Tempo e calendário
Paulo
Ferreira
“Eu consigo calcular o movimento dos
corpos celestiais, mas não a loucura das pessoas” – Isaac Newton
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se sabe ao certo, mas o homem lá nos primórdios via que os sucessivos aparecimentos
do Sol e da Lua ocorriam em determinados intervalos. Que ele como ser vivo
estava submetido a um ciclo natural a ser cumprido: nascer, crescer, reproduzir
e morrer. Esse mesmo destino também para outras espécies de seres vivos, além
das plantas. Mas que intervalos seriam esses? Sentiu a partir daí a necessidade
de medir o tempo. Mas como? Com os estudos dos movimentos dos astros celestes (Sol
e Lua) e com o aprofundamento da Astronomia mais tarde, deram as bases para o
atingimento desse objetivo. Como consequência tivemos nesses estudos o
fracionamento do tempo em ano, mês, semana e dia. Em função do Sol, o dia é
unidade fundamental de todo calendário. A semana tem origem astrológica: cada
um dos sete dias era dedicado a um deus, associado a vários astros no céu. Também
se considerou a soma do numero divino (3) e o número terreno (4). O mês
resultou da periodicidade das fases lunares. O ano foi estabelecido tendo a
agricultura como referência. Também começou a observar que o dia ainda podia
ser fracionado. Chegou então a criar o sistema duodecimal – tomando como base o
número 12. Isto porque esse número era dos prediletos do homem primitivo. O 12
resultava de um produto do número divino (3) e do número terreno (4). Esse
sistema inspirou a chamada dúzia. Também doze eram geralmente as famílias de
uma tribo na antiguidade e os signos do Zodíaco. 12 horas eram dia e as outras
12, noite. A cada uma dessas partes chamou-se hora. Minutos e segundos como
consequência, vieram logo depois.
Tomando como base de estudos da Astronomia,
calculou-se uma defasagem de 30 minutos a cada mil anos. Um cientista de nome Norman
Ramsey criou nos anos 50 um processo para redefinir o segundo como sendo o
tempo de vibração do átomo de césio e não mais a sexagésima parte do minuto.
Com isto se reduziu a margem de erro de um segundo a cada mil anos.
Enfim, o homem dessa maneira “domou”
o tempo.
Mas o que vem a ser o tempo para
nosso entendimento? Existe tempo para os animais? Para os seres humanos, sim. O
que é diferente dos animais que não têm linguagem. Como os animais não tem a
consciência cognitiva, eles não desenvolveram a
memória. Eles vivem o instante de agora. Passado e presente ficam fora
de sua percepção.
Nessa questão, Heidegger em sua
obra-mestra Ser e Tempo afirmava que a percepção humana procedia de uma análise
do próprio homem consciente de ser parte do universo. Ele usou o termo alemão Dasein para designar o “ser aí”, “estar
aí” com a finalidade de libertar-se dos pressupostos metafísicos contidos nessa
condição de animal racional. A essência do Dasein
é a própria consciência como ser vivente e pensante – não é ser no mundo,
mas ser ao mundo no sentido ontológico.
E dessa forma, Ciência e Metafísica
nos situaram no tempo.