sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

2)                  Cuidando do Planeta

“A sabedoria da natureza é tal que não produz nada de supérfluo ou inútil” – Niccolo Copernico

“A
mazônia, pulmão do mundo” – retórica disseminada há décadas por quase todos nós brasileiros e até pessoas de outras partes do mundo.
          A assertiva é discutível até porque ao contrário que muita gente pensa, pulmão não produz oxigênio, só consome. O que podemos afirmar é que a floresta funciona como um colossal termoregulador natural no equilíbrio dos climas do Brasil e do mundo.  Isso até justificaria uma mobilização mundial em benefício do clima e também da  preservação, proibindo com rigor exemplar as queimadas, desmatamento e a pecuária extensiva. Não sei porque isto ainda não aconteceu. Os prejuízos ambientais por essas práticas é a emissão de gases geradores do efeito estufa, erosão, assoreamento de rios e nascentes, compactação do solo, mudanças no regime hidrológico e clima.  Essa problemática em cadeia diz respeito às questões ambientais e, o que se refere também à Economia, tem efeito devastador. Nossa matriz energética é o petróleo. Fazemos parte de um sistema de exclusão social em uma cultura alienada, viciada no consumismo, individualismo e imediatismo. Estamos em nosso dia-a-dia agredindo a natureza. Vejamos o que são feitos com copos plásticos: a natureza passa milhões de anos para compor essas moléculas e o homem, em fração de segundos as destrói. Na cultura do descartável, esses utensílios só devem ser usados uma vez. Depois são remetidos para os lixões ou aterros sanitários para recrudescer os inúmeros problemas ambientais.
          Todos nós causamos impacto ambiental. Começando pelo nosso nascimento. Um novo inquilino no Planeta significa mais demanda para se produzir alimentos, maior consumo de água, vestimenta e toda uma ordem de recursos necessários à sobrevivência. E, geralmente quanto mais rica é a pessoa, maiores são os recursos que ela usa. É eticamente inadmissível e ecologicamente insustentável que fiquemos consumindo de maneira perdulária os recursos do planeta.  Mais posses, mais comprometimento com a saúde do Planeta. Elvis Presley, por exemplo, à época de sua morte (1977), deixou 14 automóveis e 4 aviões.
          A política econômica trata os recursos naturais como se estes fossem infinitos.
          No Brasil o setor de transporte público em sua maior parte é servido por ônibus movidos a óleo diesel e, quando existe metrô nas grandes cidades, geralmente os quilômetros percorridos para atender à população são proporcionalmente incompatíveis com as reais necessidades. Em Recife (Pernambuco) desde os anos 1960 começaram a trafegar ônibus elétricos silenciosos e não poluidores. Estes resistiram até meados dos anos 1980 quando os tiraram definitivamente de circulação.
          Existe a cultura pró-automóvel. O sistema econômico preconiza que todos tenham carro para resolver o problema de transporte. Problema esse que é da alçada do poder público e não do cidadão.  Carro mais que um meio de transporte, é usado como indicador social, como já cantava nos anos 1950 o maior cantor de frevo do mundo – Claudionor Germano com a música “Quem vai pra Farol é o bonde de Olinda” do compositor Capiba: - “Você diz a todo mundo que é milionária/mas só lhe vejo andando a pé/essa mania de mentir meu bem não convém/viaja ao menos no loré”.
          Apertando a situação, temos em nossa programação televisiva durante a semana os apelos e, aos domingos, programas cujo foco é o automóvel para incentivar o consumo. Tem programa de televisão a ele direcionado como Auto Esporte aos domingos pela Rede Globo de Televisão. E mais: Muitos prêmios top também são carros.
          Ainda na questão do automóvel, poucas são as pessoas solidárias nos transporte para dar carona. Uma grande quantidade de carros trafegam  somente com uma pessoa – uma das causas das vias públicas estarem “entupidas” com trânsito caótico e saturado. São milhares de veículos somados a uma ausência de política pública de transporte urbano. Transporte é problema de todos. E se somos também parte desse governo devemos “brigar” por nossos direitos.
          Outro problema: até a década de 1980, havia cerca de um televisor para cada casa. Atualmente é quase um televisor para cada cômodo – um na sala, nos quartos, cozinha, banheiro. Isto sem levar em consideração os que existem nos próprios carros e até em aviões de carreira (um para cada passageiro). Tão grande e poderosa é a onipresença desses aparelhos que até parece que não vivemos mais sem eles. Lembremos também dos telefones, visto que também era menos de um aparelho por domicílio. Hoje praticamente cada pessoa tem um celular, sem contar as que têm mais de um aparelho.
          Nosso planeta já não suporta tanto desperdício onde cada vez mais dilapidamos os recursos naturais não-renováveis. Tiramos da Terra bem mais que ela pode repor. Que sociedade é essa que somos que nem paramos para pensar de modo racional que esse sistema de consumo calcado na cultura do descartável está esgotando o Planeta?
          Caso não substituamos este modelo político-econômico que compromete o equilíbrio ecológico e como conseqüência nossa sobrevivência, não haverá salvação. Para manter o atual padrão de consumo mundial teria de existir mais 2,5 planetas Terra e ele é o único para as nossas condições no sistema solar.

           Precisamos o quanto mais repensar a nossa relação de suprimento para as reais necessidades de cada um - antes que seja tarde.