Retirada
do símbolo T nos transgênicos – não devemos engolir isso
Paulo
Ferreira
“Chamamos os espíritos e agora não
sabemos como nos livrar deles” –
Goethe em O Fausto
S
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emana
passada na TV Cultura. Telejornalismo com direito a dois convidados. Um
Cientista Social; o outro Economista. O assunto discutido era sobre um Projeto
aprovado na Câmara dos Deputados para retirada do T de cor preta num triângulo
amarelo que caracteriza alimentos transgênicos.
O economista mais comedido, tecia comentários mais voltado à sua área. O cientista
social, mais loquaz, dizia que a transgenia é um parte da natureza e
que “o homem com sua inteligência apressou o processo”. Não é bem assim.
Na natureza as transformações ocorrem, mas de maneira gradual, com as espécies
se adaptando ao meio e também umas às outras. Há casos de evolução concomitante
da espécie vegetal e animal. Cerca de 90% dos vegetais que produzem toda nossa
alimentação dependem diretamente da entomofilia. Com o passar dos anos, a arquitetura
floral foi se modificando e, também acompanhando às mudanças nas espécies
animal, de acordo, principalmente com as dos insetos, seu tamanho e tipos de
aparelho bucal.
Francis Bacon, primeiro filósofo empirista,
já assegurava que a natureza não dá saltos. Isto ele já entendia no Século XVII.
Nós aqui 400 anos depois ainda temos que aprender suas lições.
Entrevistaram duas mulheres num supermercado.
A primeira disse que não tinha problemas em consumir alimentos transgênicos
pois já o fazia há mais de 30 anos e, “nunca teve problemas”. A outra,
confirmou que sim, “gostaria de saber o que estava consumindo”.
Transgênico é bom para quem? Há por trás
uma poderosa rede de poucas empresas que podem ser proprietárias de boa parte
dos alimentos no mundo. Eticamente, a discussão até escapa por outros vieses.
Só se pode patentear um produto quando ele foi fabricado pelo homem. As
sementes ao que nos constam foram “fabricadas” pelo nosso criador. E se é para pagarmos
royalties que paguemos a quem de fato e de direito merece – Deus. E Deus
colocou no mundo seu “supermercado” abundante
de alimentos para nos suprir. Ele não nos cobra por isso, mas apenas
pelos serviços de manutenção de seu “supermercado”. E respondendo aquela primeira
consumidora de que come há mais de trinta anos e nunca teve problemas, vamos
acordá-la com um exemplo emblemático. Nas décadas de 1950 e 1960 surgiu um
composto desenvolvido na Alemanha em 1954 de nome comercial Talidominda. Foi largamente
usada como sedativo. Um sucesso. Tempos
depois começaram a nascer crianças com fecomelia - caracterizada por deformações
físicas, principalmente nos membros superiores, problemas na visão, audição e
até na coluna vertebral. Anos depois fora constatado que os efeitos deletérios
provieram da droga da moda – Talidomida. Seu uso passou a ser proibido.
No caso dos transgênicos, eles também
devem ser vistos e revistos de soslaio. Pólen de milho geneticamente modificado
já foi noticiado por envenenar borboletas monarcas.
Existe na ciência um preceito bastante
importante – Princípio da Precaução – Enquanto não for exaustivamente provado
que um produto não compromete a saúde humana, a dos animais e do meio ambiente,
não se deve liberá-lo para comercialização - O que não é o caso dos
transgênicos.