Semana de 25 de agosto a 1° de setembro de 2017
Cotidiano brasileiro
Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho
(Três vezes aprovado em Concurso Nacional Novos Poetas do Brasil).
I
No Brasil há muito tempo não é diferente
Sempre notícias que estão roubando a gente
Em Brasília tem muita quadrilha bem aparelhada
Com políticos nos assaltando com cara deslavada
II
O acesso aos bens públicos é bem organizado
E todos são sem dúvidas muito bem aquinhoados
Quando descobertos, vem a espetacularização da
notícia
Com esses ladrões fortemente escoltados pela polícia
III
Mas se a roubalheira fosse de políticos somente
A população não fica atrás Age também verozmente
Pois quando tomba um caminhão
Muitos na carga metem a mão
IV
O motorista em seu pior momento de sofrimento
E os saqueadores sem respeitar esse sentimento
Essas mesmas pessoas chamam político de ladrão
Como, se nesse vasto campo todo mundo é irmão?
V
E nessa mixórdia, alguns revoltados se proclamam
Uns indiferentes, outros ausentes, outros se
inflamam
Nas Redes de Comunicação como uma diversão
Fazem gracejos, fazem piadas em meio a tanta
insatisfação
VI
Esse não é o momento indicado para piadas
Nossos sonhos, nossa liberdade uma, uma surrupiada
É difícil aceitar mas no Brasil crime compensa
Justiça imperiosamente exemplar não existe – se dispensa
VII
Muita roubo foi mostrado. Não há mais mistério
Vamos à rua, vamos agir, vamos ser sérios
Chega de sermos secularmente roubados
Não podemos deixar na graça e tudo de lado
VIII
Cadeia é pouco. Pode até ser um paraíso
Lá dentro estão mais protegidos que nós – tudo garantido
A população presidiária é mantida com dinheiro de nosso
imposto
E quanto mais gente presa, para nós, mais desgosto
IX
Deveriam todos terem os bens arrestados
CPF e demais documentos legalmente anulados
Extinguir cidadania com essa justificativa
Com isso talvez voltemos às nossas vidas ativas
X
É preciso urgentemente cassar dos ladrões a
cidadania
Sobrariam somente os nomes. Nenhum tipo de negócio se
realizaria
Nas mídias, uma programação de
interesse do povo
Daí quem sabe, um outro país poderia nascer de novo?!