos) e um “clero” mais abrangente, não necessariamente partícipe da Igreja. Socialmente falando, ainda somos um grande feudo. Se nesse quadro trocarmos Bourbons por PT e uns outros poucos detalhes; é como se estivéssemos em 1789 ano da Revolução Francesa. Mas com 1226 anos de atraso. Na França, Após a Revolução, cabeças rolaram (literalmente). Luís XVI foi guilhotinado em janeiro de 1793. Com a criação de um Tribunal Revolucionário de prender e julgar os traidores do povo, 1,4 mil pessoas foram guilhotinadas, acusadas de conspiração. Entre elas Danton e o jornalista Desmoulins.
          Cenário brasileiro atual: Temos a maior usina hidrelétrica do mundo – Itaipu Binacional, Petrobras - uma também das maiores no setor do petróleo no mundo. Com um detalhe importante: nossos vizinhos Argentina e Paraguai não têm nenhuma Itaipu ou Petrobras e, no entanto, gasolina e energia elétrica por lá são menos caras que no Brasil – “orgulho dos brasileiros”. O que nós ganhamos na prática em termos em essas duas grandes empresas?  E ainda mais, o Paraguai importa combustível da Petrobras. A gasolina no Brasil como se sabe, é uma das de pior qualidade. Alguns empresário brasileiros se instalaram nesses dois países porque é mais vantajoso e a carga tributária não arrasta boa parte do lucro que produzem como se faz aqui. E o que sobra para nós, simples mortais, que não podemos instalar uma extensão numa tomada da Argentina para consumirmos energia mais barata? Nem tampouco construirmos um gasolinoduto do Paraguai para importarmos o que antes exportamos?
          Na França o preço abusivo era o do pão e que serviu de estopim para o levante. Aqui preço alto abrange quase tudo e nada é resolvido. O custo de vida alçado pela energia, combustível, alimentos, e transporte já encostou a afiada lâmina da guilhotina brasileira nos pescoços. Mas não nos dos traidores e sim no pescoço da população. Ficamos quase sem saída.
          O Brasil vive escândalo atrás de escândalo. E nessa sequência frequente e ininterrupta, uma boa parte da população, principalmente de jovens acham que “essas coisas são naturais”. E dessa forma, vamos aos poucos incorporando ao nosso dia dia mais um desvio comportamental. Essa preocupação na construção social tinha o pensador Erich Fromm ao citar “defeito de caráter socialmente modelado” -  no  livro Psicanálise de Sociedade Contemporânea.
A França àquela época tinha Robespierre, Jean-Paul Marat e Georges-Jacques Danton.
          No Brasil, temos como nosso representante político Tiririca – analfabeto funcional, e outros de igual estirpe. Liberdade, Igualdade e Fraternidade, anseios do povo francês, no Brasil, ainda nem em sonho. Mas que não é impossível se alcançar. Quem sabe, teremos também nosso Iluminismo?!         
          Esperamos que a Greve dos Caminhoneiros que agora assistimos resulte em algo proveitoso. Que a petição dessa classe de trabalhadores explorados que tem como pauta a minoração do preço do combustível e pedágios, e a recuperação das estradas intransitáveis sejam o pão na França que resultou na Tomada de Bastilha quando seu comandante, De Launay foi preso.

          Brasília é a nossa Bastilha. O nosso De Launay usa saias.