2)
Cuidando do Planeta
“A sabedoria da natureza é tal que não
produz nada de supérfluo ou inútil” –
Niccolo Copernico
“A
|
mazônia,
pulmão do mundo” – retórica disseminada há décadas por quase todos nós brasileiros
e até pessoas de outras partes do mundo.
A assertiva é discutível até porque
ao contrário que muita gente pensa, pulmão não produz oxigênio, só consome. O
que podemos afirmar é que a floresta funciona como um colossal termoregulador
natural no equilíbrio dos climas do Brasil e do mundo. Isso até justificaria uma mobilização mundial
em benefício do clima e também da preservação, proibindo com rigor exemplar as
queimadas, desmatamento e a pecuária extensiva. Não sei porque isto ainda não
aconteceu. Os prejuízos ambientais por essas práticas é a emissão de gases
geradores do efeito estufa, erosão, assoreamento de rios e nascentes, compactação
do solo, mudanças no regime hidrológico e clima. Essa problemática em cadeia diz respeito às
questões ambientais e, o que se refere também à Economia, tem efeito devastador.
Nossa matriz energética é o petróleo. Fazemos parte de um sistema de exclusão
social em uma cultura alienada, viciada no consumismo, individualismo e
imediatismo. Estamos em nosso dia-a-dia agredindo a natureza. Vejamos o que são
feitos com copos plásticos: a natureza passa milhões de anos para compor essas
moléculas e o homem, em fração de segundos as destrói. Na cultura do
descartável, esses utensílios só devem ser usados uma vez. Depois são remetidos
para os lixões ou aterros sanitários para recrudescer os inúmeros problemas
ambientais.
Todos nós causamos impacto ambiental.
Começando pelo nosso nascimento. Um novo inquilino no Planeta significa mais
demanda para se produzir alimentos, maior consumo de água, vestimenta e toda
uma ordem de recursos necessários à sobrevivência. E, geralmente quanto mais
rica é a pessoa, maiores são os recursos que ela usa. É eticamente inadmissível
e ecologicamente insustentável que fiquemos consumindo de maneira perdulária os
recursos do planeta. Mais posses, mais
comprometimento com a saúde do Planeta. Elvis Presley, por exemplo, à época de
sua morte (1977), deixou 14 automóveis e 4 aviões.
A política econômica trata os
recursos naturais como se estes fossem infinitos.
No Brasil o setor de transporte
público em sua maior parte é servido por ônibus movidos a óleo diesel e, quando
existe metrô nas grandes cidades, geralmente os quilômetros percorridos para
atender à população são proporcionalmente incompatíveis com as reais necessidades.
Em Recife (Pernambuco) desde os anos 1960 começaram a trafegar ônibus elétricos
silenciosos e não poluidores. Estes resistiram até meados dos anos 1980 quando os
tiraram definitivamente de circulação.
Existe a cultura pró-automóvel. O
sistema econômico preconiza que todos tenham carro para resolver o problema de
transporte. Problema esse que é da alçada do poder público e não do cidadão. Carro mais que um meio de transporte, é usado
como indicador social, como já cantava nos anos 1950 o maior cantor de frevo do
mundo – Claudionor Germano com a música “Quem vai pra Farol é o bonde de
Olinda” do compositor Capiba: - “Você diz a todo mundo que é milionária/mas só
lhe vejo andando a pé/essa mania de mentir meu bem não convém/viaja ao menos no
loré”.
Apertando a situação, temos em nossa
programação televisiva durante a semana os apelos e, aos domingos, programas
cujo foco é o automóvel para incentivar o consumo. Tem programa de televisão a
ele direcionado como Auto Esporte aos domingos pela Rede Globo de Televisão. E
mais: Muitos prêmios top também são carros.
Ainda na questão do automóvel, poucas
são as pessoas solidárias nos transporte para dar carona. Uma grande quantidade
de carros trafegam somente com uma
pessoa – uma das causas das vias públicas estarem “entupidas” com trânsito
caótico e saturado. São milhares de veículos somados a uma ausência de política
pública de transporte urbano. Transporte é problema de todos. E se somos também
parte desse governo devemos “brigar” por nossos direitos.
Outro problema: até a década de 1980,
havia cerca de um televisor para cada casa. Atualmente é quase um televisor
para cada cômodo – um na sala, nos quartos, cozinha, banheiro. Isto sem levar em
consideração os que existem nos próprios carros e até em aviões de carreira (um
para cada passageiro). Tão grande e poderosa é a onipresença desses aparelhos
que até parece que não vivemos mais sem eles. Lembremos também dos telefones,
visto que também era menos de um aparelho por domicílio. Hoje praticamente cada
pessoa tem um celular, sem contar as que têm mais de um aparelho.
Nosso planeta já não suporta tanto
desperdício onde cada vez mais dilapidamos os recursos naturais não-renováveis.
Tiramos da Terra bem mais que ela pode repor. Que sociedade é essa que somos
que nem paramos para pensar de modo racional que esse sistema de consumo
calcado na cultura do descartável está esgotando o Planeta?
Caso não substituamos este modelo
político-econômico que compromete o equilíbrio ecológico e como conseqüência
nossa sobrevivência, não haverá salvação. Para manter o atual padrão de consumo
mundial teria de existir mais 2,5 planetas Terra e ele é o único para as nossas
condições no sistema solar.
Precisamos o quanto mais repensar a nossa
relação de suprimento para as reais necessidades de cada um - antes que seja
tarde.