Jesus Cristo X Papai Noel
Paulo
Ferreira
“O meu reino não é deste mundo” – João 18:36.
N
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o
filme Batman (1989) do diretor Tim Burton, o talentoso Jack Nicholson (Curinga)
tomou conta de todo o filme e “apareceu” mais que o ator principal Michael
Keaton (Batman). Remeteu o homem-morcego a um segundo plano - à escuridão das cavernas.
No Brasil, A dupla musical de maior volume
de composições – mais de 500 é formada por Roberto e Erasmo Carlos. O primeiro
sempre rouba a cena e o segundo muitas vezes nem recebe os créditos merecidos. Para mostrar essa injustiça com o
“amigo de fé, meu irmão camarada” – (música da dupla), o recentíssimo cd
gravado por Roberta Miranda traz como título: “Roberta Miranda canta Roberto”.
Do total de 12 músicas, 10 foram compostas pela dupla e somente duas do Roberto.
Não seria correto “Roberta canta Roberto e Erasmo”? O curioso é que nem os
próprios colegas músicos reconhecem a situação e insistem nesse erro crasso –
está lá estampado na capa do disco. O
resto do país repete esse mesmo deslize. Neste caso, somente um aparece – os
louros da vitória. O Outro, ilustre anônimo – remetido à caverna do
esquecimento. Com isso já identificamos quem rouba a cena.
Natal se avizinha. As pessoas começam
a pensar na compra ou troca de carro, aquisição de casa, apartamento, roupa
nova, sapato, computador. Enfim, presentes para todas os gostos e posses. É o
efeito do 13º salário turbinando a economia e a nossa “felicidade”. E nessa
euforia pandêmica, surge Papai Noel – o maior vendedor do mundo.
Foi atribuída a data de 25 de
dezembro como dia do nascimento de Jesus Cristo. Na realidade, a data de nascimento de Cristo ninguém sabe. Apenas a
de sua morte. E o próprio Jesus pediu para comemorar sua morte (1) não o nascimento. Comemoração
do nascimento de Cristo é feita desde o século IV. A tradição evoca troca de
presentes, viagens e a exigência do novo. Tudo em nome de Papai Noel - o velhinho
de barba branca (cor da neve) com as roupas vermelha e branca (cor da Coca Cola)
é avassalador. Aliás, a Coca Cola ajudou a fixar a imagem do Papai Noel em uma grande
campanha publicitária do ano de 1931.
Nascidas e criadas nesse modelo,
muitas crianças pensam que Natal é festa para Papai Noel. E esse conceito é
densamente reforçado porque muitas músicas natalinas se referem mais a Papai
Noel que Jesus Cristo. E Jesus Cristo? Pelo IBOPE está com pouca audiência.
Isso nos reporta ao ano de 1966 quando John Lennon (1940-1980) líder da maior
banda de todos os tempos – The Beatles bradou para o mundo: “Somos mais
populares que Jesus Cristo”.
Passados mais de dois mil anos desde
seu nascimento, cantores, atores, jogadores de futebol e outros de várias
performances puxam para si o centro das atenções – os holofotes da fama, muitas
vezes instantâneas. Deixamos Jesus Cristo apenas como mero coadjuvante no filme
de nossas vidas.
Na hora do perigo, doença, desgraça
sofrimento, iminência de morte, ninguém chama Papai Noel. È nessa hora que o
IBOPE de Jesus Cristo alcança 100% de audiência – 1º lugar incontestável e o
velhinho com seu saco de presentes se volatiliza em nossos pensamentos.
A maior e primeira revolução que o ser humano
pode e deve fazer é transformar-se dentro de si mesmo. E você não consegue transformar
o outro se primeiramente você não se transformou. Sem isso, o “venha nós o
vosso reino, seja feita a vossa vontade...” que rogamos quando oramos o Pai
Nosso não funciona. São palavras estéreis e nuas.
Mesmo não sendo verdadeiramente uma
festa de cunho bíblico e sim uma festa pagã, na consoada, elevemos os nossos
pensamentos a esse grande vulto – Jesus Cristo que dispensa presentes e deu a
vida para salvar nossas vidas.
(1) Lucas 22:19
1 Coríntios 11:23 a 25.