sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Semana de 30 de setembro a sete de outubro de 2016

Cinco sentidos e a Deusa havaiana

Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho
                           I
Amor acontece com ou sem muito sentido
Decifro o mundo usando meus cinco sentidos
Amando também usamos olfato, tato, visão,
Paladar e audição. Todos em guarda, em prontidão
                          II
Olfato para o perfume de seu corpo sentir
Tato para tocá-la e até fazê-la dormir
Paladar para saciar meus desejos
Nutrindo-me com seus calorosos beijos
                         III
Audição permite-me ouvir seus risos, gracejos, gemidos
Visão abre as portas do mundo e contemplar essa mulher que tanto preciso
Ai que bom, quem agora me dera
Não estar vivendo essa melancólica quimera
                         IV
A mulher que quero está encarcerada sem punição
Mas somente nas grades do meu coração
Essa mulher maravilhosa, incrível
Tão táctil, tão real e tão impossível
                          V
Tão perto e tão distante
Difícil esquecê-la um só instante
Está tudo fora da razão e tudo me inibe
Adeus, Deusa havaiana que o mundo me proíbe.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Semana de 23 a 30 de setembro de 2016

Errata: Na presente poesia publicamos na estrofe IX 20 euros. Já consertamos: 20 mil euros.


Tributo à Tiziana Cantone
            -Acossada-
Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho
                  I
De que é capaz o humano
É muito difícil acreditar
Atos heróicos e desumanos
Ainda vão se registrar
                II
Tiziana, moça de 31 anos
Vítima de um tribunal de exceção
Comportamento insano
De algozes que matam sem razão
                 III
Permitiu ser filmada numa relação sexual
Sem pensar em riscos, agiu por ser natural
Como um ato primitivo e coisa sem importância
Resultado: divulgado para toda distância
                 IV
Passou a sofrer bullying de toda maneira
De piadas até inscrição em camisa de estampa inteira
É indiscutível – nossa matriz moral tem berço na Idade Média
Trazer agora esses tempos é anacronismo, uma “mérdia”
                  V
Fez de tudo, se defendeu como pôde
E olhe que o ocorrido foi em tempos de hoje
A perseguição começou em 2015 – ano passado
Porque ela fizera “um exemplo mal dado”
                 VI
Essa condenação ocorreu-lhe na condição de mulher
Porque ao homem é permitido fazer tudo o que quer
Precisa ser feita com urgência uma emasculação mental
Nesses inquisidores de hoje com mente medieval
                  VII
Tiziana foi caçada como bicho – fugiu de todo mundo
Tentou mudar o nome, assumiu um caráter infecundo
E ainda por tanto medo, saiu do emprego
Sem chance de vida normal, cedeu, pediu arrego
                  VIII
Desprotegida, saiu de casa, foi morar com parente
Como esquecer os problemas se eles estavam em sua frente?
Seu colega com quem fez sexo, nada sofreu
Sobre ela, o peso do mundo. Até sua alma ardeu
                    IX
Tentou tirar o vídeo das redes sociais
Chamar a isso de social, fazendo-se coisas tão brutais?
O vídeo teve grande audiência – viralizou
Tirá-lo do ar, difícil, a quantia de 20 mil euros lhe faltou
                     X
A barbárie do passado, nós a condenamos
Mas a todo tempo estamos ressuscitando
Batizar sem sentido às coisas pode ser perigosa
Controle social – dominação rigorosa

                XI
Tiziana foi colocada abaixo da condição animal
Ninguém maltrata um bicho e divulga de forma proposital
O inquisidor vai querer dá uma de ético, correto
Ninguém quer aparecer publicamente como politicamente incorreto.
                  XII
Como entender uma sociedade que abomina o próprio corpo?
Aceitar essa construção sem sentido é pensamento torto
Tiraram a moral da cabeça e colocaram no meio das pernas
Para classificar as pessoas. Aí a coisa pega
                   XIII
Tiziana em total desesperança, como criança foi chorar suas dores
Persona non grata para muitos – condenada pelos seus inquisidores
E por não agüentar essa overdose, de uma corda apossou-se
Atou-a ao pescoço – e vencida, suicidou-se
                    XIV
Igualdade dos direitos da mulher ainda está tardia
Que o diga e se entenda a Marcha das Vadias
Não se trata de mostrar o corpo, o foco não é a nudez
É acima de tudo um Movimento Político para dar a mulher a sua vez
                        XV
Tiziana é mais uma vítima fatal de um sistema machista opressor
Foi vilipendiada por cada desmoralizador
Suicídio, para Durkheim tem causas sociais
E o mundo seria bem melhor se Tizianas não matássemos jamais.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Semana de 16 a 23 de setembro de 2016

Colmeia de abelhas X  Colmeia humana

Paulo Ferreira da Rocha Filho

                              I
Uma colmeia  é composta de 60 mil a 80 mil abelhas
Número alto para pouco espaço, muitas se emparelham
As abelhas podem ser faxineiras, nutrizes, construtoras, guardiãs e campeiras
Apenas uma rainha – sociedade muito organizada apesar de toda essa zoeira
                            II
A colmeia humana perfaz cerca de 7,5 bilhões de pessoas
Uma maioria vivendo na penúria e uma minoria numa boa
Composta de alguns capitalistas e milhões de operários
Poucos transportados por jatinhos, outros carregando a cruz ao calvário
                          III
Na colmeia das abelhas não existe desemprego - toda ela trabalha
Este todo é a soma do que cada uma amealha
Na coleta de pólen – do mel, é matéria prima
Poliniza as flores e a produção de alimentos desoprima
                         IV
Na colmeia humana, trabalhar, sim, é quase privilégio
É violência branca até para cdf vindo do melhor colégio
A colmeia humana para se instalar, acreditem, precisa desmatar
Dessa forma, fazendo o contrário, “despoliniza” e passa as flores arrancar
                         V
Na colmeia de abelhas, elas trabalham em harmonia
Em qualquer tempo, não tem hora, de noite e de dia
Todas imbuídas de suas primitivas responsabilidades
Colaboram para construir e manter sua colmeia cidade
                        VI
Na colmeia humana quem pode mais atropela os demais
Os mais ricos usufruem mais dos recursos naturais
Sociedade hedonista, egocêntrica, individualista – o viver está no prazer
Sustentado nesse argumento tão arraigado, nem sabemos o que dizer
                       VII
60 dias é o ciclo das abelhas
Pouco tempo, mas elas não agem com o que vir na telha
Dispensam professor – nascem sabendo e produzem alimentos a granel
E com esses minudentes, não fazem mal, fazem mel
                        VIII
Na colmeia humana pode-se viver até 120 anos
É muito tempo trazendo prejuízos, tantos danos
Claro que existem exceções – nem todo mundo é igual
E não podendo fazer mel, muitos homens fazem mal
                         IX
Na colmeia das abelhas há emprego pleno – não existe miséria
Questão social não se discute, é coisa resolvida, coisa séria
Miséria é indicativo de sociedade mal construída
Emprego é elemento essencial, ele representa a vida
                        X
Na colmeia humana não existe emprego para todo o mundo
O Capital se sobrepõe ao Social – isso é um assunto profundo
É essência constitutiva da sociedade moderna capitalista
Menos preocupada com a vida e mais na cobrança moralista
                       XI
A colmeia das abelhas se estrutura em sociedade comunista
A colmeia humana se estrutura numa sociedade capitalista
A colmeia das abelhas é um grande laboratório
A colmeia humana é um laboratório conspiratório
                       XII
Dizemos que animais não têm inteligência – é só instinto
Mas vivem sem dilapidar a natureza em sentido distinto
O homem, senhor do mundo, destrói, embora tenha inteligência
Mas ser abelha tem mais sentido: vivem sem miséria e em prol da existência.


sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Semana de 9 a 16 de setembro de 2016


Jogos Paralímpicos Rio  2016

Poeta: Paulo Ferreira da Rocha Filho

Maior evento esportivo mundial com deficientes
Exigência única é que seja pessoa consciente
Pode ter mobilidade reduzida, amputação
Muita vontade, força, garra e muita ação
                        II
Cegueira ou paralisia cerebral não é limite
É preciso confiança e que cada um em si acredite
Muita, muita disputa. Almejam medalhas ao todo 159 países
Os resultados são computados com precisão e sem deslizes
                        III
Mais de 4.000 atletas paralímpicos muitos inspirados
Fruto de muito esforço, tenacidade, todos iluminados
Os paralímpicos são particularmente diferentes
Fora isso, igual a toda nossa amada gente
                       IV
A origem desses jogos foi a reabilitação física e o moral
Para estimular militares feridos na Segunda Guerra Mundial
Sua primeira edição aconteceu em 1960, em Roma
Contemplando todos os idiomas nessa grande soma
                       V
Atualmente os jogos são disputados em 27 modalidades
Com paralímpicos das mais variadas estaturas e idades
O caminho é longo. Foi difícil chegar até aqui
Quem conseguiu, superou aos outros e a si
                       VI
Porque não é fácil ser desigual e ao mesmo tempo minoria
Num mundo onde a estética atropela a ética – assim dita a maioria
Somos carne e osso, mas também borracha e metal
Diferentes na aparência e destreza, mas cidadão igual
                       VII
Porém um pouco dessemelhante: orgânico e inorgânico
Somente presente. Nem futurista nem adâmico
Somos células, moléculas – gente que luta
Grande parte de nós vive da própria labuta
                       VIII
É visível - alguns de nós também são bastantes tecnológicos
Mas a maior parte dos equipamentos são naturais, biológicos
Porém temos no peito um equipamento que pulsa e não reclama
Que chora, que ri, que sofre, que alegra, que reza, que ama
                        IX
Que nos esforcemos e vivamos insistentemente
Porque “a pior morte que existe é se viver inutilmente”
Narramos um pouco de nós nas linhas desses versos
Somos humanos diversos – filhos de Deus e do Universo

Obs. “A pior morte que existe é se viver inutilmente”
Transcrita da música “Em algum lugar do mundo”
 interpretada por Taiguara (com Som Imaginário)
 Autores: Ivan Lins –Ronaldo Monteiro de Souza.




sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Semana de 2 a 9 de setembro de 2016


             Poesia

Cultura em Foz do Iguaçu

(Paulo Ferreira da Rocha Filho)

                         I
Cidade ímpar, diferente – cidade de toda gente
Cerca de 80 etnias – cidade eloqüente
Foz do Iguaçu – extremo oeste do Paraná
Sentindo-se perdido? Venha aqui se achar
                         II
Cultura aqui não falta, cultura aqui se mistura
A matriz cultural é indígena, na história fulgura
Incluindo-se barrageiros e profissionais de diversas regiões
É tema inconteste em quaisquer que sejam as opiniões
                         III
A culinária tem sabor internacional – nada igual
Comida árabe, italiana, chinesa, até de Portugal
Esporte é muito praticado e já promete
O Carnaval é muito animado é o que diz toda enquete
                          IV
As festas de São João aquecem o frio mês de junho
Que obriga a nos proteger da friagem até os punhos
No Natal, a cidade garbosa se ilumina
Imponente – como seu destino determina
                           V
O Parque Nacional e o Marco das Três Fronteiras
São mais atrações que podem ser visitadas a semana inteira
Fundação Cultural, Museu de Cera e Bosque Guarani
Mostram Bibliotecas, personalidades e fauna e flora a tudo colorir
                            VI
De todo país, das 10 melhores escolas, três são nossas
É assunto que não se duvida – a verdade autentica e endossa
A construção de Itaipu dinamizou o fluxo migratório
Foz do Iguaçu, mais que cidade, é conservatório e observatório
                            VII
Têm historiadores, poetas, jornalistas produzindo cultura
Escolas, Faculdades formando cidadãos em total lisura
E assim, Foz do Iguaçu sai da realidade do discurso para o discurso da realidade
Agora, cabe a nós fazê-la a melhor de todas as grandes cidades.