sexta-feira, 20 de março de 2015




2) Desculpas, desculpas, desculpas – é só o que ouvimos

Paulo Ferreira

“Pessoas que são boas em arranjar desculpas raramente são boas em qualquer outra coisa” - Benjamin Franklin.

A
s manifestações do recente 15 de março de 2015 em todas as capitais, com o povo organizado pedindo um  governo de justiça, ao que parece não foi entendida. A presidente Dilma, cautelosa, não quis falar em cadeia nacional para não repetir o fiasco de sua fala anterior que motivou em estrepitoso panelaço em muitas capitais. Fez de arautos os ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça e Miguel Rosseto, da Secretaria Geral da Presidência da República. Ambos falaram em Democracia, Estado Democrático, e congêneres. Tudo num discurso vazio, verborrágico e divorciado da realidade. Não se falou em preço de passagens de ônibus, custo de vida, arrocho salarial, estradas em péssimo estado de conservação, pedágios, Sistema de Saúde cada vez pior, falta de geração de emprego, nada que refletisse o interesse geral e imediato da população.
          Falou-se de outra coisa: vai ser apresentado um conjunto de Medidas Anticorrupção. É preciso tudo isso? Quanto vai custar esse projeto? E a burocracia, tempo, papéis não se levam em conta? Tudo isso pode ser substituído por um só tema: ÉTICA – ou seja, basta que cada agente do governo haja dessa forma. Ser ético, ser honesto. Ética para todos, principalmente a população. É difícil?
          O filósofo político Rawls em sua obra “Uma Teoria da Justiça”, problematizou a seguinte condição quando se quer aplicar justiça, mesmo que sobrevenha a dúvida e, até não se saiba conceituá-la: um grupo de pessoas na “posição original”, sem saber seu lugar na sociedade, definiria as regras. E nessa condição essas pessoas sob um céu da ignorância decidiriam o que é mais justo para todos. E ninguém sem querer sair prejudicado, optaria naturalmente pelas regras mais imparciais possíveis. Temos aí a aplicação de dois princípios basilares da construção de uma sociedade ética: Liberdade e Igualdade. Por nossa sugestão, pode-se também formar um triângulo eqüilátero (três lados iguais) com um terceiro princípio – Fraternidade.

          Enquanto as palavras vagam no espaço, o tempo segue seu ritmo. Mais brasileiros nascendo com conseqüente aumento da demanda de mais recursos naturais e financeiros, e o país estagnado – E tudo só piora. Até quando vamos agüentar? A corda que nos amarra é de sisal ou de elástico?