Semana de 1º a 8 de janeiro de 2021
Poeta
Paulo Ferreira da Rocha Filho
- cinco vezes classificado
em Concurso Nacional Novos Poetas do Brasil;
- 1° Lugar em Concurso Literário Amaletras.
Uma casa soturna
Poeta
Paulo Ferreira da
Rocha Filho.
I
Era uma casa muito triste, bem
pequena
Morar ali não era normal, não
valia a pena
Um desequilíbrio total nas
energias
Se iniciava logo cedo ao raiar do
dia
II
A provedora dona da casa era
desequilibrada
De humor instável, como se
vivesse chapada
Um dia cravou um garfo na cabeça
de um menino
É Para se ter vaga ideia de seu
extremo desatino
III
Essa velha tomou para si cinco
crianças
Tutorando-as em profunda e má
ordenança
A criança mais frágil, mais
calada foi por ela eleita
Para ser o poço de seus ataques
com suas desfeitas
IV
Sobravam insultos ao bom velhinho
– seu marido
Vivia ele em seu mundo fechado –
homem querido
O ambiente era uma colmeia muito
enxameável
Muito hostil, lúgubre,
pesadamente desagradável
V
Havia uma mordaça, ninguém falava
o que queria
Alegria não entrava, naquela casa
ninguém ria
Cada um se supria a seu modo,
lavava sua roupa
Cada um por si e distantes, tinha
muita coisa louca
VI
A idosa, como toda abelha rainha
foi envelhecendo
As crianças por sua vez, foram se
desenvolvendo
Anos e anos foram se passando e a
anciã morria
Todos podiam melhor respirar, a
esperança nascia
VII
O tempo passou. Aquela casa não
mais existe
Somente uma pesada lembrança
ainda persiste
A casa foi abandonada, foi causa
de muita insônia
Nunca mais será erguida, a exemplo
da Babilônia.