sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Semana de 25 de setembro de a 2 de outubro de 2015


Barbárie - lutador de XFC tem a mandíbula quebrada - .Isso é esporte?
Paulo Ferreira

“Uma sociedade em que a violência é entretenimento é uma sociedade doente” – Paulo Ferreira da Rocha Filho.


N
o sábado, 19 de setembro de 2015, o lutador  do Corinthians Missael Silva teve sua mandíbula quebrada pelo seu adversário Guilherme Faria.
          Recorrendo a Análise do Discurso e com amparo na Gramática, o termo adversário pode muito bem ser substituído por inimigo sem trazer prejuízo  no entendimento de citação.
          A prática que motivou o ocorrido é chamada de Esporte. Podíamos também usar o argumento de que uma estupidez dessa é liberada  com humanos, se no mesmo espaço e mesmo tempo existe uma lei que proíbe brigas de galos? Temos que voltar ao passado. O então presidente do Brasil Jânio da Silva Quadros assinou o Decreto nº 50.620, de 18 de maio de  1961 proibindo brigas de galos, biquínis nas praias e beijo em público. Mas com a renúncia de Quadros, o 1º Ministro do País Tancredo Neves assinou e publicou o Decreto nº 1.233/1962  revogando o decreto anterior.  E aí, tudo voltou a ser como era antes? Não. Os biquínis nas praias e beijos em públicos reviveram e estão cada vez  mais revitalizados. Quanto às brigas de galos, estas foram proibidas, mas dentro de um enfoque ambiental – Lei n° 9.605, de 20 de março de 1998. A luta entre humanos nunca teve proibição. Deram-lhe uma classificação: Esporte. Que tipo de esporte é esse que traz violência como risco previsível e vence o que bate mais? Conceito de esporte encontrado no dicionário é:”divertimento, recreio, qualquer exercício corporal ao ar livre(para recreio ou demonstrar agilidade, destreza ou força). Desenvolvimento físico”. Logo, inferimos que MMA e similares não tratam de esportes. É estupidez dentro da estupidez porque dois algozes (de si e dos outros) se digladiam sem estar protegendo a família, território ou a própria sobrevivência – sem motivos nenhum. É como se estivessem numa arena romana. Mas na arena romana a sobrevivência era prêmio para o vencedor – somente um poderia sobreviver. Na arena televisiva que alimenta a sociedade do espetáculo, o motivo é o dinheiro fácil e a fama rápida.  Missael Silva não é  a primeira vítima dessa violência - anos atrás, o lutador Anderson Silva teve a perna quebrada quando desferiu um golpe no adversário. Todo aparato de primeiros socorros, de enfermagem e medicina requeridos até com certos privilégios, podiam ser muito bem aplicados  para uma dona de casa ou trabalhador acidentado. Num país em que o sistema de saúde já não atende com presteza e dignidade a população, uma “meia dúzia de pessoas” se atiram aos riscos motivados por uma glória passageira e sem mérito. Que honra cabe ao lutador Guilherme Faria?
          Na clássica Teoria Crítica ela foi desenvolvida a partir da década de 1920 e publicada por Horkheimer com a preocupação da principal novidade da formação social no século XX – A sociedade de massa. Vale frisar que nesse tratado de teor marxista estava sendo posta à prova o caráter nas ciências, enfoque, fenômenos sociais, a cultura como elemento de transformação da sociedade, e indivíduos que se tornam insensíveis à dor do autoritarismo. Tudo diante de uma negação em muitos casos sua própria consciência. Foi discutida a  Cultura de Massa, mais tarde corrigido pelos pensadores da Escola de Frankfurt para “uma cultura para as massas”, visto que sua produção não era produzida pela própria massa, mas que vinha de fora para ela. 
          Consideremos que essa era uma época em que o rádio reinava absoluto na comunicação – era somente som. Hoje com a televisão, além do som temos a imagem que somados potencializam o poder de fixação das ideologias.
          Mas tudo isso pode mudar. Já que não existe lei que proíba essa barbárie injustificada. Se é que existe argumento para justificar a barbárie.
          Uma sociedade em que a violência é entretenimento é uma sociedade doente. Vamos exercitar às Artes: Música, Dança, Pintura, Escultura, Literatura, Teatro e Cinema. É melhor viver dançando, pintando e  cantando que matando. Uma sociedade que dança pinta e dança é uma sociedade feliz.
          Ou então podíamos na ausência de uma lei que impeça esse ato insano, encontrar um caminho da solução, rebaixando o homem à condição animal. Ele passaria a ser protegido por lei ambiental sob os auspícios do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama. Com isso, já temos um bom começo para os primeiros passos para o respeito ao próximo e a vida. Mas com uma observação: entramos em conflito com a Bíblia que colocou o homem numa condição superior ao dos animais: Deus os abençoou e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a Terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre os animais que se movem pela Terra” – Gênesis 1:28.
          Será que temos que chegar a esse ponto?

                   

sexta-feira, 18 de setembro de 2015



Semana de 18 a 25 de setembro de 2015


Cartaz - www.ddrh.ufg.br


Conflitos e precarização no ambiente de trabalho no Serviço Público

Paulo Ferreira

“A verdadeira motivação vem de realização, desenvolvimento pessoal, satisfação no trabalho e reconhecimento” – Frederick Herzberg – estudioso de Recursos Humanos e autor da “Teoria dos dois Fatores” – uma abordagem da motivação, satisfação e reconhecimento das pessoas.


H
á pouco tempo, uma estudante de Engenharia e estagiária no Serviço Publico, conversando comigo, falou-me da dificuldade para escolher o tema de  seu Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. Dei-lhe algumas sugestões e, empolgada, perguntou se eu poderia ajudá-la. Semanas depois, precisei entrar em contato com ela. Chegando à sala onde a mesma atuava, percebi que a mesma estava de muito mau-humor: o dia não era dos melhores para ela.  O que a irritava era que o telefone tocava quase o tempo todo e ela não tinha tempo para estudar. Isto porque à noite iria fazer uma prova. Diante do “problema”, expliquei-lhe: “Você está fazendo estágio numa instituição pública. Quem liga para o telefone desta sala é porque tem problemas e, espera que nós os resolvamos. O serviço público existe para resolver problemas da população – servir o próximo, servir a todos. Daí, por extensão léxica o verbete - Servidor.
          No campo nas relações do trabalho, Herzberg cita dois exemplos do que ocorrem afetando as pessoas:
          a) Fatores que causam satisfação – cargo compatível, atividades desafiadoras e estimulantes do cargo;
          b) Fatores que causam insatisfação – cargo incompatível, chefia inconseqente, maus colegas e baixo salário.
          Dentro de nossas vivências e observações também citamos duas formas de problemas que afetam direta e indiretamente o servidor público:
a) Precarização das coisas – é quando se trabalha em edificações e instalações inapropriadas. Com ferramentas, equipamentos danificados e/ou defeituosos, ou em quantidade insuficiente;
b)Precarização nos relacionamentos humanos – pode ocorrer no mesmo nível de pessoas como também por parte dos gestores.
Dentre os “vícios” no Serviço Público, elencamos os mais comuns:
a - Ausência de meritocracia – profissionais que desempenham suas funções, algumas delas pecuniariamente gratificadas. Mas quem responde por esses encargos são outros que nem entendem do assunto. Explicando: um técnico fazendo determinado serviço e quem recebe a gratificação é outra pessoa, ou mesmo sem gratificação que é mais comum;
b - Cargos de Confiança – tem pessoas muito competentes, sérias, honestas e cumpridoras de seus deveres. Mas nem por isto se justifica o ingresso no Serviço Público sem concurso. Fere inclusive o princípio da lei que deve ser “igual para todos”. Ainda mais que a filosofia do Serviço Público é de empregar os mais competentes para que estes possam melhor servir à população. Para Cargos de Confiança nem currículo se exige para esses protegidos. A precarização se aprofunda ainda mais quando esses servidores usam viagens de avião, hospedagem em hotéis, diárias e, não repassam o conhecimento para ninguém. Quando termina o mandato do político-padrinho, esses servidores vão embora e levam consigo todo o conhecimento, deixando o prejuízo para o serviço público e até interrompendo a sequência de projetos.  
c - corrupção - Cargos de Confiança (cc) - Porta aberta à corrupção – Se o político mais corrupto estiver no poder, ele só rouba se tiver uma equipe, digo, quadrilha entranhada na instituição. Sozinho ele se anula. Basta ver as estatísticas de escândalos de corrupção: geralmente tem pessoas tipo cargos de confiança envolvidos. Também não queremos dizer que todo cc é corrupto e  estatutários (concursados) sejam honestos.
d - Falta de espaço e materiais – faltam salas. Engenheiros e Arquitetos analistas de projeto que não tem sequer uma prancheta para desenvolver seu trabalho. Nos setores da Saúde, Educação e outros, também nesses mesmos moldes.
          Já vimos salas bem pintadas, com cortinados bonitos e nos admiramos com tamanha organização. Essa sala estava nesse tom porque os servidores se cotizaram e assumiram a despesa. Isso sem contar na compra também da água.
e - Criação de cargos e distribuição dos mesmos sem critério de competência - prática muitas vezes recorrentes para  “remunerar” os serviços de assessorias políticas e dos cabos eleitorais que trabalharam nas campanhas políticas.
f - Corte de café – o já tradicional cafezinho além do aspecto alimentar também se insere no contexto sociológico e antropológico. Já faz parte da cultura do brasileiro. É citado em várias obras, entre elas História da Alimentação do Brasil – Câmara Cascudo. É a segunda bebida mais consumida no país, só perde para a água. Está presente em 98% dos lares brasileiros. Cortar o familiar café no serviço público é o mesmo que proibir o gaúcho de tomar chimarrão. Há casos de servidores serem dependentes da cafeína e, na ausência da cafeína ficam com dor de cabeça. O corte de café para fazer economia é de certo modo de resultado duvidoso, até por que em muitas prefeituras ele é adquirido com dinheiro dos próprios funcionários. Corte do cafezinho somente em caso de guerra - que falta tudo.       
          A questão da precarização no Serviço Público nos três níveis: Municipal, Estadual e Federal é seriíssima. Leve-se em consideração que temos 5.570 municípios nem sempre bem administrados. O retrato do Serviço Público no Brasil é muitas vezes formado por “uma legião de esquecidos” – servidores desmotivados, vivendo em constante ataraxia, mesmo com competência comprovada (cópia de diploma apresentada no ato da posse) e subutilizados. Em muitos casos, o Serviço Público funciona mais como um crematório de diplomas.
          Mas tem também bons gestores, é claro. E quando vão atuar no trabalho, ficam perdendo tempo em delegar tarefas e cobrar responsabilidades, tem dificuldades em trabalhar com pessoas, muitas delas descompromissadas. Por esse e outros motivos o serviço público no Brasil é caro, ineficiente e moroso.
                                  
Como mudar?

          É preciso um Choque de Gestão - Primeiro passo: implantar e implementar um curso de Educação Doméstica. É difícil acreditar, mas tem colegas de trabalho que não respondem a um bom-dia. Até o recusam de maneira propositada. Divulgar Programas de Ética no Serviço Público e Responsabilidade Social. Criar uma Comissão Contra o Desperdício e Otimização dos Serviços, Bens Públicos, Cursos de Gestão Pública. É preciso que nos libertemos do niilismo e do lixo espiritual que apodrecem as relações e contaminam o ambiente de trabalho. A estagiária supracitada já entrou “contaminada” porque existe uma difamação que rotula funcionário público como absenteísta e desidioso – o que não é verdade - há exceções
          A administração perdulária que existe em todo o país é um sumidouro de recursos. Provavelmente os mesmos gestores que banalizam a coisa pública não dariam o mesmo tratamento se fosse numa empresa de sua propriedade – conheceriam uma inevitável falência.
          O Serviço Público pode melhorar, depende de todos nós. Mas ele não é desorganizado porque é público; é desorganizado porque é mal administrado.

         


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

                 Semana de 11 a 18 de setembro de 2015

Foto: pretalímias.blogspot.com

Muitos querem um mundo melhor – poucos agem como tal

Paulo Ferreira


“Todos querem o perfume das flores, mas poucos sujam as mãos para cultivá-las” – Augusto Cury.


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istoricamente falando, o mundo teve duas grandes Guerras. A primeira, no período 1914-1918 e, a Segunda, no período 1939-1945. E de guerras nunca a humanidade esteve completamente livre. Também fazemos nossas guerras particulares: Nero matou a mãe. A Bíblia reforça quando cita Caim que matou seu irmão Abel (Gênesis 4:8); “O irmão trairá seu próprio irmão, entregando-o à morte, e o mesmo fará o pai a seu filho. Filhos se rebelarão contra seus pais e o matarão” (Marcos 13:12). Nós não amamos o próximo. Nós até o matamos. Essa ocorrência não é esporádica, é todo dia. Tem marido que só fala com a esposa às turras; com filhos e filhas, do mesmo modo. No Ambiente de trabalho pode ser diferente. Aquele empregado que é tratado com assédio moral pelo chefe ou patrão e que covardemente não se defende, pode ser o mesmo que trata mal a própria família. O tratar mal pode ser medido. Somente trata-se mal àqueles que são julgados como inferiores.
         Todos desejam um mundo melhor, criticam os outros, comentam estupefatos sobre a violência do dia-a-dia – uns anjinhos. Geologicamente o mundo está construído e segue sua dinâmica, transformando-se na dinâmica de seu devir. Neste sentido, a interferência humana não acontece. Porém, existe um mundo de relacionamento humano que é construído por cada um. As pessoas ficam preocupadas com a violência que seus filhos irão encontrar. A prática dos relacionamentos cabe a cada um de nós. Se em Kant encontramos que “podemos julgar o coração de um homem pela forma que ele trata os animais”, como então podemos entender e aceitar que humanos tratem mal seus pares? Até criam Associações Protetoras dos Animais e ou coisas parecidas. Precisa ser criada alguma Associação Protetora para Pessoas para se tratar bem? Civilidade não é favor, é obrigação de todos. Urbanidade é princípio básico de todo e qualquer relacionamento. O bem é bom para quem faz e para quem o recebe. Todo humano precisa dar e receber afeto e estima – estão lá na pirâmide de Maslow no nível intermediário entre os Fisiológicos, Segurança e o de Autorrealização.
          Nosso objetivo maior na vida deveria ser o de alcançar a felicidade, Mas não uma felicidade centrada unicamente nas posses de bens materiais. Fazer o bem para nós mesmos e para os outros. Promove saúde e bem-estar. Ainda que está mais que provado que pessoas ricas não são necessariamente felizes.  Um bilhete premiado não torna uma pessoa feliz, apenas alegre – ela atinge picos de alegria. Mas não é felicidade. Felicidade é mais que isso. É uma condição constante. Experimentada mesmo na ausência da “riqueza”. E mais uma vez invocando Kant: “Não somos ricos pelo que temos, e sim, pelo que não precisamos ter”.   
          Muita gente nunca encontra a felicidade porque a procura fora de si – bem longe. A felicidade está dentro de cada indivíduo – bem perto. A Felicidade também pode ser construída por nós, pelos outros e pelo entorno de todo sistema político-econômico. Se o sistema é injusto, vamos mudá-lo.

          Tudo é escuridão – somente Deus é luz!

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Semana de 4 a 11 de setembro de 2015

Foto: fm95.com.br

7 de setembro de 1922 - 1ª Transmissão do Rádio no Brasil
Paulo Ferreira

“Rádio – primeiro companheiro noticioso do homem” – Jornalista Profª Drª Sônia Inês Vendrame.

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 primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil ocorreu no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1922. Era a Exposição Internacional do Centenário da Independência. Entre tantas autoridades que se fizeram presentes, o Presidente da República Epitácio Pessoa. A voz do presidente e a música clássica “O Guarani” de Carlos Gomes eram precariamente ouvidas pelos visitantes por alto-falantes de pouca potência. Para um público distante, foram distribuídos estrategicamente 80 rádios na capital e nas cidades de Niterói e Petrópolis. Para a transmissão foi montada uma estação de 500watts com transmissores Westinghouse instalados no alto do morro do corcovado – Rio de janeiro. Após as festividades, no entanto, as transmissões experimentais foram interrompidas.
          A novidade foi bem aceita. O rádio podia atingir os mais distantes rincões. Somente um ano depois é que a estruturas das rádios foram se sedimentando. Nesse 1923, o antropólogo e educador Edgar Roquete Pinto (1884-1954) considerado “o pai da radiodifusão brasileira” e Henrique Morize criaram a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, com programas educativos, culturais e humorísticos. Ficou conhecida a dupla Manezinho e Quintaniha. Segundo Sônia Virgínia Moreira, professora de Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ): “As rádios ficavam poucas horas no ar porque os transmissores não tinham capacidade de operar durante muito tempo. Era Experimental em termos de programação, sobre o que se podia fazer na Rádio, mas muito interessante em termos de organização do meio. Como não havia nenhuma história, nenhuma memória do meio, o que se fez num primeiro momento foi organizar as pessoas ou as pessoas se organizarem”.
          Ainda nessa fase, as Rádios não tinham uma razão social definida – não eram nem pública nem comercial. “As emissoras se organizavam para as suas transmissões experimentais em torno das chamadas Rádio-Clube. Por isso, até hoje muitas emissoras criadas nessa época, em todo o país, tem a denominação de Rádio-Clube, porque se constituíam, na verdade, em clubes de ouvintes”. Com o passar do tempo, ocorreram algumas mudanças: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi doada pelo próprio Roquette Pinto ao Ministério da Educação em 1936 e, hoje existe com outro nome: é a atual Rádio MEC. A versatilidade desse veículo também permitiu que ele fosse usado durante a Revolução Constitucionalista Paulista. Nos anos 1930, grandes emissoras surgiram para multiplicar mensagens e programas. Mais tarde, em 1950 foi criado o prêmio Roquette Pinto para laurear os destaques do Rádio de São Paulo. Somente passou a entrega dos troféus em 1952 e, se estendeu até 1982.
         Rádios como todo empreendimento gera custos. As contribuições de seus próprios ouvintes e os que também faziam a programação não eram suficientes para cobrir as despesas.  Sensível ao problema, o presidente Getúlio Vargas determina com o Decreto nº 21.111, de 1º de março de 1932, o direito de às emissoras ter até 10% da programação sob a forma de publicidade. Surgia assim a era do Rádio Comercial. Os primeiros anúncios publicitários foram veiculados na voz de Waldo de Abreu no “Esplêndido Programa” da Rádio Clube do Brasil, também no Rio de Janeiro.
          Em 1934, a Rádio Mayrink Veiga era líder de audiência no Rio de Janeiro.
          Surgida em 1936, a Rádio Nacional foi a grande emissora brasileira. O cronista Rubem Braga exclamou:”O povo brasileiro fala a linguagem da Rádio Nacional”. Tinha na programação músicas, notícias e novelas. Várias novelas foram ao ar nessa emissora. A primeira delas, “Em busca da Felicidade” e a que alcançou maior sucesso – “O Direito de Nascer”. Os primeiros radiodramas eram importadas de Cuba. Também pela Rádio Nacional, o primeiro radiojornal brasileiro, o “Repórter Esso” na voz de Heron Domingues. O governo para não ficar de fora da programação criou em 1934, a Voz do Brasil que ia ao ar às 19h - é o programa de rádio mais longevo no país. Está ainda hoje em execução.
          Com o passar do tempo, outra mudança parecida com o mesmo destino da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. A Rádio Nacional foi incorporada ao patrimônio da União na década de 1940. “Naquele momento, marcado pela Segunda Guerra Mundial, os norte-americanos passaram a influenciar não só a programação como o próprio modelo de rádio feito no Brasil, eminentemente comercial, a exemplo do que se fazia nos Estados Unido” completa a  profª Virgínia.
          Apareceram os chamados programas de montagem. O primeiro foi “Curiosidades Musicais” estreando em 11 de abril de 1938 comandado pelo radialista e compositor Almirante (1908-1980) – “a mais alta patente do rádio”. Os anos 1940-1950 testemunharam os famosos programas de auditório. Grandes ídolos como Orlando Silva “o cantor das multidões”, este, patrocinado pelo laboratório Urodonal-Fandori. Também fizeram muito sucesso: Francisco Alves, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Vicente Celestino, Augusto Calheiros, Silvio Caldas entre tantos. Cantoras: Ângela Maria, Dalva de Oliveira, Carmen Miranda, Marlene, Emilinha Borba, Nora Ney, Aracy de Almeida, Elizeth Cardoso, Carmélia Alves, Inezita Barroso e outras.
          Assis Chateaubriand, primeiro magnata das comunicações criou um conglomerado – Diários Associados. Somente de rádio tinha 36. Com sua morte em 1968, seu império começou a ruir até desaparecer melancolicamente por completo em 1980.
        E o rádio que outrora teve lugar de destaque nas salas das casas, “entronizado” e aguardando seus leais “súditos”, muitas vezes, durante o dia, fora do uso coberto com uma toalha rendada para protegê-lo da poeira, deixou as salas vazias e cheias de saudade. Ele agora se tornou onipresente nos carros, casas, celulares, e nos mais diversos lugares.
          Com o advento da televisão ele perdeu um pouco de sua força. Mas o rádio não morrerá jamais.