sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Crescimento econômico, Educação e a saúde do Planeta

Paulo Ferreira

“A Terra produz o suficiente para cada homem
 mas não para a voracidade  de todos os homens” – Ghandi


C
rescer sem degradar. Este é o maior dilema que se depara a humanidade. Sob a óptica da Teoria de Gaia, o Planeta está em constantes transformações. Do período pré-cambriano há cerca de 542 milhões de anos passando pelas eras Paleozóica, Mezozóica à atual Cenozóica, as mudanças, principalmente as climáticas vinham ocorrendo a lentos passos da natureza. Com o advento da Revolução Industrial em meados do Século XIX com o aperfeiçoamento da máquina a vapor de James Watt, o que eram passos da natureza passaram a saltos pelo homem. As indústrias foram surgindo e, com elas, mudanças comportamentais das pessoas que levavam uma vida simples foram direcionadas para o consumo. E cada vez mais as chaminés das fábricas vomitando gases poluidores foram aumentando. Nos últimos 650 mil anos, o total de CO2 na atmosfera não passava de 280 partes por milhão – ppm. Atualmente são mais de 400 ppm.
          O primeiro bilhão de habitantes no Planeta ocorreu em 1800. Já o segundo bilhão veio logo após 130 anos, em 1830. Em 1960 atingimos o 3° bilhão e em 2011 já somamos sete bilhões. Mais gente significa também aumento na demanda por água, alimentos, terra e outros recursos. Mas aí quando a demanda é governada pela Biologia está tudo bem. Quando a demanda é governada pela Economia o desastre é quase certo. Muito embora a Economia como definição “é a Ciência que estuda os fenômenos relativos à produção, distribuição e consumo dos bens”. De onde inferimos que a questão ambiental deveria ser tutorada pela Economia. Na prática, Ecologia e Economia ficam em posição diametralmente opostas, tanto do sentido do plano prático como no plano político.  A Economia precisa ser aquecida, os países precisam crescer, Para que isso ocorra, o consumo desenfreado é até muitas vezes oficialmente estimulado.
          A China com seus 1,348 bilhão de habitantes, é o país da “moda”. Para quem não sabe, o tão propalado crescimento chinês tem um custo social, econômico e ambiental  altíssimos. 1/3 de seus rios e 75% dos lagos estão contaminados. Mais de 750.000 pessoas morrem por ano em decorrência da água de baixa qualidade e do ar muitas vezes pútrido. Para se ter uma idéia desse quadro estarrecedor, das 20 cidades mais poluídas do mundo, 16 são chinesas. O “desenvolvimento” chinês é uma desgraça ambiental.
          O Brasil por sua vez também contribui muito para a degradação Ambiental – é o país que mais desmata no mundo
          Os Estados Unidos da América, locomotiva econômica mundial (ainda) já se encontra no gargalo de sua expansão agropecuária – quase não há mais terras disponíveis.
          Outro problema de grande monta é a questão do lixo. No Brasil são geradas 260.000 toneladas por dia, o que representa quase 1,5 kg/habitante/dia.



O que precisamos fazer?
        
 É mister, o mais breve possível rever e reformular o modus vivendi como também o modus operandi para diminuir e, se possível, sustar todo processo de degradação ambiental. È extremamente necessário o aporte da Educação para melhorarmos o quadro que vivemos. Quatro são as maiores agressões ao ambiente:
          1) desmatamento;
          2) expansão agropecuária;
          3) urbanização e
          4) poluição.
          São problemas difíceis, mas não impossíveis de serem resolvidas. Só basta ter vontade na implantação e implementação de políticas públicas sustentáveis.
          Há um outro aspecto a ser considerado. A taxa de fecundidade nos países de economia rica e média se encontra dentro de níveis ambientalmente suportáveis. O Brasil que nos anos 1960 tinha uma média de 6,3 filhos por mulher, atualmente apresenta um índice de 1,94 abaixo até da taxa de reposição populacional - média próxima a 2,1 filhos por mulher.
          Por outro lado, são os países mais pobres que detém as mais altas taxas de fecundidade no Planeta. Todos, países (paupérrimos) africanos:

          1° -  Níger:    6,93;
          2°  - Zâmbia: 6,3;
          3°  - Somália:6,28;
          4°  - Mali:      6,12;
          5° - Malauí:  5,97.          

          Precisa ser feita de forma temporária uma política de controle populacional. Não na estrutura do modelo chinês que privilegia o androcentrismo.
          Existe um paradoxo no pensamento político no mundo capitalista: Consumir, consumir, consumir para que a Economia vá bem. Já passamos do limite da resiliência do Planeta. Digo isso principalmente, porque o desenvolvimento econômico mundial está calcado nos Recursos Naturais Não-Renováveis. O consumo irracional adicionado com a obsolescência programada nos produtos – equipamentos que se substituem ad infinitum até sem necessidade como celulares, automóveis. A sociedade precisa abdicar desses vícios caracterizados da cultura dos descartáveis. Quantas vezes vemos até em reuniões sobre Questões Ambientais servirem águas e cafezinhos em copos plásticos? Muita gente ainda não sabe usar toalha de papel. Usam-se várias quando somente uma seria necessária.
          Na zona rural, entre tantas alternativas, podíamos usar biodigestores para produção de energia, adubos de compostagem, roda d’água etc. Aos governos, procurar uma Política de Transporte contemplando os sistemas marítimo, fluvial e ferroviário, deixando caminhões e assemelhados como transporte de apoio – pequenas distâncias. Fazendo isso, pode o mundo mudar sua matriz energética, hoje, petróleo – Recurso Natural Não-Renovável para Fontes Renováveis de Energia.
          Com esses parâmetros, aí sim, poderemos minimizar o temido aquecimento global, ainda mais aplicando os 3R: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Em tempo: Investir maciçamente em Educação – mola propulsora para todo desenvolvimento social, cultural, econômico e ambiental. Sem Educação, todo esse processo, todo esse esforço terá sido debalde e o futuro do País ficará morto, com suas cinzas funerárias depositadas no columbário do passado.