Semana de 7
a 14 de outubro de 2016
Cozinheiros mirins, televisão e
acidentes
Poeta Paulo Ferreira da Rocha
Filho
I
Brincadeira de criança sempre
foi no quintal
Acharam pouco, alteraram o seu
modal
Ocupa-se agora também o espaço da cozinha
Em tempos da vovó, essa
liberdade ninguém tinha
II
A televisão já mostra novos cozinheiros mirins
Como o lúdico desperta
curiosidade, todos ficam a fim
Sob a óptica da razão,
cozinha não combina com criança
Não respeitando essa questão,
iremos ter muita lambança
III
A cozinha do Lar Doce Lar
agora é um inferno
O filhinho amado poderá ficar
no hospital como interno
Cozinha tem fogo,
instrumentos perfurocortantes, eletricidade
Combinados ou não pode ser
uma atrocidade
IV
O Brasil detém uma das mais
altas taxas de acidentes do mundo
E com esse novo público
“trabalhador”, agora vai fundo
Vamos ter Acidentes de
Trabalho Mirim
Até parece que a televisão é
quem quer assim
V
Água, óleo, alimentos no fogo
fervendo
É coisa que não engulo, nem
entendo
Queimaduras, e até incêndios
na própria roupa
Acontecendo, vai deixar a
família feito louca
VI
E pode também acontecer
mortes
Para os que ficarem fora da
roleta da sorte
Quem isso divulga, não pensa
em prevenção
O que importa é a audiência
em nome do cifrão
VII
Acidentes provocam sobrecarga
na Economia
Com aporte de mais despesa na
ordem do dia
Porque acidentes sempre têm custo
Quem disso tem consciência,
tem grande susto
VIII
E como a televisão não
carrega cultura, e sim, a transforma
Faz o contrário para a
população: desinforma
Veicula a realidade
deformada, bonitinha, bem engraçadinha
Mesmo sem se importar com a
vida de uma criancinha
IX
IX
Onde fica o raciocínio
filosófico com estranhamento
Que devemos olhar o novo e o
velho usando açulamento
Essa novidade leviana
prejuízos nos traz
?Por que nosso país só anda
para trás?
X
Para alguns adultos, tudo não
passa de mera brincadeira
Quem ousar dizer que está
errado “está falando baboseira”
Mas envolver pessoas em
riscos de vida é coisa séria
Jogar tudo no caldeirão da
mediocridade é mais uma miséria.