sexta-feira, 8 de maio de 2015


                                       


Retirada do símbolo T nos transgênicos – não devemos engolir isso

Paulo Ferreira

“Chamamos os espíritos e agora não sabemos como nos livrar deles” – Goethe em O Fausto


S
emana passada na TV Cultura. Telejornalismo com direito a dois convidados. Um Cientista Social; o outro Economista. O assunto discutido era sobre um Projeto aprovado na Câmara dos Deputados para retirada do T de cor preta num triângulo amarelo que caracteriza  alimentos transgênicos. O economista mais comedido, tecia comentários mais voltado à sua área. O cientista social, mais loquaz, dizia que a transgenia é um parte da  natureza e  que “o homem com sua inteligência apressou o processo”. Não é bem assim. Na natureza as transformações ocorrem, mas de maneira gradual, com as espécies se adaptando ao meio e também umas às outras. Há casos de evolução concomitante da espécie vegetal e animal. Cerca de 90% dos vegetais que produzem toda nossa alimentação dependem diretamente da entomofilia. Com o passar dos anos, a arquitetura floral foi se modificando e, também acompanhando às mudanças nas espécies animal, de acordo, principalmente com as dos insetos, seu tamanho e tipos de aparelho bucal.
          Francis Bacon, primeiro filósofo empirista, já assegurava que a natureza não dá saltos. Isto ele já entendia no Século XVII. Nós aqui 400 anos depois ainda temos que aprender suas lições.
           Entrevistaram duas mulheres num supermercado. A primeira disse que não tinha problemas em consumir alimentos transgênicos pois já o fazia há mais de 30 anos e, “nunca teve problemas”. A outra, confirmou que sim, “gostaria de saber o que estava consumindo”.
          Transgênico é bom para quem? Há por trás uma poderosa rede de poucas empresas que podem ser proprietárias de boa parte dos alimentos no mundo. Eticamente, a discussão até escapa por outros vieses. Só se pode patentear um produto quando ele foi fabricado pelo homem. As sementes ao que nos constam foram “fabricadas” pelo nosso criador. E se é para pagarmos royalties que paguemos a quem de fato e de direito merece – Deus. E Deus colocou no mundo seu “supermercado” abundante  de alimentos para nos suprir. Ele não nos cobra por isso, mas apenas pelos serviços de manutenção de seu “supermercado”. E respondendo aquela primeira consumidora de que come há mais de trinta anos e nunca teve problemas, vamos acordá-la com um exemplo emblemático. Nas décadas de 1950 e 1960 surgiu um composto desenvolvido na Alemanha em 1954 de nome comercial Talidominda. Foi largamente usada  como sedativo. Um sucesso. Tempos depois começaram a nascer crianças com fecomelia - caracterizada por deformações físicas, principalmente nos membros superiores, problemas na visão, audição e até na coluna vertebral. Anos depois fora constatado que os efeitos deletérios provieram da droga da moda – Talidomida. Seu uso passou a ser proibido.
         No caso dos transgênicos, eles também devem ser vistos e revistos de soslaio. Pólen de milho geneticamente modificado já foi noticiado por envenenar borboletas monarcas.

          Existe na ciência um preceito bastante importante – Princípio da Precaução – Enquanto não for exaustivamente provado que um produto não compromete a saúde humana, a dos animais e do meio ambiente, não se deve liberá-lo para comercialização - O que não é o caso dos transgênicos.