sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Semana de 11 a 18 de novembro de 2016


              Ela e o rio

Poeta Paulo Ferreira da Rocha Filho

                          I
Aquele bosque que fomos escondia um rio
Daquele momento e do que agora me lembro, me extasio
Deitamo-nos em total abandono à sua margem
Era o paraíso aquela singular paisagem
                          II
Ambiente convidativo – até o Sol se aproximou
O ar, rio, tudo se aqueceu – tudo se iluminou
Ela levantou-se, tirou a roupa, invadiu o rio sem medidas
O rio também a invadiu, tocando-lhe até as partes mais escondidas
                          III
Ela tomava banho no rio
O rio tomava banho nela
E eu em meio a esse desvario
Vendo tudo isso da trizidela
                          IV
O rio a tocava feliz como um menino a um presente
Também a envolvia em gestos como um amante experiente
Seu corpo no rio era carícia para ele
Nunca alguém vira um enlace como aquele
                          V
Ela e o rio se entregando em cada braçada, em cada mergulho
Eu via tudo. Difícil acreditar. Tantos movimentos ferindo meu orgulho
O rio de água, era também um caudaloso rio de prazer
Todo o rio em luxúria em seu corpo a fazia estremecer
                          VI
Seus desejos transbordantes aumentavam em descompasso
Os do rio, no frenesi do vai e vem, iguais aos dela também
Depois vencida, abandonou-se caindo em seus braços
E o rio parou também cansado – não foi mais além.