Crescimento econômico, Educação e a
saúde do Planeta
Paulo Ferreira
“A Terra produz o suficiente para cada homem
mas não para a voracidade de todos os homens” – Ghandi
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sem degradar. Este é o maior dilema que se depara a humanidade. Sob a óptica da
Teoria de Gaia, o Planeta está em constantes transformações. Do período
pré-cambriano há cerca de 542 milhões de anos passando pelas eras Paleozóica,
Mezozóica à atual Cenozóica, as mudanças, principalmente as climáticas vinham
ocorrendo a lentos passos da natureza. Com o advento da Revolução Industrial em
meados do Século XIX com o aperfeiçoamento da máquina a vapor de James Watt, o
que eram passos da natureza passaram a saltos pelo homem. As indústrias foram
surgindo e, com elas, mudanças comportamentais das pessoas que levavam uma vida
simples foram direcionadas para o consumo. E cada vez mais as chaminés das
fábricas vomitando gases poluidores foram aumentando. Nos últimos 650 mil anos,
o total de CO2 na atmosfera não passava de 280 partes por milhão –
ppm. Atualmente são mais de 400 ppm.
O primeiro bilhão de habitantes no
Planeta ocorreu em 1800. Já o segundo bilhão veio logo após 130 anos, em 1830.
Em 1960 atingimos o 3° bilhão e em 2011 já somamos sete bilhões. Mais gente
significa também aumento na demanda por água, alimentos, terra e outros
recursos. Mas aí quando a demanda é governada pela Biologia está tudo bem.
Quando a demanda é governada pela Economia o desastre é quase certo. Muito
embora a Economia como definição “é a Ciência que estuda os fenômenos relativos
à produção, distribuição e consumo dos bens”. De onde inferimos que a questão
ambiental deveria ser tutorada pela Economia. Na prática, Ecologia e Economia
ficam em posição diametralmente opostas, tanto do sentido do plano prático como
no plano político. A Economia precisa
ser aquecida, os países precisam crescer, Para que isso ocorra, o consumo
desenfreado é até muitas vezes oficialmente estimulado.
A China com seus 1,348 bilhão de
habitantes, é o país da “moda”. Para quem não sabe, o tão propalado crescimento
chinês tem um custo social, econômico e ambiental altíssimos. 1/3 de seus rios e 75% dos lagos
estão contaminados. Mais de 750.000 pessoas morrem por ano em decorrência da
água de baixa qualidade e do ar muitas vezes pútrido. Para se ter uma idéia
desse quadro estarrecedor, das 20 cidades mais poluídas do mundo, 16 são
chinesas. O “desenvolvimento” chinês é uma desgraça ambiental.
O Brasil por sua vez também contribui
muito para a degradação Ambiental – é o país que mais desmata no mundo
Os Estados Unidos da América,
locomotiva econômica mundial (ainda) já se encontra no gargalo de sua expansão
agropecuária – quase não há mais terras disponíveis.
Outro problema de grande monta é a
questão do lixo. No Brasil são geradas 260.000 toneladas por dia, o que
representa quase 1,5 kg/habitante/dia.
O que precisamos fazer?
É mister, o mais breve possível rever e
reformular o modus vivendi como também
o modus operandi para diminuir e, se
possível, sustar todo processo de degradação ambiental. È extremamente
necessário o aporte da Educação para melhorarmos o quadro que vivemos. Quatro
são as maiores agressões ao ambiente:
1) desmatamento;
2) expansão agropecuária;
3) urbanização e
4) poluição.
São problemas difíceis, mas não impossíveis
de serem resolvidas. Só basta ter vontade na implantação e implementação de
políticas públicas sustentáveis.
Há um outro aspecto a ser considerado.
A taxa de fecundidade nos países de economia rica e média se encontra dentro de
níveis ambientalmente suportáveis. O Brasil que nos anos 1960 tinha uma média
de 6,3 filhos por mulher, atualmente apresenta um índice de 1,94 abaixo até da
taxa de reposição populacional - média próxima a 2,1 filhos por mulher.
Por outro lado, são os países mais
pobres que detém as mais altas taxas de fecundidade no Planeta. Todos, países
(paupérrimos) africanos:
1° -
Níger: 6,93;
2° -
Zâmbia: 6,3;
3°
- Somália:6,28;
4°
- Mali: 6,12;
5° - Malauí: 5,97.
Precisa ser feita de forma temporária
uma política de controle populacional. Não na estrutura do modelo chinês que
privilegia o androcentrismo.
Existe um paradoxo no pensamento
político no mundo capitalista: Consumir, consumir, consumir para que a Economia
vá bem. Já passamos do limite da resiliência do Planeta. Digo isso principalmente, porque o desenvolvimento econômico
mundial está calcado nos Recursos Naturais Não-Renováveis. O consumo irracional
adicionado com a obsolescência programada nos produtos – equipamentos que se substituem
ad infinitum até sem necessidade como
celulares, automóveis. A sociedade precisa abdicar desses vícios caracterizados
da cultura dos descartáveis. Quantas vezes vemos até em reuniões sobre Questões
Ambientais servirem águas e cafezinhos em copos plásticos? Muita gente ainda
não sabe usar toalha de papel. Usam-se várias quando somente uma seria
necessária.
Na zona rural, entre tantas
alternativas, podíamos usar biodigestores para produção de energia, adubos de
compostagem, roda d’água etc. Aos governos, procurar uma Política de Transporte
contemplando os sistemas marítimo, fluvial e ferroviário, deixando caminhões e
assemelhados como transporte de apoio – pequenas distâncias. Fazendo isso, pode
o mundo mudar sua matriz energética, hoje, petróleo – Recurso Natural
Não-Renovável para Fontes Renováveis de Energia.
Com esses parâmetros, aí sim,
poderemos minimizar o temido aquecimento global, ainda mais aplicando os 3R:
Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Em tempo: Investir maciçamente em Educação – mola propulsora
para todo desenvolvimento social, cultural, econômico e ambiental. Sem
Educação, todo esse processo, todo esse esforço terá sido debalde e o futuro do
País ficará morto, com suas cinzas funerárias depositadas no columbário do
passado.