sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Coluna do leitor

1) No artigo Crescimento econômico, Educação e a saúde do Planeta consta: “ 1° bilhão ocorreu em 1.880. Já o segundo bilhão, 130 anos após, em 1.830”.
A leitora  atenta Gieuvania corrigiu para 1930.


2)          Olá Paulo Ferreira. Boa noite!
Fiquei surpreso em saber que possui um Blog (confesso que não sabia...)!
Já pus nos favoritos e passarei a frequentá-lo.
Gosto muito dos seus textos, fazem refletir bastante!
Abraços amigo e até mais!
Wilson Klemann.


3) Prezado Paulo,

          Parabéns pela iniciativa e exposição de idéias.
          Quanto ao conteúdo da carta, enquanto, ensaio linguístico; informativo; visão da realidade; ideologia; lucidez; questões éticas; entre outros, está muito bem embasado e construído. Por outro lado considero que a resposta foi endereçada ao Brasil, aqui representado pela presidente, logo a todos os brasileiros. Eu incluído tenho a dizer que tirar uma vida é o maior crime entre todos os citados. Uma desgraça não justifica outra. Temos que pensar em outras soluções e não deixar a Indonésia, e centenas de outros, brincarem de ser justiceiros.
          Há uma justiça maior  que as leis dos homens e cabe a nós, interessados, repensar os modelos de educação e reaprender conjugar os verbos amar, votar/eleger, velhos e necessários clichês!
          Poderemos dar continuidade no assunto pois, minha resposta foi uma reflexão que pode ser revista à partir de outros e novos argumentos. Como já li em algum lugar - o absoluto é inacessível ao espírito do homem. A nossa evolução pode estar na mudança de crenças, não é?

Um forte abraço:
Wanderley Pekin




Nota da Redação: Por questão de espaço algumas cartas podem ser resumidas.
Semana: 30 de janeiro a 6 de fevereiro de 2015

E C O L O G I A:
Adote o cochilo

          O hábito da siesta na Espanha e México, também adotado em países como Portugal, Grécia e mesmo Itália, tem sido apontado como regenerador: elimina em 30% dos casos os riscos de doenças do coração. Descubra um modo de adotá-lo, nem que seja por quinze ou vinte minutos. A tarde fica mais leve.
- Como defender a Ecologia. O Boticário – Editora Nova Cultural. 


Í N D I C E:

1)   O morcego
     -Augusto dos Anjos-

   2)   Brasileiros pedem clemência a presidente Dilma para a resolução de seus 10 maiores problemas
 - Paulo Ferreira –


        1)  O morcego
      -Augusto dos Anjos-

Meia noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.


“Vou mandar levantar outra parede...”
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’ alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!




2) Brasileiros pedem clemência a presidente Dilma para a resolução de seus 10 maiores problemas

Paulo Ferreira


P
esquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – Pnud com a participação de mais de 500 mil pessoas que estão angustiadas com 10 dos problemas mais graves do país – Chaga social:

1º    - Educação;
2º    - Violência;
3º    - Políticas Públicas;
4°   - Emprego;
5°   - Saúde;
6º   - Meio Ambiente;
7°   - Justiça;
8°   - Infraestrutura (energia, saneamento, transporte          e telecomunicações);
9°   - Política;
10° - Impostos.

          Considerando a sensibilidade de nossa presidente ter sentido na pele a necessidade de pedir clemência ao presidente da Indonésia pela vida de nosso patrício – Marco Archer, confiamos que um país inteiro pedindo clemência para a solução de problemas graves e de inadiáveis soluções que atingem direta e diariamente a vida de mais de 200 milhões de pessoas, terá projetos para equacionamento dentro do menor prazo possível.
          Tomamos a liberdade para acrescentar mais dois grandes problemas que merecem compor esta lista:
11° - Reforma Agrária;
12° - Distribuição de renda.
        
Com júbilo cético, agradecemos.

Brasil, 30 de janeiro de 2015.

                       Assinado:

         Os 202.768.562 brasileiros

  

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Semana: 23 a 30 de janeiro de 2015

E C O L O G I A:
Coma menos carne:

          As carnes vermelhas demoram mais tempo para serem digeridas. Muitas vezes contém hormônios (para engorda do animal, para amaciar as fibras) e antibióticos. As pesquisas médicas põem hoje certas carnes como suspeitas em casos de gota, distúrbios cardíacos e vários outros problemas. Se você quer eliminá-la de sua rotina, ao menos limite-se  ao mínimo que puder – por exemplo, uma ou duas vezes na semana. Consuma peixe, vegetais, carne de soja, frango – itens que podem também apresentar problemas, porém em menor escala.
          – Como defender a Ecologia. O Boticário – Editora Nova Cultural. 


Í N D I C E:

1)   Agonia de um filósofo
     -Augusto dos Anjos-

2)  Como o presidente da Indonésia [deveria] responder ao pedido de clemência da presidente Dilma Roussef
 - Paulo Ferreira –



1)       Agonia de um filósofo
      -Augusto dos Anjos-

Consulto o Phtah-Hotep. Leio o obsoleto
Rig-Veda. E, ante obras tais, me não consolo...
O inconsciente me assombra e eu nele rolo
Com a eólica fúria do harmatã inquieto!

Assisto agora à morte de um inseto!...
Ah! Todos os fenômenos do solo
Parecem realizar do polo a polo
O ideal de Anaximandro de Mileto!

No hierático areópago heterogêneo
Das ideias, percorro, como um gênio,
Desde a alma de Haeckel à alma cenobial!...

Rasgo dos mundos o velário espesso;
E em tudo, igual a Goethe, reconheço

O império da substância universal!
2) Como o presidente da Indonésia deveria responder(1) ao pedido de clemência da presidente Dilma Roussef

Paulo Ferreira da Rocha Filho


“Marco Archer Cardoso Moreira. Viveu 17 anos em Ipanema, 25 traficando drogas pelo mundo e 11 em cadeias da Indonésia”.
          Total: 53 anos – sua idade ao morrer fuzilado sábado, 17 de janeiro de 2015 - Conteúdo da entrevista de Marco Archer ao repórter Renan Antunes de Oliveira em 2005 numa prisão na Indonésia.




Jacarta (Indonésia), 23 de janeiro de 2015.

Excelentíssima Senhora Presidente da República do Brasil Dilma Roussef


V
ossa Excelência se dirigiu a mim  dizendo bastante sentida na qualidade de chefe de estado e também como mãe com a decisão da Corte de nosso país em determinar pena capital ao seu patrício Marco Archer Cardoso Moreira. Se a senhora ficou sentida, eu por minha vez fiquei estarrecido com tal pedido de clemência. O meu estarrecimento é que a senhora com esse pedido já demonstra que nem é boa governante nem boa mãe. E mais: para início de uma conversa arrazoada, não deveria ser um pedido de clemência e sim um pedido de desculpas, pelo fato de seu concidadão ter entrado em nosso território portando drogas.
           Nosso país tem leis rígidas e claras para coibir todo tipo de ação que possa comprometer nosso futuro. Todo país deveria fazê-lo. Não são medidas emanadas de um ditador. São princípios construídos socialmente ao longo do tempo. Tanto que 70% da população apoiam esse tipo de sanção. Uma pessoa que usa ou faz tráfico de drogas, provoca uma ação devastadora em qualquer país. Fazendo uma análise perfunctória de ordem econômica, social e humana, vejamos:
a) Econômica – Não sei se a senhora sabe, mas em seu país, Brasil, os pais gastam com cada filho cerca de R$ 2 milhões até ele chegar à universidade;
b) Social - A população funciona bem como um grande sistema tendo todas as peças formadoras iguais valor. Nenhum sistema funciona a contento com partes defeituosas.
c) Humana – drogas desumanizam. É triste ver um uma pessoa em seu pior quadro quando depende de drogas. Sem autoestima, sem identidade, sem produzir para si e para os outros. E tendo como certeza somente a morte.
          Drogas acarretam tudo isso além de anular todos os projetos de cunho político, até mesmo a soberania de um país porque queiramos ou não, compromete até a governabilidade. Em seu país a bandidagem grassou de uma forma tão aviltante que muitas facções criminosas estão até melhor armadas e aparelhadas que as próprias polícias. Ser policial num país como o Brasil é tarefa difícil, considerando o nível de estresse que esses profissionais se submetem. Policial no Brasil trabalha como se estivesse enxugando gelo - isto porque eles prendem e a justiça solta.
          A soberania de um país deve ser respeitada por todos os outros, desde que seja justa. Não se constrói uma nação com uma sociedade permissiva como a brasileira. Vocês criaram o Auxílio Reclusão - Lei nº 8.213/1991 que serve para amparar a família de um criminosoo quando este fica preso. Logo, a família não deve ser penalizada pela ação daqueles que dele dependem. Paradoxalmente, nesse mesmo contexto, a família da vítima não recebe nenhum benefício e nenhuma lei a protege por esse ato. O mesmo Estado de certa forma, com isto, se comporta como se absolvesse o bandido e condenasse o inocente. O cuidado e zelo com a população deve ser premissa de todo país. Na Grécia antiga, Sócrates foi condenado por denuncismo de estar corrompendo a sociedade. Tanto que nunca apareceu nenhum pai ou mãe para apontá-lo da acusação - foi uma morte injusta e o tempo e a história comprovaram.
          Não é justo colega presidente enquanto seus patrícios trabalham tenazmente para o próprio sustento e de suas famílias, muitos deles não provendo as necessidades básicas, surja nesse cenário de sacrifício uma pessoa “diferente” que quer “levar vantagem em tudo – Lei de Gerson”.  Essa lei aqui não funciona. Marco Archer tomou todo tipo de droga. Falou com orgulho e pompa: “Nunca tive um emprego diferente na vida. Sou traficante, traficante e traficante, só traficante”. Os 13,4 kg de cocaína que trazia embutida dentro dos tubos de sua asa delta serviriam para lhe garantir “um pé-de-meia” para manter-se muito bem durante toda vida. A droga foi adquirida em Iquitos (Peru) por 8 mil dólares o quilo. A cotação no mercado em Bali era de 3,5 milhões. Valia a pena arriscar. A  desenvoltura dele em meu país é explicada. Ele morou na ilha indonésia de Bali por 15 anos. Falava bem a língua bahasa. Foi um plano adredemente planejado. Eu lhe pergunto senhora presidente: não teria sido melhor ele ter empregado esse tempo de 15 anos estudando como faz a maioria em seu país? Para não dizer que ele não estudou, fez um curso de chef na Suíça que usava esporadicamente em Tangerang ao cozinhar para o comandante da cadeia em troca de privilégios. É ruim viver honestamente em seu país? Nossas leis, repito, são rígidas – mas rígidas para os de má índole. Não para as pessoas de bem. Marco Archer por sua vez, as banalizou: “ora, em todo lugar do mundo existem leis para serem quebradas”, “Se eu fosse respeitar leis nunca teria vivido o que vivi”.
          Com essa “renda” fácil e rápida que supera qualquer emprego e investimento lícito até no mercado de capitais, ele levava uma vida nababesca. Mantinha apartamentos em Bali, Hawaí e Holanda. Recebia amigos que nunca lhe perguntaram de onde saía tanto dinheiro para as baladas. Pretendia sair da escuridão do anonimato. Planejava contar suas aventuras e peripécias dignas de um roteiro de fazer inveja a Alfred Hitchcock – mestre dos filmes de suspense. Até se preparou para colocar um diário na Internet. Fez parte de um bestseller da jornalista australiana Kathryn Bonella – narrativa da vida glamurosa por traficantes em Bali – com orgias, mulheres e drogas com direito a sessões de fotos em mansões cinematográficas. Presidente Dilma, Vossa Excelência em sua carta falou que “o ordenamento jurídico brasileiro não comporta a pena de morte” e que seu “enfático apelo pessoal expressava o sentimento da sociedade brasileira”. É discutível sua afirmação até mesmo que, convenhamos, também devem existir brasileiros que concordem com “nosso ordenamento jurídico”. O deputado federal Jair Bolsanaro que representa essas pessoas, até me escreveu carta com moção de apoio. Para os que pensam que nosso país mata as pessoas é o mesmo que afirmar levianamente que é o professor quem reprova os alunos, quando na verdade, a reprovação do aluno deve cair somente sobre seus próprios ombros – sua responsabilidade. Cito aqui uma máxima de um outro seu patrício, almirante Barroso: “O Brasil espera que cada um cumpra com seu dever”. Vossa Excelência  concorda com a opinião desse militar?
          Sabemos da importância da vida. Uma pessoa que morre em qualquer parte do mundo representa uma perda irreparável. Cada ser humano é único em sua dimensão psicológica, cultural e de historicidade. Sendo criança ou adulto em pleno apogeu de sua capacidade produtiva e/ou reprodutiva, aposentado e até mesmo bem velhinho, é uma vida interrompida. Não temos outro caminho a não ser este. Que argumento Vossa Excelência me apresenta que justifique uma pessoa disseminar drogas para a sociedade?  Droga desfaz qualquer família, sociedade e até país. Quantas vidas e famílias Marco Archer destruiu? Quer violência maior que esta? O interesse e justiça de todos prevalecem sobre a injustiça de um que está fora da lei. E concordamos que não é justo toda uma sociedade assumir um erro gravíssimo cometido por uma pessoa. Aqui nós atacamos as causas; no Brasil se prefere atacar os efeitos. É por isso, Vossa Excelência que seu país se encontra da maneira que está. Das 50 cidades mais violentas no mundo 19 são brasileiras. O Brasil é um país violento. As estatísticas não me deixam mentir. Para se andar com uma relativa segurança no Brasil, contamos os lugares:
          a) locais de trabalho;
          b) instituição de ensino;
          c) supermercados e
          d) shopping Centers.
          Fora isso, salve-se quem puder. Logo, colete a prova de balas deverá fazer parte da indumentária do dia-a-dia dos brasileiros – já se faz necessário.
        À época de sua prisão em nosso país em 2003, Marco Archer tinha a idade de 41 anos. Se até essa idade nunca trabalhou como mesmo afirmara categoricamente e com ar desafiador, porque pai, mãe, família ou alguém por ele responsável nunca o inquiriu sobre sua condição de “homem de sucesso”, “bem sucedido” como sempre viveu? Por que nunca desconfiaram desses seus “dotes” e “talentos”? Por que nunca lhe perguntaram de onde vinha toda aquela dinheirama? Faltou tempo para observar? Ele foi preso e solto amiúde. A impunidade de seu país fez brotar-lhe a sensação de invulnerabilidade – Era o “David Copperfield” dos traficantes.
          Reiteramos no valor da vida.  Para a família de Marco Archer, meus pêsames como chefe de estado e como pai. A
Vossa Excelência, presidente Dilma, o desejo de manter nosso cordial apreço e os laços que unem nossos países. Chamar seu diplomata a Brasília pelo acontecido, alegando “um estremecimento” nas nossas relações bilaterais é outro despreparo quase pueril de sua administração, negando as leis de meu país.
          Aproveite o ensejo e peça clemência aos assaltantes de seu país para não matar a população que trabalha e tem responsabilidades para cumprir sua obrigação e, que está tentando construir um mundo melhor.
          Para finalizar, faço minhas as célebres palavras do filósofo Pitágoras: “Educai as crianças e não será preciso punir os homens”.

Muito atenciosamente:


Joko Widodo
Presidente da Indonésia

(1) Esta carta fictícia foi escrita por Paulo Ferreira da Rocha Filho – Blog Pingos de Filosofia.




sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Semana: 16 a 23 de janeiro de 2015

E C O L O G I A:
A arte de mastigar:

          Ao menor sinal de cefaleia – a popular dor de cabeça – milhões de pessoas tomam uma aspirina ou analgésico de outro tipo – decisão frequentemente inútil. Se a dor de cabeça resulta de tensão emocional, ansiedade, nenhum analgésico resolve. O melhor é relaxar o corpo e a mente, massagear o pescoço, se possível dormir um pouco. Mas uma das razões mais comuns para cefaléia é a má digestão – é comum as pessoas comerem apressadamente, mentalmente tensas. Habitue-se a “desligar a máquina” na hora das refeições. Coma devagar, mastigue bem, modere o cardápio, pare na hora certa. As pílulas vão ficar na gaveta.
    – Como defender a Ecologia. O Boticário – Editora Nova Cultural.    

Í N D I C E:

1)   Para Georgette Fadel
     - Jeane Hanauer -

   2)  Cuidando do Planeta
 - Paulo Ferreira –


1)    Para Georgette Fadel

Quando atua,
Georgette põe as tripas no cenário
e a plateia também se sente
destripada.
Se eu aindativesse tripas
seriam iguais às de Georgette.

(Transcrito do livro Cronópio Godot da poeta Jeane Hanauer).






2)                  Cuidando do Planeta

“A sabedoria da natureza é tal que não produz nada de supérfluo ou inútil” – Niccolo Copernico

“A
mazônia, pulmão do mundo” – retórica disseminada há décadas por quase todos nós brasileiros e até pessoas de outras partes do mundo.
          A assertiva é discutível até porque ao contrário que muita gente pensa, pulmão não produz oxigênio, só consome. O que podemos afirmar é que a floresta funciona como um colossal termoregulador natural no equilíbrio dos climas do Brasil e do mundo.  Isso até justificaria uma mobilização mundial em benefício do clima e também da  preservação, proibindo com rigor exemplar as queimadas, desmatamento e a pecuária extensiva. Não sei porque isto ainda não aconteceu. Os prejuízos ambientais por essas práticas é a emissão de gases geradores do efeito estufa, erosão, assoreamento de rios e nascentes, compactação do solo, mudanças no regime hidrológico e clima.  Essa problemática em cadeia diz respeito às questões ambientais e, o que se refere também à Economia, tem efeito devastador. Nossa matriz energética é o petróleo. Fazemos parte de um sistema de exclusão social em uma cultura alienada, viciada no consumismo, individualismo e imediatismo. Estamos em nosso dia-a-dia agredindo a natureza. Vejamos o que são feitos com copos plásticos: a natureza passa milhões de anos para compor essas moléculas e o homem, em fração de segundos as destrói. Na cultura do descartável, esses utensílios só devem ser usados uma vez. Depois são remetidos para os lixões ou aterros sanitários para recrudescer os inúmeros problemas ambientais.
          Todos nós causamos impacto ambiental. Começando pelo nosso nascimento. Um novo inquilino no Planeta significa mais demanda para se produzir alimentos, maior consumo de água, vestimenta e toda uma ordem de recursos necessários à sobrevivência. E, geralmente quanto mais rica é a pessoa, maiores são os recursos que ela usa. É eticamente inadmissível e ecologicamente insustentável que fiquemos consumindo de maneira perdulária os recursos do planeta.  Mais posses, mais comprometimento com a saúde do Planeta. Elvis Presley, por exemplo, à época de sua morte (1977), deixou 14 automóveis e 4 aviões.
          A política econômica trata os recursos naturais como se estes fossem infinitos.
          No Brasil o setor de transporte público em sua maior parte é servido por ônibus movidos a óleo diesel e, quando existe metrô nas grandes cidades, geralmente os quilômetros percorridos para atender à população são proporcionalmente incompatíveis com as reais necessidades. Em Recife (Pernambuco) desde os anos 1960 começaram a trafegar ônibus elétricos silenciosos e não poluidores. Estes resistiram até meados dos anos 1980 quando os tiraram definitivamente de circulação.
          Existe a cultura pró-automóvel. O sistema econômico preconiza que todos tenham carro para resolver o problema de transporte. Problema esse que é da alçada do poder público e não do cidadão.  Carro mais que um meio de transporte, é usado como indicador social, como já cantava nos anos 1950 o maior cantor de frevo do mundo – Claudionor Germano com a música “Quem vai pra Farol é o bonde de Olinda” do compositor Capiba: - “Você diz a todo mundo que é milionária/mas só lhe vejo andando a pé/essa mania de mentir meu bem não convém/viaja ao menos no loré”.
          Apertando a situação, temos em nossa programação televisiva durante a semana os apelos e, aos domingos, programas cujo foco é o automóvel para incentivar o consumo. Tem programa de televisão a ele direcionado como Auto Esporte aos domingos pela Rede Globo de Televisão. E mais: Muitos prêmios top também são carros.
          Ainda na questão do automóvel, poucas são as pessoas solidárias nos transporte para dar carona. Uma grande quantidade de carros trafegam  somente com uma pessoa – uma das causas das vias públicas estarem “entupidas” com trânsito caótico e saturado. São milhares de veículos somados a uma ausência de política pública de transporte urbano. Transporte é problema de todos. E se somos também parte desse governo devemos “brigar” por nossos direitos.
          Outro problema: até a década de 1980, havia cerca de um televisor para cada casa. Atualmente é quase um televisor para cada cômodo – um na sala, nos quartos, cozinha, banheiro. Isto sem levar em consideração os que existem nos próprios carros e até em aviões de carreira (um para cada passageiro). Tão grande e poderosa é a onipresença desses aparelhos que até parece que não vivemos mais sem eles. Lembremos também dos telefones, visto que também era menos de um aparelho por domicílio. Hoje praticamente cada pessoa tem um celular, sem contar as que têm mais de um aparelho.
          Nosso planeta já não suporta tanto desperdício onde cada vez mais dilapidamos os recursos naturais não-renováveis. Tiramos da Terra bem mais que ela pode repor. Que sociedade é essa que somos que nem paramos para pensar de modo racional que esse sistema de consumo calcado na cultura do descartável está esgotando o Planeta?
          Caso não substituamos este modelo político-econômico que compromete o equilíbrio ecológico e como conseqüência nossa sobrevivência, não haverá salvação. Para manter o atual padrão de consumo mundial teria de existir mais 2,5 planetas Terra e ele é o único para as nossas condições no sistema solar.

           Precisamos o quanto mais repensar a nossa relação de suprimento para as reais necessidades de cada um - antes que seja tarde.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Semana: 9 a 16 de janeiro de 2015

E C O L O G I A:
Tire os remédios da cabeça:

      Os especialistas calculam que há no máximo duzentos remédios e vacinas necessários ao bem-estar das pessoas. Os laboratórios despejam nas farmácias do Brasil mais de 5 mil diferentes medicamentos – na maioria “variações sobre o mesmo tema”, apoiados por maciças  campanhas publicitárias. Assim, antes de comprar um remédio procure um médico para ter certeza de que é de fato necessário. Lembre-se de que, comendo e dormindo regularmente, com sistemas nervoso e digestivo em ordem, você já escapou da imensa maioria dessas falsas necessidades.
    – Como defender a Ecologia. O Boticário – Editora Nova Cultural.    

Leitora atenta:

Í N D I C E:

1)   Tarde Santa
     - Jeane Hanauer -

2)  Calendário -
 - Paulo Ferreira –

  
1)       Tarde Santa

Fechou merecidamente os olhos
E entregou sua melhor encarnação
Aos músculos suados do macho
Que apenas nesta tarde era apenas dela.
No suprassumo de sua pele e na boca
Ele trazia um exclusivo veneno de homem.
Pois bem.
Tudo o que ela queria para todas as tardes
Do resto de sua existência
Eram essas mortes perfeitas
Sob o santo macho.

(Transcrito do livro Cronópio Godot da poeta Jeane Hanauer).




Ombudsman: engenheiro Artur Frassy



Tempo e calendário

Paulo Ferreira

“Eu consigo calcular o movimento dos corpos celestiais, mas não a loucura das pessoas” – Isaac Newton

N
ão se sabe ao certo, mas o homem lá nos primórdios via que os sucessivos aparecimentos do Sol e da Lua ocorriam em determinados intervalos. Que ele como ser vivo estava submetido a um ciclo natural a ser cumprido: nascer, crescer, reproduzir e morrer. Esse mesmo destino também para outras espécies de seres vivos, além das plantas. Mas que intervalos seriam esses? Sentiu a partir daí a necessidade de medir o tempo. Mas como? Com os estudos dos movimentos dos astros celestes (Sol e Lua) e com o aprofundamento da Astronomia mais tarde, deram as bases para o atingimento desse objetivo. Como consequência tivemos nesses estudos o fracionamento do tempo em ano, mês, semana e dia. Em função do Sol, o dia é unidade fundamental de todo calendário. A semana tem origem astrológica: cada um dos sete dias era dedicado a um deus, associado a vários astros no céu. Também se considerou a soma do numero divino (3) e o número terreno (4). O mês resultou da periodicidade das fases lunares. O ano foi estabelecido tendo a agricultura como referência. Também começou a observar que o dia ainda podia ser fracionado. Chegou então a criar o sistema duodecimal – tomando como base o número 12. Isto porque esse número era dos prediletos do homem primitivo. O 12 resultava de um produto do número divino (3) e do número terreno (4). Esse sistema inspirou a chamada dúzia. Também doze eram geralmente as famílias de uma tribo na antiguidade e os signos do Zodíaco. 12 horas eram dia e as outras 12, noite. A cada uma dessas partes chamou-se hora. Minutos e segundos como consequência, vieram logo depois.
          Tomando como base de estudos da Astronomia, calculou-se uma defasagem de 30 minutos a cada mil anos. Um cientista de nome Norman Ramsey criou nos anos 50 um processo para redefinir o segundo como sendo o tempo de vibração do átomo de césio e não mais a sexagésima parte do minuto. Com isto se reduziu a margem de erro de um segundo a cada mil anos.
          Enfim, o homem dessa maneira “domou” o tempo.
          Mas o que vem a ser o tempo para nosso entendimento? Existe tempo para os animais? Para os seres humanos, sim. O que é diferente dos animais que não têm linguagem. Como os animais não tem a consciência cognitiva, eles não desenvolveram a  memória. Eles vivem o instante de agora. Passado e presente ficam fora de sua percepção.
         Nessa questão, Heidegger em sua obra-mestra Ser e Tempo afirmava que a percepção humana procedia de uma análise do próprio homem consciente de ser parte do universo. Ele usou o termo alemão Dasein para designar o “ser aí”, “estar aí” com a finalidade de libertar-se dos pressupostos metafísicos contidos nessa condição de animal racional. A essência do Dasein é a própria consciência como ser vivente e pensante – não é ser no mundo, mas ser ao mundo no sentido ontológico.

         E dessa forma, Ciência e Metafísica nos situaram no tempo.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Semana:  2 a 9 de janeiro de 2015

E C O L O G I A:
Dê mais ar aos pulmões:

          A maioria das pessoas só usa uma pequena parte dos pulmões para respirar (o terço superior), não fornecendo ao sangue um bom suprimento de oxigênio. Respirar profunda e corretamente é muito saudável para o corpo e para a mente. Diminui a ansiedade, melhora o raciocínio. Aprenda a boa respiração, aumente a resistência e faça disso um hábito automático.
    – Como defender a Ecologia. O Boticário – Editora Nova Cultural.    

Í N D I C E:

1)   Notas de fundo
     - Jeane Hanauer -

2)  Crescimento econômico, Educação e a saúde      do Planeta
 - Paulo Ferreira –

  
    1)  Notas de fundo

Invejando essa atribuição exclusivas das especiarias,
Néctares
E resinas aromáticas,
Quer recender a canela.
Anis estrelado,
Lavandas de Tafí.
E, embora os poros só exalem
A ácida escrita,
Os lábios e olhos
São sempre de exclusivo ópio.

 (Transcrito do livro Cronópio Godot da poeta Jeane Hanauer).




Ombudsman: engenheiro Artur Frassy


Crescimento econômico, Educação e a saúde do Planeta

Paulo Ferreira

“A Terra produz o suficiente para cada homem
 mas não para a voracidade  de todos os homens” – Ghandi


C
rescer sem degradar. Este é o maior dilema que se depara a humanidade. Sob a óptica da Teoria de Gaia, o Planeta está em constantes transformações. Do período pré-cambriano há cerca de 542 milhões de anos passando pelas eras Paleozóica, Mezozóica à atual Cenozóica, as mudanças, principalmente as climáticas vinham ocorrendo a lentos passos da natureza. Com o advento da Revolução Industrial em meados do Século XIX com o aperfeiçoamento da máquina a vapor de James Watt, o que eram passos da natureza passaram a saltos pelo homem. As indústrias foram surgindo e, com elas, mudanças comportamentais das pessoas que levavam uma vida simples foram direcionadas para o consumo. E cada vez mais as chaminés das fábricas vomitando gases poluidores foram aumentando. Nos últimos 650 mil anos, o total de CO2 na atmosfera não passava de 280 partes por milhão – ppm. Atualmente são mais de 400 ppm.
          O primeiro bilhão de habitantes no Planeta ocorreu em 1800. Já o segundo bilhão veio logo após 130 anos, em 1830. Em 1960 atingimos o 3° bilhão e em 2011 já somamos sete bilhões. Mais gente significa também aumento na demanda por água, alimentos, terra e outros recursos. Mas aí quando a demanda é governada pela Biologia está tudo bem. Quando a demanda é governada pela Economia o desastre é quase certo. Muito embora a Economia como definição “é a Ciência que estuda os fenômenos relativos à produção, distribuição e consumo dos bens”. De onde inferimos que a questão ambiental deveria ser tutorada pela Economia. Na prática, Ecologia e Economia ficam em posição diametralmente opostas, tanto do sentido do plano prático como no plano político.  A Economia precisa ser aquecida, os países precisam crescer, Para que isso ocorra, o consumo desenfreado é até muitas vezes oficialmente estimulado.
          A China com seus 1,348 bilhão de habitantes, é o país da “moda”. Para quem não sabe, o tão propalado crescimento chinês tem um custo social, econômico e ambiental  altíssimos. 1/3 de seus rios e 75% dos lagos estão contaminados. Mais de 750.000 pessoas morrem por ano em decorrência da água de baixa qualidade e do ar muitas vezes pútrido. Para se ter uma idéia desse quadro estarrecedor, das 20 cidades mais poluídas do mundo, 16 são chinesas. O “desenvolvimento” chinês é uma desgraça ambiental.
          O Brasil por sua vez também contribui muito para a degradação Ambiental – é o país que mais desmata no mundo
          Os Estados Unidos da América, locomotiva econômica mundial (ainda) já se encontra no gargalo de sua expansão agropecuária – quase não há mais terras disponíveis.
          Outro problema de grande monta é a questão do lixo. No Brasil são geradas 260.000 toneladas por dia, o que representa quase 1,5 kg/habitante/dia.



O que precisamos fazer?
        
 É mister, o mais breve possível rever e reformular o modus vivendi como também o modus operandi para diminuir e, se possível, sustar todo processo de degradação ambiental. È extremamente necessário o aporte da Educação para melhorarmos o quadro que vivemos. Quatro são as maiores agressões ao ambiente:
          1) desmatamento;
          2) expansão agropecuária;
          3) urbanização e
          4) poluição.
          São problemas difíceis, mas não impossíveis de serem resolvidas. Só basta ter vontade na implantação e implementação de políticas públicas sustentáveis.
          Há um outro aspecto a ser considerado. A taxa de fecundidade nos países de economia rica e média se encontra dentro de níveis ambientalmente suportáveis. O Brasil que nos anos 1960 tinha uma média de 6,3 filhos por mulher, atualmente apresenta um índice de 1,94 abaixo até da taxa de reposição populacional - média próxima a 2,1 filhos por mulher.
          Por outro lado, são os países mais pobres que detém as mais altas taxas de fecundidade no Planeta. Todos, países (paupérrimos) africanos:

          1° -  Níger:    6,93;
          2°  - Zâmbia: 6,3;
          3°  - Somália:6,28;
          4°  - Mali:      6,12;
          5° - Malauí:  5,97.          

          Precisa ser feita de forma temporária uma política de controle populacional. Não na estrutura do modelo chinês que privilegia o androcentrismo.
          Existe um paradoxo no pensamento político no mundo capitalista: Consumir, consumir, consumir para que a Economia vá bem. Já passamos do limite da resiliência do Planeta. Digo isso principalmente, porque o desenvolvimento econômico mundial está calcado nos Recursos Naturais Não-Renováveis. O consumo irracional adicionado com a obsolescência programada nos produtos – equipamentos que se substituem ad infinitum até sem necessidade como celulares, automóveis. A sociedade precisa abdicar desses vícios caracterizados da cultura dos descartáveis. Quantas vezes vemos até em reuniões sobre Questões Ambientais servirem águas e cafezinhos em copos plásticos? Muita gente ainda não sabe usar toalha de papel. Usam-se várias quando somente uma seria necessária.
          Na zona rural, entre tantas alternativas, podíamos usar biodigestores para produção de energia, adubos de compostagem, roda d’água etc. Aos governos, procurar uma Política de Transporte contemplando os sistemas marítimo, fluvial e ferroviário, deixando caminhões e assemelhados como transporte de apoio – pequenas distâncias. Fazendo isso, pode o mundo mudar sua matriz energética, hoje, petróleo – Recurso Natural Não-Renovável para Fontes Renováveis de Energia.
          Com esses parâmetros, aí sim, poderemos minimizar o temido aquecimento global, ainda mais aplicando os 3R: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Em tempo: Investir maciçamente em Educação – mola propulsora para todo desenvolvimento social, cultural, econômico e ambiental. Sem Educação, todo esse processo, todo esse esforço terá sido debalde e o futuro do País ficará morto, com suas cinzas funerárias depositadas no columbário do passado.